Canal do Araguaia seca completamente e vira “rio de areia”. Veja vídeo

Vítima frequente de degradação e má uso dos recursos naturais, o Rio Araguaia volta a dar sinais de que está próximo do colapso. Um canal inteiro do rio secou completamente na região da Viúva, em Nova Crixás (GO), cidade que fica a 378 quilômetros de Goiânia.

O ponto onde antes corria o leito largo do rio, cheio de peixes, onde era possível andar de canoa ou barco virou uma grande “avenida de areia”, totalmente seca. A imagem impressiona e gera preocupação entre moradores da região, que chegam a transitar de carro no local.

Veja vídeo feito no sábado (21/9): 

 

A região é a mesma visitada pela reportagem do Metrópoles em setembro de 2021. Exatamente há três anos, o portal retratou a situação enfrentada pelos ribeirinhos do local, que diziam ser a primeira vez que o rio secava completamente.

Agora, o que era considerado raro e inédito volta a acontecer, sinalizando mais uma vez o limite atingido pelo rio. À época, o delegado titular da Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema) de Goiás, Luziano de Carvalho, já falava sobre o risco do Araguaia se tornar intermitente.

“Se continuar assim, o rio vai se tornar intermitente. Hoje, já é possível atravessá-lo de um lado para o outro sem utilizar embarcações, até porque os bancos de areia e a pouca profundidade inviabilizam a circulação de canoas em muitos trechos. Só quem conhece bem o rio consegue trafegar”, declarou ele.

A estiagem sempre foi algo comum no oeste goiano, especialmente entre os meses de junho a outubro. O mesmo lugar do rio, agora completamente seco, costuma encher e até inundar as margens durante as chuvas. O que se viu, nos últimos anos, no entanto, foi o acirramento dos efeitos da seca, ou seja, o que antes não ocorria passou a acontecer.

Veja como o local fica na seca e na cheia:

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"Braço" do rio Araguaia, em Nova Crixás (GO), ficou totalmente seco, sem sinal de água

Canal do Araguaia secou totalmente pela primeira vez em 2021 e desesperou ribeirinhos que disseram nunca terem visto algo parecido
Espaço antes ocupado por água, na região da Viúva, em Nova Crixás (GO), virou um estradão de terra fofa, sem sinal de água
O mesmo lugar, na região da Viúva, quando cheio no período de chuvas
Local em janeiro de 2022, quando choveu bastante no oeste goiano
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Na seca e na cheia: veja como fica canal do Araguaia nos dois extremos do ano

Vinícius Schmidt/Metrópoles e Reprodução

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“Braço” do rio Araguaia, em Nova Crixás (GO), ficou totalmente seco, sem sinal de água

Vinícius Schmidt/Metrópoles

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Canal do Araguaia secou totalmente pela primeira vez em 2021 e desesperou ribeirinhos que disseram nunca terem visto algo parecido

Vinícius Schmidt/Metrópoles

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Espaço antes ocupado por água, na região da Viúva, em Nova Crixás (GO), virou um estradão de terra fofa, sem sinal de água

Vinícius Schmidt/Metrópoles

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O mesmo lugar, na região da Viúva, quando cheio no período de chuvas

Reprodução

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Local em janeiro de 2022, quando choveu bastante no oeste goiano

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Nível do rio subiu rapidamente, com as chuvas, e alagou pontes e vias de acesso às margens

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Suspeita de ação humana

A suspeita, na região, para além das questões climáticas, é que a seca total do canal do Araguaia seja reflexo, também, da ação humana. Moradores relatam que um dos condomínios instalados na margem do rio, em local que fica acima do ponto totalmente seco, teria construído um porto e alterado o curso normal da água.

Ações de degradação e apropriação dos recursos do rio têm sido comuns há décadas. Considerado um dos mais famosos e importantes do Centro-Oeste, o Rio Araguaia já foi tema de promessas políticas e projetos de recuperação, mas o contexto segue preocupante.

Investigações policiais já descobriram, por exemplo, situações de uso irregular da água, drenagem de áreas de nascente, desmatamento e construções que invadem áreas de preservação, contribuindo para o assoreamento do rio.

O médio Araguaia, hoje, é a região que mais preocupa a polícia ambiental. Além do avanço das áreas de plantação e de pastagens, existe também o aumento das áreas irrigadas, com crescente concentração de pivôs centrais. Essa combinação, muitas vezes, segundo Luziano de Carvalho, desequilibra o lençol freático do rio.

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