PF aponta que empresas e integrantes da família Hial tentaram desviar suspeita de movimentações financeiras


Informações são referentes a investigações da Operação Parajás, realizada em 11 de setembro. Relatório da Polícia Federal leva em conta dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Um dos mandados cumpridos pela PF foi na secretaria de Saúde de Sorocaba (SP), em 11 de setembro
Reprodução/TV TEM
A Polícia Federal (PF) identificou movimentações financeiras suspeitas realizadas por empresas e integrantes da família Hial. Os saques podem ter sido uma tentativa para desviar o foco das investigações. A informação faz parte do relatório da PF, que desencadeou a Operação Parajás, no dia 11 de setembro.
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As relações do poder público com a família Hial foram reveladas pelo g1 e a TV TEM em setembro do ano passado. Outros familiares também são alvos da operação por subcontratações com dinheiro da prefeitura (entenda a situação).
De acordo com o relatório da PF, dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontam que R$ 36,7 mil foram sacados de uma das contas de Jorge Hial Neto, no período de 1º de maio a 30 de novembro de 2022. O dinheiro foi retirado de forma fracionada entre R$ 300 e R$ 2 mil, em 15 dias diferentes, ao longo de cinco meses.
A mesma conta, em 1º de dezembro e 31 de novembro de 2022, movimentou mais R$ 50,5 mil em saques, também fracionados de R$ 300 a R$ 2 mil, em nove dias diferentes, durante nove meses.
“R$ 87,2 mil em valores fracionados entre R$ 300 e R$ 2 mil, como tentativa de se esquivar de eventual controle e registro de movimentação”, cita a PF, na página 41 do relatório.
A mesma prática foi identificada em empresas da família, como o Auto Posto Bueno, de propriedade de Jorge Hial, então diretor da Urbes, e a JCDD Cash Ltda, de propriedade de Camila Pagliato Hial, presidente da entidade AJG à época.
Ainda segundo o relatório da PF, entre 8 de agosto de 2023 e 5 de fevereiro de 2024, a Coaf apontou fluxo de movimentações de dinheiro em espécie entre Jorge Domingos Hial, sua nora Camila Pagliato Hial e as empresas:
R$ 34,1 mil em oito dias;
R$ 50,7 mil depositados em três dias, em nove transações distintas;
R$ 97,157 mil em dois dias divididos em nove transações.
De acordo com a Coaf, há indícios de fracionamento “não sendo possível assegurar qual a real origem desses valores.”
Outro apontamento de fracionamento, também com indícios de fraude, segundo a PF, foi feito na conta da JCDD Cash Ltda., no período de 4 e 14 de abril. Foram R$ 31,7 mil depositados em dinheiro em cinco dias, divididos em 26 transações distintas.
“As movimentações realizadas pela JCDD são superiores ao limite estipulado para o enquadramento no regime tributário atual, além da grande quantidade de depósito em espécie, o que dificulta a identificação real da origem dos recursos”, observou o Coaf.
Consórcio de carros e casas
Prefeitura de Sorocaba e órgãos públicos mantêm contratos que somam R$ 32 milhões com família de diretor da Urbes
TV TEM/Reprodução
Quase todos os membros citados no relatório da PF adquiriram cotas de consórcio de veículos e imóveis durante o período das investigações.
Entre o dia 1º e 31 de março de 2022, Jorge Domingos Hial contratou consórcio de veículos no valor de R$ 90 mil. Outro pagamento foi de R$ 262,3 mil, diluídos em 59 boletos para outro consórcio. Outras três cotas de consórcios de imóvel de R$ 347,3 mil também foram identificados.
“No que concerne a Jorge Domingos Hial é possível aventar a utilização e comercialização de cartas de crédito em consórcio de imóveis e automóveis de cotas largamente adquiridas pelo investigado como forma de lavagem de dinheiro oriundo de eventual desvio de verba pública por meio de contratos firmados com a administração pública municipal.”
Dados do Coaf, de 1º de maio a 31 de maio de 2022, mostra que Vera Lúcia Hial, proprietária então da empresa Novos Negócios (Brita Forte), contratou oito cotas de consórcio em R$ 168,9 mil, realizando o pagamento no primeiro mês de R$ 10 mil. A Novos Negócios também adquiriu cotas de consórcio no valor de R$ 334,5 mil, com um lance no valor de R$ 71,5 mil, em abril de 2022.
A atual proprietária da Novos Negócios, Fabiana de Oliveira, também adquiriu cotas de consórcio. “Assim como Jorge Hial e Vera Lúcia, é possível encontrar a aquisição de cotas de consórcio também por Fabiana, que se apresenta como possível forma de pulverização dos valores recebidos e a expectativa de dissimular eventual ágio conseguido com a venda de créditos contempladas”, cita a PF na página 43 do relatório complementar.
Citados
A Prefeitura de Sorocaba voltou a afirmar que todos os contratos firmados por ela seguem a Lei de Licitações. As defesas da Família e Hial e da AJG não se manifestaram sobre a questão até a publicação da reportagem.
Operação Parajás
A Polícia Federal, em conjunto da Controladoria Geral da União (CGU), cumpriu, em 11 de setembro, 19 mandados de busca e apreensão em uma operação que investiga contratos suspeitos de superfaturamento e direcionamento de licitação para uma empresa e uma entidade ligadas à família de um ex-diretor da Empresa de Desenvolvimento Urbano e Social de Sorocaba (Urbes), responsável pelo trânsito e transporte na cidade.
Os alvos dos policiais federais foi a Secretaria de Saúde de Sorocaba (SP) e um condomínio de luxo em Araçoiaba da Serra (SP). A PF também esteve em outros endereços, entre eles, a casa do atual secretário de Saúde, Claudio Pompeo.
Denúncia
Prefeitura de Sorocaba e órgãos públicos mantêm contratos com família de diretor da Urbes
Em 21 de setembro de 2023, a TV TEM e o g1 mostraram que órgãos municipais de Sorocaba (SP), incluindo a própria prefeitura, mantinham contratos com empresas ligadas a família de um dos diretores da Empresa de Desenvolvimento Urbano e Social de Sorocaba (Urbes), empresa pública municipal responsável pelo trânsito e transporte. Somados, os contratos executados e em execução chegam a R$ 32 milhões.
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