Pesquisadores investigam diminuição da população de andorinhas-azuis no Brasil


Nos últimos 50 anos, o número de aves apresentou queda de 37%. Especialistas estão em Linhares, uma das cidades que recebe migração das aves, para monitorar a espécie. Pesquisadores investigam diminuição da população de andorinhas-azuis em Linhares
Famosas por fazerem um show a céu-aberto e donas de uma sinfonia já conhecida, as andorinhas-azuis são uma espécie de ave migratória que se reproduz no Hemisfério Norte e voa para o Brasil durante a primavera e o verão. Mas, nos últimos 50 anos, a espécie sofreu um declínio de 37% na sua população, ou seja, está cada vez sendo menos vista por aqui.
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Como a maioria dos estudos têm como foco o período reprodutivo das aves, que acontece na América do Norte, não é possível cravar os motivos para essa queda. E é justamente isso que pesquisadores do Projeto Andorinha-Azul querem fazer. A principal suspeita é que isso seja um reflexo da ação humana.
Pesquisadores investigam a diminuição da população de andorinhas-azuis em Linhares, Espírito Santo
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A pesquisadora de doutorado da Universidade de São Paulo (USP), Clarissa de Oliveira Santos, explica que são trabalhadas três hipóteses para a redução da população de andorinhas.
“A primeira é a diminuição do habitat dessa espécie, principalmente provocada pelo desmatamento. A segunda é a contaminação por substâncias tóxicas que são liberadas no ambiente; a gente até já tem um trabalho que avaliou a concentração de mercúrio nas andorinhas que migram para a Amazônia”.
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“E, além de tudo, a terceira hipótese é a intolerância humana. As pessoas ficam incomodadas com o barulho e com a sujeira. Para esse viés, é necessário fazer um trabalho de conscientização”, explica Clarissa.
Em Linhares, no Norte do Espírito Santo, as andorinhas-azuis escolheram as margens da BR-101 como dormitório, e é neste ponto que os pesquisadores do projeto se concentram no momento.
Pesquisadores investigam a diminuição da população de andorinhas-azuis em Linhares, Espírito Santo
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Para captura das aves para identificação, medição e coleta de amostras, uma rede suspensa é montada a nove metros de altura. Com a rede pronta, é só aguardar o momento da revoada, que começa logo quando o dia amanhece.
“A gente usa um método chamado ‘rede bandeira’, que consiste em colocar as hastes e suspender uma rede de neblina, numa altura que varia de 6 a 10 metros. Assim, quando as andorinhas vão sair ou chegar para dormir, a gente torce para que algumas caiam nas nossas redes”, explicou o ornitólogo Fábio Schnck.
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Depois da captura, as aves são colocadas em bolsas de pano e levadas para avaliação e registro. O trabalho está sendo feito na casa do Gabriel Bonfa, biólogo do Instituto Marcos Daniel, que é natural de Linhares. Ele foi a peça chave para trazer a pesquisa para a cidade.
“Todo verão eu percebia que os bandos chegavam. Comecei a postar esses registros no Wikiaves, que é uma plataforma de registros fotográficos e sonoros de aves no Brasil, e também no eBird, que é uma plataforma da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos. Com isso, pesquisadores de várias partes do mundo tiveram acesso a esses registros e aí a gente conseguiu contato e possibilidade de estudar o bicho aqui”, contou Gabriel.
Pesquisadores investigam a diminuição da população de andorinhas-azuis em Linhares, Espírito Santo.
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O Projeto Andorinha-Azul reúne pesquisadores do Instituto Butantan, de São Paulo, e do Instituto Marcos Daniel, do Espírito Santo. É uma iniciativa desenvolvida em parceria com instituições estadunidenses e também já passou por outros estados do Brasil.
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