Cunhado investigado por morte de comerciante após traição no litoral de SP presta depoimento pela 1ª vez


Mario Vitorino foi preso no interior de São Paulo, suspeito de envolvimento na morte de Igor Peretto, de 27 anos, em Praia Grande (SP). Depoimento de Mario acontece, pela primeira vez, após advogado de defesa alegar vazamento de dados. Imagem mostra Mario Vitorino chegando na Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Praia Grande (foto à esq.)
Thais Rozo e Reprodução
Mario Vitorino, suspeito de envolvimento no assassinato do comerciante Igor Peretto, presta depoimento na manhã desta quarta-feira (25) em Praia Grande, no litoral de São Paulo. Segundo o advogado de defesa dele, Mario Badures, o interrogatório não aconteceu antes devido a um vazamento de informações da investigação.
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O crime aconteceu no apartamento de Marcelly Peretto, irmã de Igor, em 31 de agosto. Dentro do imóvel estavam a vítima, Marcelly, Rafaela Costa (esposa de Igor) e Mario Vitorino (marido de Marcelly e sócio de Igor). As mulheres se entregaram e foram presas. Mario foi encontrado escondido na casa de um tio de Rafaela, em Torrinha (SP), e também foi preso.
De acordo com os depoimentos, a viúva Rafaela tinha um caso com Mario. Além disso, o advogado de Marcelly, Leandro Weissmann, disse que a cliente e Rafaela tiveram um envolvimento amoroso no local antes da chegada de Igor e Mario no apartamento.
Mario está preso no 5º Distrito Policial (DP) de Santos. Conforme apurado pelo g1 com a Polícia Civil, o depoimento estava marcado para às 10h na Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Praia Grande, cidade onde o crime aconteceu.
Uma imagem da repórter Thais Rozo, da TV Tribuna, mostra o investigado saindo de um camburão da Polícia Militar por volta de 10h40 (veja acima). Ainda não há mais detalhes sobre o depoimento dele.
Vazamento de dados
Mario Vitorino foi preso em Torrinha, no interior de SP
Mario Vitorino esteve na DIG de Praia Grande no dia 17 de setembro, mas não foi ouvido. No dia seguinte, ele retornou para depor, mas novamente saiu sem falar sobre o caso.
Mario Bardures, advogado de Mario, alegou que os dados vazados não constavam no inquérito policial, o que, segundo ele, prejudica tanto o exercício da defesa técnica quanto a própria investigação.
O advogado afirmou que, assim que os documentos estivessem devidamente registrados no inquérito, o cliente prestaria depoimento. “O próprio Ministério Público já pediu que novamente seja decretado sigilo e a defesa técnica de Mario Vitorino está requerendo expressamente um sigilo externo, ou seja, só as partes cadastradas terão acesso ao inquérito policial”, disse Badures, no dia 19 de agosto.
Nesta quarta-feira, o advogado afirmou ao g1 que, agora, já tem conhecimento sobre os autos da investigação. Dessa maneira, não enxerga problema no fato de o cliente depor à Polícia Civil.
“Ele está à disposição da polícia para esclarecer todos os detalhes em relação a isso, a partir do momento em que tivemos conhecimento do que está no inquérito policial”, afirmou. “É de interesse dele [Mario]”.
Legítima defesa
Para Badures, Mario agiu em legítima defesa. O advogado apresentou à imprensa imagens que mostram que, 16 dias após o caso, o cliente ainda tinha hematomas da luta corporal que teve com Igor. De acordo com ele, o rosto do cliente ficou inchado e a palma da mão foi atingida pelo espelho.
Advogado de cunhado de comerciante assassinado mostra imagens dos hematomas no corpo de Mario 16 dias após o crime
Reprodução
“Marcelly, que é a testemunha presencial, que estava no local dos fatos, fala que o Igor, na posse de um espelho, de um vidro quebrado, que era um espelho, foi na direção de Mario. Isso é a investigação que diz”, disse.
