Entenda a síndrome que causou a internação da deputada Carla Zambelli

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi diagnosticada com síndrome da taquicardia postural ortostática. A parlamentar está internada desde a última quinta-feira (26/9) no Hospital do Coração, em São Paulo, onde também trata um quadro de diverticulite aguda.

De acordo com o boletim médico que confirmou o diagnóstico de Zambelli no sábado (28/9), a deputada responde bem ao tratamento, está estável e deve ter alta do hospital nos próximos dias.

Síndrome da taquicardia postural ortostática

A síndrome da taquicardia postural ortostática (POTS, na sigla em inglês) é uma condição que afeta o sistema nervoso caracterizada pela taquicardia diante de uma mudança na postura — ao levantar quando se está sentado ou deitado, por exemplo.

“É uma desordem do sistema nervoso autônomo, que é responsável pelo controle de funções básicas no nosso organismo, como pressão arterial, frequência cardíaca, sudorese, motilidade gastrointestinal e etc. Nessa doença, o indivíduo tem intolerância a ficar em pé, pois há um aumento exagerado da frequência cardíaca”, explica a cardiologista Ximena Ferrugem, da rede Dasa.

De acordo com a médica, as causas são múltiplas. Entre elas, estão:

  • Desidratação ou baixo consumo de líquidos;
  • Descondicionamento físico, que ocorre quando o paciente fica muito tempo deitado, acamado;
  • Disfunção do sistema neuroendócrino, responsável pela produção de substâncias que regulam as funções básicas;
  • Alterações dos nervos autonômicos, que podem ocorrer após infecções virais, como a da Covid-19.

Sintomas

O principal sintoma da síndrome da taquicardia postural ortostática (POTS) é, como o nome diz, a taquicardia (sensação de coração acelerado) quando a pessoa muda da posição sentada para em pé, ou se levanta muito rápido.

O paciente também tem mal estar, fraqueza, tontura, enjôo, falta de ar, dor de cabeça e, em alguns casos, uma fadiga bem debilitante, segundo a cardiologista Stephanie Mares, do Hospital Brasília Águas Claras.

“Um dos grandes problemas dos pacientes com POTS é que, antes de receberem o diagnóstico, especialmente as mulheres, muitos deles são considerados como tendo alguma crise de histeria, distúrbio emocional ou psíquico, quando na verdade é um problema cardiológico”, conta Mares.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico da síndrome é feito por meio de exames cardiológicos específicos, como o MAPA 24h, o exame físico feito por um cardiologista durante uma consulta, ou o Tilt Teste. Neste último, o paciente é colocado em uma maca inclinada para avaliação das causas de tonturas e desmaios recorrentes.

O tratamento inclui beber bastante água e aumentar a ingestão de sal, para os pacientes que não têm contraindicações como pressão alta, e melhorar a qualidade do sono, além de tratar a ansiedade associada aos sintomas. Em alguns casos, pode ser indicado o uso de medicamentos para controle da frequência cardíaca.

De acordo com a cardiologista Ximena Ferrugem, embora os pacientes não tolerem bem a prática de exercícios físicos, eles são fundamentais para a boa recuperação, especialmente os de fortalecimento das pernas. Podem ser incluídas na rotina atividades semi deitadas ou deitadas, como algumas bicicletas, máquina de remada ou natação.

“Exercícios de musculação de pernas é essencial, porque melhoram o tônus da musculatura, aumentando o bombeamento de sangue de volta para o coração, o que chamamos de retorno venoso”, explica Ferrugem. Pelo mesmo motivo, também pode ser recomendado o uso de meias de compressão.

De acordo com a cardiologista Ximena Ferrugem, uma boa parcela dos pacientes que seguem o tratamento têm remissão ou melhora importante dos sintomas. Contudo, eles podem voltar a ter a manifestação da síndrome durante um período de desidratação, infecções e não adesão às medidas terapêuticas.

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