Industriais pedem eliminação das barreiras comerciais com o México

Em paralelo à agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no México, o setor industrial realiza nesta segunda-feira (30/9) o Fórum Empresarial Brasil-México para discutir as principais pautas bilaterais para o desenvolvimento da economia dos dois países e também a 2ª Reunião do Conselho Empresarial Brasil-México (Cebramex), mecanismo de diálogo secretariado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo Conselho Empresarial Mexicano de Comércio Exterior, Investimento e Tecnologia (Comce).

Hoje, o México é o quinto parceiro comercial brasileiro. Apenas no ano passado, as exportações brasileiras para o México somaram US$ 8,6 bilhões, com crescimento de 21,6% em relação ao ano anterior, quando atingiram US$ 7,1 bilhões. No mesmo período, as importações do México para o Brasil registraram US$ 5,5 bilhões, um aumento de 4,9% em 2023 em relação ao ano anterior, quando foram de US$ 5,3 bilhões. Uma das principais demandas do setor é justamente o fim das barreiras comerciais com o México, o que ampliaria consideravelmente o volume negociado entre os países.

“A visita do presidente Lula ao México imprime novo ânimo às relações bilaterais e nos estimula a renovar as prioridades de nossas indústrias e apresentá-las aos respectivos governos. O México é um parceiro estratégico para o Brasil, devemos aproveitar a oportunidade de aprofundar o potencial dessas relações econômicas”, avalia Rafael Lucchesi, diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI e representante da entidade no evento.

Para identificar as prioridades do setor na relação comercial entre os dois países, a CNI produziu um documento com uma análise de política comercial que, além de dados recentes sobre comércio e investimentos, enumera pautas relevantes para a indústria brasileira distribuídas nos temas estratégicos de acordos comerciais, barreiras comerciais e cooperação regulatória, temas multilaterais e cooperação científico-tecnológica.

As principais barreiras ao comércio estão nos seguintes produtos: carne suína, carne de frango, café e alimentação para pets. Por isso, na avaliação da CNI, é preciso celebrar um tratado abrangente que impulsione as relações econômicas entre os dois países, incluindo temas como comércio de serviços, investimentos, compras governamentais, facilitação de comércio, barreiras técnicas, medidas sanitárias e fitossanitárias, etc.

É ainda urgente que se cumpra e amplie o Acordo de Reconhecimento Mútuo de Operadores Econômicos Autorizados para expandir os benefícios do acordo para empresas certificadas. Outra demanda diz respeito à homologação dos sistemas de Certificação de Origem Digital, reduzindo o tempo de emissão de 24 horas para cerca de 30 minutos.

O setor pede ainda a eliminação das barreiras no comércio bilateral. Para tanto, é preciso desenvolver um plano de trabalho para identificar e eliminar barreiras desnecessárias no acesso a mercados de bens industriais, agroindustriais e produtos da cesta básica, ajudando a combater a inflação nos dois países.

A indústria também quer a promoção de iniciativas de cooperação regulatória internacional (CRI) para reduzir ou eliminar entraves no comércio bilateral, com foco inicial em setores como alimentício, farmacêutico, cosméticos e brinquedos. Outro ponto destacado no material é a promoção de interesses mútuos na Organização Mundial do Comércio (OMC), defendendo em conjunto a reforma do Órgão de Solução de Controvérsias e apoiando a conclusão das negociações sobre comércio eletrônico, facilitando investimentos e  subsídios.

Cooperação científico-tecnológica

Na avaliação do setor, é preciso estimular a cooperação tecnológica nos níveis público, privado e acadêmico na área de chips e semicondutores, fortalecendo as duas maiores economias da América Latina como fornecedores importantes na cadeia de suprimentos de chips e eletrônicos no comércio internacional.

E promover a requalificação e o aperfeiçoamento de competências para o futuro do trabalho, o que exige a redução do gap de competências em ciência, tecnologia, engenharia e matemática por meio de programa de cooperação técnica bilateral em aperfeiçoamento e requalificação da força de trabalho.

Segundo a análise da CNI, com base em dados do ComexStat, a corrente de comércio Brasil-México alcançou US$ 14,1 bilhões em 2023, um aumento de 14,4% em relação a 2022, que chegou a US$ 12,3 bilhões.  Juntos, o Brasil e o México representam 55,9% da economia da América Latina, 66,8% das exportações e 59,6% das importações. Mundialmente, os dois países foram responsáveis por 4,0% das exportações e 3,6% das importações em 2023.

Oportunidades

Em 2023, a cada R$ 1,0 bilhão exportado do Brasil para o México foram gerados 24,3 mil empregos, R$ 470,0 milhões em massa salarial e R$ 3,2 bilhões em produção. Historicamente, os dois países ocupam posições de destaque entre os 10 principais parceiros comerciais mutuamente. Na última década, o Brasil se tornou o sétimo maior fornecedor do México, ultrapassando o Canadá em 2023, enquanto o território mexicano alcançou a mesma posição entre os principais fornecedores brasileiros.

Juntos, os dois países representam 55,9% da economia da região, bem como 66,8% das exportações e 59,6% das importações. Mundialmente, os dois países foram responsáveis por 4,0% das exportações e 3,6% das importações em 2023. Hoje, o comércio bilateral é composto predominantemente por bens da indústria. A participação elevada de bens industriais gera mais benefícios na economia nacional.

O comércio de bens entre Brasil e México tem alta participação de bens da indústria de transformação. O setor representou 86,8% das exportações do Brasil para o México e 97,3% das importações brasileiras vindas do país latino-americano, em média, entre 2014 e 2023. Segundo o  Mapa de Oportunidades para as Exportações Brasileiras, elaborado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), indica que o Brasil tem oportunidades de exportações para o México em 447 produtos, que foram identificados com base em critérios de competividade do Brasil no comércio internacional e de complementariedade com a pauta importadora do país de destino.

Entre todas as oportunidades disponíveis aos produtos brasileiros no mercado mexicano, 429 produtos (95,9%) correspondem a bens da indústria de transformação, sendo: 75 produtos para abertura, 141 para consolidação, 40 para manutenção e 173 para recuperação. Destacam-se seis setores que representam cerca de 63,6% desses produtos: Químicos (19,1%), Máquinas e equipamentos (17,9%), Produtos de metal (6,7%), Produtos de borracha e de material plástico (6,7%), Minerais não metálicos (6,7%) e Metalurgia (6,3%). Vale destacar que quase todos os setores da indústria de transformação têm oportunidades comerciais no México, com exceção dos setores de Bebidas, Fumo, Vestuário e acessórios e Impressão e reprodução.

Segundo levantamento, é importante considerar que 42,2%, ou seja, 181 dos produtos que a indústria de transformação brasileira tem oportunidades para exportação no México, enfrentam tarifas de importação. Os setores da indústria de transformação com mais oportunidades que enfrentam tarifas de importação são: Químicos (25,4%), Máquinas e equipamentos (9,4%), e Alimentos (8,8%). Já os setores com maior média tarifária aplicada são: Alimentos (com tarifa média de 14,4%), Móveis (com tarifa média de 11,25%) e Produtos têxteis (com tarifa média de 9,4%).

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