O advogado afirmou que existem testemunhas e moradores que relatam que houve pancadaria e gritos de socorro. “Existe um porteiro que interfona para o apartamento e a vítima Igor que atende o interfone e fala que está tudo bem”.
Advogado de cunhado de comerciante assassinado mostra imagens dos hematomas no corpo de Mario 16 dias após o crime
Reprodução
Laudo pericial
O laudo pericial, obtido pelo g1, detalha as lesões de Igor: sete facadas na região do peitoral, uma na testa, uma no lado direito do rosto, uma próxima à orelha direita e uma nas costas.
A PM foi acionada pela síndica do prédio após ela ter ouvido muito barulho e não ter conseguido contato com Marcelly, a dona do apartamento. No local, os policiais precisaram forçar a entrada no imóvel e se depararam com um cenário de violência, de luta corporal, com muito sangue e o corpo de Igor no quarto.
Manchas de sangue
Imagens fortes
g1
Marcas de sangue encontradas no apartamento de Marcelly Peretto, no dia da morte do irmão, Igor Peretto
Laudo pericial
Segundo o laudo, as manchas de sangue foram os principais vestígios encontrados pela perícia. Elas estavam no corredor do prédio e dentro do apartamento.
Do lado de fora do imóvel apresentavam-se como pingos. Eles estavam na escadaria entre o 4ª andar, onde mora Marcelly, e o 2º andar. De acordo com o documento, essas informações sugerem que o suspeito foi ferido, o que pode ajudar nas investigações por meio de exames de DNA.
No interior do apartamento, as manchas estavam espalhadas por vários cômodos, principalmente na sala, na cozinha, no corredor e na suíte, onde o cadáver foi encontrado. O laudo aponta que os sinais encontrados indicam uma luta intensa pelo imóvel.
Mario Vitorino abraça Marcelly Peretto (à esq.) após assassinato do irmão dela; faca usada no crime (à dir.)
Reprodução
A faca, considerada pela perícia como provável instrumento usado no crime, estava coberta de sangue e foi encontrada no chão do banheiro social. Ela tem 36 cm de comprimento total, 23 cm de lâmina pontiaguda e uma largura máxima de 5 cm.
Após a faca ser examinada para coleta de impressões digitais, o perito responsável concluiu que, pela natureza de suas características, ela era capaz de causar as lesões observadas no cadáver.
O documento revelou, ainda, que a ponta da lâmina estava ligeiramente entortada, o que sugere que a faca pode ter sido usada com força considerável durante o ataque.
Sinais de luta
A porta do guarda-roupa na suíte, onde o corpo foi encontrado, estava danificada e tombada. Tal situação pode sugerir uma briga intensa no local, de acordo com o perito.
Outro aspecto que chamou a atenção: os danos nos batentes das portas do banheiro e do quarto entre o banheiro e a suíte. Eles apontam, de acordo com o documento, para uma tentativa de arrombamentos. Entretanto, não foram encontrados fragmentos de madeira, o que pode dar a entender que os danos seriam anteriores.
Mario, o último preso
Vídeo mostra cunhado suspeito em assassinato de comerciante chegando à delegacia em Praia
Mario Vitorino chegou a Praia Grande (SP) no dia 17 de setembro após mais de duas semanas foragido. O repórter cinematográfico Fábio Pires, da TV Tribuna, afiliada da TV Globo, registrou o momento em que ele entrou na DIG (assista acima).
O cunhado e sócio de Igor foi preso no interior paulista. Ele estava escondido na casa de um tio de Rafaela, viúva de Igor e amante de Mario. Tanto Rafaela quanto a irmã da vítima, Marcelly Peretto, já haviam sido detidas.
Mario era procurado desde 31 de agosto, data em que Igor foi morto. Depois de ter sido preso pela PM, ele foi conduzido à Delegacia Seccional de Rio Claro (SP), onde passou por audiência de custódia e teve a prisão mantida pelo juiz.
A prisão só foi possível graças às informações que o irmão da vítima, o vereador Tiago Peretto, recebeu em forma de denúncia anônima sobre o paradeiro do cunhado. Embora o suspeito ainda seja casado com Marcelly, eles não estavam mais juntos, e sequer moravam no mesmo apartamento.
