EUA enviarão à Ucrânia mais bombas de fragmentação, proibidas em 110 países, em novo pacote de ajuda militar


Nova ajuda militar dos EUA totaliza cerca R$ 2,046 bi, disseram autoridades americanas à agência Associated Press. Bombas de fragmentação têm alto poder de destruição. Uma unidade de bomba de fragmentação contendo mais de 600 submunições. Artefato foi lançado por avião de guerra israelenses durante a guerra de 34 dias Hezbollah-israelense, Líbano, quinta-feira, 9 de novembro de 2006.
AP Photo/Mohammed Zaatari
Os Estados Unidos enviarão à Ucrânia mais bombas de fragmentação, proibidas em 110 países, em novo pacote de ajuda militar aprovado nesta terça-feira (24).
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O novo pacote militar à Ucrânia totaliza cerca de US$ 375 milhões (cerca de R$ 2,046 bi) em bombas de fragmentação de médio alcance, uma série de foguetes, artilharia e veículos blindados, disseram autoridades americanas à agência Associated Press. A quantidade de cada tipo de armamento não foi divulgada. Veja abaixo o que são as bombas de fragmentação e por que elas são proibidas em 110 países.
As autoridades esperam um anúncio na quarta-feira (25), quando líderes globais se reunirem na Assembleia Geral da ONU e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, utilizar sua presença lá para reforçar o apoio e persuadir os EUA a permitir que suas tropas usem armas de longo alcance para atacar mais profundamente a Rússia. No dia seguinte, Zelensky se encontrará com o presidente Joe Biden e a vice-presidente Kamala Harris em Washington.
A ajuda inclui bombas ar-terra, que contêm munições de fragmentação e podem ser disparadas pelos caças ucranianos, além de munições para os Sistemas de Foguetes de Artilharia de Alta Mobilidade (HIMARS), sistemas antitanque Javelin e outros, veículos protegidos contra minas e emboscadas, sistemas de ponte e outros veículos e equipamentos militares, de acordo com as autoridades. Os funcionários dos EUA falaram sob condição de anonimato porque a ajuda ainda não foi anunciada publicamente.
O mais recente pacote de armas, fornecido por meio da autoridade de retirada presidencial, é um dos maiores aprovados recentemente e utilizará estoques do Pentágono para entregar as armas mais rapidamente à Ucrânia.
Isso ocorre enquanto quase US$ 6 bilhões em financiamento para ajuda à Ucrânia podem expirar no final do mês, a menos que o Congresso atue para estender a autoridade do Pentágono de enviar armas de seus estoques para Kiev. Líderes do Congresso anunciaram no domingo que chegaram a um acordo sobre um projeto de lei de financiamento temporário, mas não está claro se alguma linguagem que estenda a autoridade do Pentágono para enviar armas à Ucrânia será incluída na medida temporária, enquanto as negociações com o Congresso continuam.
Forças ucranianas e russas estão em combate no leste, incluindo combates corpo a corpo na região fronteiriça de Kharkiv, onde a Ucrânia expulsou a Rússia de uma enorme planta de processamento na cidade de Vovchansk, que estava ocupada há quatro meses, disseram autoridades na terça-feira. Ao mesmo tempo, tropas ucranianas continuam a manter terreno na região de Kursk, na Rússia, após uma incursão ousada no mês passado.
O anúncio da ajuda vem logo após a visita altamente protegida de Zelensky, no domingo, a uma fábrica de munições na Pensilvânia, para agradecer aos trabalhadores que estão produzindo uma das munições mais necessárias para a luta de seu país contra as forças terrestres russas.
Incluindo este último pacote, os Estados Unidos forneceram mais de US$ 56,2 bilhões em assistência de segurança à Ucrânia desde que as forças russas invadiram o país em fevereiro de 2022.
O que são as bombas de fragmentação?
De acordo com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, as bombas de fragmentação (também chamadas de “cluster”) são armas compostas por uma caixa que se abre no ar e espalha inúmeras submunições explosivas ou sub-bombas.
Elas têm capacidade de serem dispersadas por amplas áreas. Dependendo do modelo, o número de submunições pode variar de várias dezenas a mais de 600. Podem ser lançadas via aeronaves, artilharia e mísseis.
A grande preocupação é que a maior parte das submunições deveria explodir no momento do impacto. Porém, um alto número de submunições falha e não explode. E, então, as submunições não detonadas explodem quando manuseadas ou deslocadas, representando um grave perigo aos civis. Essas munições menores podem ficar adormecidas, e são capazes de serem detonadas muitos anos após o fim do conflito.
Ainda segundo a Cruz Vermelha, elas “foram usadas pela primeira vez durante a Segunda Guerra Mundial e existe uma grande proporção das munições cluster atualmente estocadas”. Elas teriam sido projetadas durante a Guerra Fria.
Convenção sobre Bombas de Fragmentação
Em 30 de maio de 2008, em Dublin, na Irlanda, mais de 110 países assinaram um tratado internacional que proíbe o uso dessas bombas em conflitos militares. Os países se comprometeram a nunca:
Usar munições de dispersão;
Desenvolver, produzir, adquirir, reter ou transferir, direta ou indiretamente, munições de dispersão;
Assistir, encorajar ou induzir qualquer um em qualquer atividade proibida por um estado membro sob essa convenção.
A Rússia, a Ucrânia e os EUA não fazem parte desse tratado.
O Brasil também não entrou na lista de signatários. Em 2017, a Human Rights Watch denunciou a relação de bombas de fragmentação produzidas no Brasil com ataques mortais a escolas no Iêmen dois anos antes do relatório.
“O Brasil deve reconhecer que munições cluster são armas proibidas que nunca devem ser fabricadas, enviadas ou usadas devido aos danos que causam a civis”, criticou, na época, Steve Goose, diretor da divisão de armas da Human Rights Watch e presidente da Coalizão Contra Munições Cluster, uma coalizão internacional de grupos que trabalham para erradicar as munições cluster.
“A Arábia Saudita, seus parceiros na coalizão e também o Brasil, na posição de fabricante, devem aderir imediatamente ao tratado internacional amplamente reconhecido que proíbe as munições cluster”, disse.

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