Força-tarefa aumenta cerco na divisa do RN com o CE em busca de fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró


Policiais fizeram nova operação na noite de sexta-feira (23) em Baraúna, última cidade do Rio Grande do Norte antes do Ceará. Buscas entram pelo 11º dia neste sábado (24). Operação policial na estrada nas buscas pelos fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN) nesta sexta-feira (23)
Ayrton Freire/Inter TV Cabugi
A força-tarefa que atua na busca pelos dois fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró aumentou o cerco na divisa do Rio Grande do Norte com o Ceará. Na noite de sexta-feira (23), uma operação foi realizada na região para tentar recapturar Deibson Nascimento e Rogério Mendonça, que fugiram do presídio no dia 14 de fevereiro.
Segundo César Tralli, da TV Globo, um homem foi parado em uma barreira policial e teria informado que estava entregando alimentos a dois homens em um sítio na região. Ele disse que há três dias estava sendo obrigado a deixar comida no local, próximo de Baraúnas.
O homem afirmou que ele e a família estavam sendo ameaçados pelos fugitivos, que estavam escondidos nas proximidades desse sítio. Isso teria motivado o reforço das buscas no trecho.
A operação contou com pelo menos dez viaturas da força-tarefa, além de um helicóptero que sobrevoou a área. As buscas entram pelo 11º dia neste sábado (24).
A Penitenciária Federal de Mossoró fica na RN-015, que liga o município de Mossoró à cidade de Baraúna, a última cidade do RN antes do Ceará.
Os investigadores mantêm a convicção de que os fugitivos permanecem pela região. Nesta sexta-feira (23), uma reportagem do g1 revelou que policiais estiveram a poucos metros dos dois fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró no terceiro dia de buscas (veja detalhes mais abaixo).
Diante das pistas, as buscas foram concentradas na divisa, que conta com uma grande área de mata, inclusive com um parque de tamanho equivalente a 25 mil campos de futebol. A área tem mata fechada, cavernas e animais peçonhentos – fatores que dificultam o trabalho dos agentes de segurança.
PF prende 3 suspeitos de ajudar os 2 fugitivos do presídio de Mossoró
A polícia também passou a investigar uma mulher de 21 anos presa em flagrante no Ceará com 24 quilos de droga e uma pistola. Ela é suspeita de dar apoio aos dois foragidos, e a polícia investiga se a mulher iria fornecer armas à dupla.
Ela e outras duas pessoas foram presas na quinta-feira (22) suspeitas de ajudarem os foragidos após a fuga.
As investigações apontam que integrantes da facção criminosa Comando Vermelho estão dando apoio aos dois presos que fugiram da prisão de segurança máxima de Mossoró (RN).
A sexta-feira, o décimo dia de buscas, contou com o reforço da Força Nacional, que chegou em Mossoró durante a madrugada. Ao todo, o Minsitro da Justiça autorizou o envio de 100 agentes e 22 viaturas.
Além da Força Nacional, o aparato para as buscas dos dois fugitivos conta com mais de 500 agentes federais e das polícias locais, helicópteros, drones e cães farejadores.
Ônibus da Força Nacional com agentes em Mossoró nas buscas pelos fugitivos da Penitenciária Federal
Sérgio Henrique Santos/Inter TV Cabugi
Irmão de fugitivo é preso no AC
O irmão de um dos foragidos do presídio federal de Mossoró (RN) foi preso em Rio Branco, no Acre, nesta sexta-feira (23). Johnney Weyd Nascimento da Silva, de 40 anos, detido pela Polícia Federal, é irmão de Deibson Cabral do Nascimento.
Johnney é condenado por roubo e participação em facção criminosa e tinha um mandado de prisão em aberto, que foi cumprido nesta sexta por agentes da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Acre (Ficco-AC).
De acordo com a Polícia Federal (PF-AC), a prisão é um desdobramento das investigações sobre a fuga do Presídio Federal de Mossoró.
Polícia ficou a metros de fugitivos
Os policiais da força-tarefa estiveram a poucos metros dos dois fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró no terceiro dia de buscas. A casa invadida pelos homens fica a 3 km do presídio (veja foto mais abaixo).
Na noite do dia 16 de fevereiro, por volta das 20h, Deibson Nascimento e Rogério Mendonça renderam um morador e invadiram a casa dele. Os criminosos permaneceram no local por cerca de 4 horas. Enquanto eles estavam na casa, um carro da polícia passou na rua da residência e abordou um grupo de moradores.
O dono da casa disse que nesse momento um dos fugitivos estava deitado na varanda da casa, onde fica a TV por onde eles viram as notícias da fuga. O outro estava em pé e viu um carro com farol apagado se aproximando da residência. Ele chamou o morador, perguntou se era a polícia e o morador disse achar que se tratava de uma viatura policial.
Quando o carro se aproximou da casa, os policiais abordaram um motorista que passava pelo local com um grupo de moradores da região.
Casa invadida por fugitivos fica a 3 km da Penitenciária
Ayrton Freire/Inter TV Cabugi
“Os policiais chegaram e abordaram a gente. Só abordagem de rotina. Perguntaram se a gente morava aqui, foi tranquilo”, disse o motorista.
Segundo ele, a abordagem aconteceu perto de meia-noite, quando os dois criminosos estavam na casa.
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Na sequência, os dois criminosos fugiram e mandaram o morador e a esposa se trancarem em casa. Com medo, o morador obedeceu à ordem e só saiu de casa para acionar a polícia cerca de duas horas depois.
Enquanto permaneceram na casa, os fugitivos jantaram, fizeram ligações e assistiram TV. Eles chegaram ao endereço armados com um pedaço de madeira, e durante o tempo que ficaram na residência ameaçaram o morador para que não os denunciasse.
Críticas à operação
Para o ex-secretário nacional de Segurança Pública e coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo, José Vicente da Silva Filho, o uso do aparato policial por um prazo longo não faz sentido e tem um custo elevado.
“É um exagero. É injustificável o uso de um contingente como esse por tanto tempo. Faz sentido nos dois primeiros dias, em que se mobiliza todas as forças para buscar a recaptura. Depois de uma semana, é preciso deixar a cargo da investigação”, afirmou.
“Todas essas forças de segurança foram retiradas de outras áreas em que a população também precisa das suas atuações. Estão fazendo barreiras na área rural, onde não há demanda. E talvez os criminosos já não estejam mais no estado”, pontuou.
O especialista ainda afirmou que os custos de uma operação como essa envolvem o dia de trabalho dos profissionais, alimentação, combustível de carros e aeronaves, hospedagem, entre outras despesas. Apesar disso, ele preferiu não estimar o valor gasto nas ações, até agora.
Fuga da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte
Arte/ g1
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