Sindicato quer comissão contra violência escolar após professora ser agredida em Guarujá, SP


Professora Amanda dos Santos fraturou o nariz e sofreu diversas escoriações após ser agredida por uma mãe em frente à escola municipal onde trabalha, em Guarujá (SP). Manifestação foi realizada em solidariedade a professora espancada por mãe de aluna ao sair de escola, em Guarujá (SP)
Jorge Moura/TV Tribuna
O Sindicato das Escolas Públicas Municipais (Siproem) protocolou um ofício junto à Prefeitura de Guarujá (SP) solicitando a criação de uma comissão contra a violência escolar. O pedido foi feito a professora Amanda dos Santos Monteiro, ter sido agredida por uma mãe de uma aluna.
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A vítima leciona para crianças de 8 anos e relatou estar traumatizada. Ela foi agredida na Escola Municipal Valéria Cristina Vieira da Cruz Silva, no bairro Morrinhos, no dia 10 de setembro.
Além desse caso de agressão, o sindicato informou ter recebido várias mensagens de outros professores relatando ameaças semelhantes.
“Esses acontecimentos têm gerado um clima de insegurança entre os docentes e demais profissionais, comprometendo o ambiente escolar e o desenvolvimento pleno do processo educacional”, disse o Siproem, em nota.
Detalhes do ofício
O ofício foi protocolado no gabinete do prefeito Válter Suman (PSDB) na terça-feira (17), no mesmo dia em que professores fizeram uma manifestação em solidariedade a Amanda.
No documento, a categoria pede a criação de uma comissão mediadora de conflitos formada por educadores e outros profissionais, incluindo representantes jurídicos e psicólogo.
O Sindicato ainda menciona o apoio de um assistente social para atuar na escola e no suporte às famílias e alunos.
A comissão terá como objetivo:
Intermediar e resolver pacificamente conflitos que envolva os principais atores do ambiente escolar: pais, professores, gestores e alunos;

Implementar um protocolo de segurança na rede municipal, a ser adotado pelas equipes gestoras para enfrentar ameaças e agressões contra professores, oferecendo suporte psicológico e jurídico.
O g1 entrou em contato com a Prefeitura de Guarujá, mas não teve retorno até a pulbicação da reportagem.
O caso
Vítima sofreu escoriações pelo corpo após ser agredida por mãe de aluna em Guarujá
Fabio Pires/TV Tribuna
A professora Amanda dos Santos Monteiro foi agredida pela mãe de uma aluna, de 34 anos, depois da aula, enquanto esperava uma carona. Ela foi surpreendida pela agressora, que a atacou com socos, chutes e puxões de cabelo, enquanto a professora gritava por socorro.
Amanda só reconheceu a mulher quando ela gritou que estava no local por causa da filha. “Eu não tive tempo de reação nenhuma”, disse a professora. “Eu gritei muito por socorro, mas o pessoal ficou olhando”.
Manifestação é realizada em solidariedade de professora agredida por mãe de aluna
De acordo com a professora, a mulher já tinha feito ameaça a ela na escola e, inclusive, pediu para trocar a filha de classe. A escola atendeu ao pedido da mãe.
“Ela falava que a filha não queria ir para a escola porque eu estava perseguindo, porque eu cobrava demais a menina, mas isso nunca existiu. A mãe criou uma fantasia”, afirmou Amanda.
Segundo a profissional, a revolta da mãe começou depois que Amanda fez um relatório alertando sobre a quantidade de faltas da criança, que estavam prejudicando o andamento escolar dela.“A mãe, sempre muito hostil, sempre muito agressiva, criou toda essa história de perseguição”.
Trauma
Amanda sofreu uma fratura no nariz e diversas lesões pelo corpo, mas um dos principais traumas foi o psicológico. “Muita dor, muita revolta. Estou destruída, o meu emocional está quebrado”, disse.
A professora registrou um boletim de ocorrência um dia após as agressões. Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), o caso foi registrado como lesão corporal, injúria e ameaça no 1º DP do Guarujá.
Mãe da criança
O advogado da mãe da criança, Silvano José de Almeida, disse que a estudante reclamou com a mulher que a professora a chamava de burra na sala de aula. “Que ela não aprendia nada e alguns alunos começaram a debochar dela nos intervalos”.
De acordo com Silvano, a mulher fez uma reclamação por escrito na escola, mas nenhuma providência foi tomada. No dia da agressão, ela estava voltando da Seduc, onde havia registrado uma nova queixa. “Quando ela estava voltando para casa, foi à escola e acabou encontrando com a professora”.
Silvano explicou que houve uma troca de insultos entre a professora e a mãe da aluna, ocasião em que as agressões começaram. “A escola, por não ter tomado as providências necessárias, levou a todos esses [problemas], mas tudo será esclarecido nos próximos dias”.
Professora agredida na saída de escola irá processar a prefeitura e agressora
Prefeitura
Em nota, a Prefeitura de Guarujá informou que a Secretaria de Educação (Seduc) repudia qualquer tipo de violência. Segundo a administração municipal, a funcionária foi socorrida pela diretora da unidade e encaminhada ao Hospital de Guarujá. “A educadora foi atendida e afastada por recomendação médica”.
Ainda segundo a prefeitura, enquanto a Polícia Civil investiga o caso, a Seduc fornece todo o apoio necessário à servidora e comunidade escolar, por meio da disponibilização de acompanhamento psicológico e demais profissionais da equipe multidisciplinar, que é composta por assistentes sociais, psicopedagogos e fonoaudiólogo.
“A Seduc abriu, ainda, um processo administrativo interno para avaliar se há outras medidas cabíveis à Administração Municipal. O município, inclusive, desenvolve programas de combate à violência dentro e fora das escolas na rede municipal de ensino, a exemplo do Programa de Prevenção às Drogas e Violência (PPDV) e a campanha ‘Digo Sim ao Respeito’”.
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