Presidente do BNDES responde a críticas às medidas da política industrial do governo


Aloizio Mercadante explica, por exemplo, como vai ser a captação do Banco Nacional de Desenvolvimento para a linha principal de financiamento com taxas de mercado. Presidente do BNDES responde a críticas às medidas da política industrial do governo
Jornal Nacional/ Reprodução
As medidas da política industrial do governo federal, anunciadas esta semana, despertaram preocupações entre economistas. Nesta quarta-feira (24), o Jornal Nacional ouviu os argumentos do presidente do BNDES em resposta às críticas apresentadas.
O governo quer frear o encolhimento da indústria com R$ 300 bilhões em financiamentos. A maior parte, cerca de R$ 250 bilhões, por meio do BNDES, o Banco Nacional de Desenvolvimento. Seis áreas vão receber incentivos: saúde; agroindústria; infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade; tecnologia; bioeconomia e meio ambiente; e Defesa.
Economistas ouvidos pelo Jornal Nacional afirmaram que o momento exige ações para modernizar e aumentar a competitividade do Brasil frente à concorrência internacional, e alertaram que as medidas anunciadas podem voltar a agravar a situação das contas públicas, oferecer risco para o equilíbrio fiscal e diminuir a transparência do Orçamento da União.
No passado, o governo lançou linhas de crédito e usou dinheiro público para turbinar a produção da indústria. Agora, o BNDES afirma que o novo programa não vai contar com o Tesouro Nacional para bancar os financiamentos.
O presidente do banco, Aloizio Mercadante, explicou como vai ser a captação do BNDES para a linha principal de financiamento com taxas de mercado.
“Não tem nenhuma previsão de receber subsídios do Tesouro. Não tem recurso novo do Tesouro. Não teve esse ano, não terá nos próximos três anos. Nós estamos buscando recursos internacionais, estamos captando recursos no mercado, estamos fazendo parceria com o setor privado, para trazer mais recurso do setor privado para a indústria brasileira, para que o Brasil volte a ter uma indústria pujante, que gera emprego, investimento, crescimento, salários, porque é isso que gera progresso”, afirma Mercadante.
O BNDES afirma, também, que não vai comprar ações de empresas e, sim, firmar parcerias com a iniciativa privada, por meio de fundos de investimentos, para atuar no mercado de capitais. A previsão é de R$ 8 bilhões, sendo R$ 2 bilhões em dinheiro público – que já fazem parte do caixa do BNDES, sem novos aportes do Tesouro Nacional, segundo o banco. Esses recursos vão ser investidos em quatros anos, preferencialmente em inovação e redução da emissão de gases do efeito estufa.
“O volume de recursos que está destinado para os próximos três anos são R$ 8 bilhões. É um valor bastante pequeno. Mas ele vai ser feito de que forma? Através de editais públicos, com esses fundos privados, gestores privados, onde o BNDES participa com no máximo 25% para atingir alguns nichos que banco não tem condições de fazer, que os bancos privados também não. Tem que ser agentes privados, bancos privados, e vamos procurar e apoiar essas empresas. A discussão não é mais se tem que ter ou não. É como fazer. Aprender com os erros do passado e fazer melhor para gente recuperar nossa indústria”, diz o presidente do BNDES.
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Em entrevista à GloboNews, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, reafirmou que o programa não compromete a saúde das contas públicas.
“Esses R$ 300 bilhões não tem impacto fiscal. Então, a ideia é uma indústria inovadora, você estar na vanguarda da inovação, sustentável, descarbonização, competitiva. Então, melhorar a competitividade da indústria, e aí você tem um tripé importante: juros, câmbio e imposto. Isso é o que vale. Os juros ainda é alto, mas está caindo, está caindo. Câmbio está bom, R$ 5, R$ 4,90 é um câmbio competitivo. Está bom. É só não oscilar muito. E o imposto é elevado, mas a reforma tributária vai ajudar”, afirma Geraldo Alckmin.
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