Neuropsicopedagoga desenvolve questionário para ajudar pais nos desafios enfrentados por crianças autistas em sala de aula: ‘Luta diária’


No Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência, Jaqueline Mediato, de Bauru (SP), aborda a importância da antecipação e conversa como estratégia de inclusão de alunos com autismo no ambiente escolar. Jaqueline Mediato, de Bauru (SP), é neuropsicopedagoga e especialista em educação especial
Arquivo pessoal
Neste sábado (21), é celebrado o Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência. A data foi oficializada no país por meio da Lei nº 11.133 em 2005 e tem o intuito de conscientizar sobre a importância da inclusão de pessoas com deficiência na sociedade.
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A definição da pessoa com deficiência se enquadra no indivíduo que possui limitação ou incapacidade para o desempenho de atividades, e as deficiências se dividem nas seguintes categorias: deficiência física, deficiência visual, deficiência auditiva, deficiência mental e deficiência múltipla.
Nesse contexto, a inclusão dessa parcela de pessoas na sociedade é de responsabilidade geral e requer estratégias, compreensão e adaptações. No ambiente escolar, essa luta se torna ainda mais essencial, pois é um período primordial de desenvolvimento e alfabetização da criança.
Neste sábado (21), é celebrado o Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência
Arquivo pessoal
Jaqueline Mediato, especialista em educação especial de Bauru (SP), está na área de educação especial há 20 anos e é uma das principais defensoras da causa.
A neuropsicopedagoga também é mãe atípica de duas garotas, mas se comprometeu com a educação especial muito antes da maternidade, e continua na luta pela conscientização e inclusão de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Descomplicando o processo
De acordo com Jaqueline, a inclusão é um processo desafiador que precisa de estratégia, mas que não é tão complicado como se pode imaginar.
“É normalmente a partir do 1º ano do ensino fundamental que chegam os problemas, quando o aluno começa a ter dificuldades de alfabetização e aprendizado”, afirma Jaqueline.
Compreendendo esse cenário, a profissional criou um questionário para que os pais ou responsáveis enviem à escola, antes do início das aulas, com 15 perguntas como forma de ajudar a adaptar melhor os filhos autistas.
Formulário feito pela Jaqueline Mediato com perguntas para ajudar na adaptação de autistas na escola
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Além disso, a especialista ressalta a importância para que a sala de aula esteja preparada para lidar com o colega autista. Ela recomenda conversa com os alunos e, principalmente, com os pais, para que as necessidades sejam respeitadas e ouvidas.
“Quando chega a fase escolar dos filhos, muitos pais de crianças autistas ficam perdidos sobre o que fazer e até com receio de mandar os filhos para a escola comum. Sei bem como é, não só por atuar profissionalmente na área, mas porque vivi isso em casa. E posso dizer que visitar a escola com antecedência, responder a esse questionário e enviá-lo para a equipe escolar, além de manter um contato próximo no início do acolhimento, pode facilitar bastante esse processo”
Os desafios da inclusão
A missão de uma educação inclusiva é responsabilidade não só da escola e dos alunos, mas de toda a sociedade. No entanto, apesar do assunto ser abordado, ainda há muita aversão e desinformação. Para Jaqueline, os desafios no ambiente escolar afetam também, principalmente, as mães.
“Quem cuida é geralmente a mãe, e isso faz com quem ela acabe esquecendo quem ela é. Enquanto outras mães levam os filhos no ballet ou no futebol, as mães atípicas levam os filhos todos os dias na terapia para melhorar a condição da criança.”
O preconceito dói e a inclusão é uma luta diária, mas, para a especialista, muito já foi feito, e a chave para a desmistificação é a conversa.
“Não é igualdade, é equidade, com o suporte adequado com a necessidade de cada criança. Nesse processo, é preciso empatia e paciência, e a normalização é um ganho para todos.”
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