Mario Vitorino é conduzido à DIG de Praia Grande (SP)
Fábio Pires/TV Tribuna
Cronologia do crime
O que se sabe sobre a cronologia do crime até o momento:
04:32:38 – Marcelly e Rafaela chegam de carro ao prédio de Marcelly;
05:40:17 – Rafaela vai embora do apartamento de Marcelly;
05:42:27 – Rafaela deixa o local com o carro;
05:42:40 – Mario e Igor chegam ao prédio de Marcelly;
05:44:40 – Mario e Igor saem do elevador em direção ao apartamento de Marcelly;
06:04:31 – Mario e Marcelly saem do apartamento pelas escadas e acessam o subsolo, logo após o homicídio;
06:05:03 – Mario e Marcelly saem pela rampa do subsolo e vão em direção ao carro dele;
06:05:25 – Mario e Marcelly partem de carro em direção ao apartamento dele;
06:11:29 – Mario e Marcelly chegam ao prédio dele;
06:16:44 – Mario e Marcelly deixam o prédio dele e fogem;
08:48:00 (aproximadamente) – Mario e Marcelly se encontram com Rafaela em um posto na Rodovia Governador Carvalho Pinto, no km 124, em Caçapava (SP), onde a viúva abandonou o carro e embarcou no carro do amante, onde já estava a irmã da vítima;
09:47:42 – Mario, Marcelly e Rafaela chegam em Campos de Jordão (SP), onde a irmã da vítima teria entrado em um carro por aplicativo e retornado para Praia Grande;
12:28:00 – Mario e Rafaela se hospedam em um motel em Pindamonhangaba (SP), onde permanecem até 15h37. No mesmo dia, abandonam o carro dele no Centro da cidade.
Mario, Marcelly e Rafaela, investigados pelo homicídio contra o comerciante Igor Peretto
Reprodução e Redes sociais
Últimas imagens de Igor
O g1 teve acesso às últimas imagens do comerciante com vida. Os vídeos mostram os três suspeitos e a vítima chegando ao apartamento onde ocorreu o crime. Primeiro, chegam Marcelly e Rafaela, mas a viúva deixa o apartamento antes de Mario aparecer com Igor (assista o vídeo acima).
Nas imagens, obtidas pelo g1, é possível ver Rafaela e Marcelly chegando de carro e subindo de elevador até o apartamento da irmã da vítima, por volta das 4h30. A esposa de Igor deixou o local sozinha, cerca de dez minutos depois, antes da chegada dos homens.
Vídeos mostram momentos antes e depois do assassinato de comerciante que descobriu traição
Igor e Mario também foram filmados chegando de carro ao prédio, às 5h42. A dupla subiu de elevador aproximadamente dois minutos depois. Na ocasião, o comerciante parecia questionar o cunhado antes de acessar o imóvel da irmã. Este é o último registro dele, feito pelas câmeras de monitoramento.
Mario e Marcelly são casados no papel, mas já não estavam mais juntos. O crime aconteceu no imóvel dela, onde foram filmados saindo às 6h04. O casal desceu pelas escadas, foi até o subsolo e deixou o prédio a pé pela garagem.
Câmeras filmaram Igor Peretto (à dir.) chegando ao apartamento junto com Mario Vicentino (à esq.)
Reprodução/TV Tribuna
De lá, os dois foram de carro para o apartamento de Mário, que fica a poucos quilômetros de distância do local do assassinato. Eles chegam ao prédio às 6h11, ficaram aproximadamente cinco minutos e saíram segurando bolsas e outros objetos.
A Polícia Militar foi acionada pela síndica. Com a ajuda de um chaveiro, solicitado por ela, a porta foi aberta e os agentes notaram sinais de sangue no corredor. Eles encontraram o corpo de Igor caído em um quarto, próximo da janela.
Casais estavam dentro do apartamento onde Igor Peretto foi encontrado morto em Praia Grande (SP)
Yasmin Braga/g1 e Reprodução/Redes Sociais
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