Insegurança alimentar: SP tem mais gente passando fome do que a população de Goiânia

O relatório também revela que ‘73,6% dos domicílios em situação de insegurança alimentar grave estão localizados em habitações improvisadasMARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

A insegurança alimentar em São Pauloatinge uma grande parcela da população,superando o número de habitantes de Goiânia, que tem 1.555.626 pessoas, segundo estimativas de 2023 do IBGE.

De acordo com um relatório recente, 1.676.650 domicílios da capital paulista enfrentam algum grau de insegurança alimentar, de acordo com o 1° Inquérito Sobre a Situação Alimentar do Município de São Paulo.

Segundo o relatório produzido entre o Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de São Paulo, o Observatório de Segurança Alimentar e Nutricional da Cidade de São Paulo e pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo e da Universidade Federal do ABC, há um destaque para os 452 mil em situação de insegurança alimentar grave.

Isso significa que, nesses lares, faltam alimentos básicos, e muitas famílias estão passando fome.

A pesquisa aponta que “em 65,5% dos domicílios com insegurança alimentar grave, a aquisição de alimentos é comprometida para priorizar o pagamento de contas”.

Além disso, destaca-se que 68,3% das famílias que estão em condição grave de insegurança alimentar não recebem auxílio do Bolsa Família ou qualquer outro programa de transferência de renda.

A falta de assistência atinge um grupo substancial da população, o que contribui para a permanência da fome em muitas residências, conforme as informações são colocadas no documento.

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O relatório também revela que “73,6% dos domicílios em situação de insegurança alimentar grave estão localizados em habitações improvisadas e ocupações”. Isso evidencia uma ligação direta entre condições precárias de moradia e a dificuldade de acesso a alimentos.

Os dados sugerem, de acordo com os pesquisadores, que as pessoas em situações habitacionais instáveis enfrentam maiores desafios para garantir uma alimentação adequada para suas famílias.

A pesquisa levanta ainda outro ponto importante: mesmo entre os domicílios que não estão em habitações improvisadas, há uma alta prevalência de insegurança alimentar moderada e grave.

“Mais de 1,6 milhão de lares no estado de São Paulo vivem algum nível de insegurança alimentar”, aponta o relatório.

“O presente relatório, com os primeiros resultados do I Inquérito sobre a Situação Alimentar no Município de São Paulo, traz elementos para que possamos nos contrapor às representações da fome como um fenômeno pontual, restrito, transitório ou atípico. Ao mesmo tempo, ele serve de referência para a ação de todos aqueles que estão com- prometidos com a superação da crise alimentar e com a erradicação da fome e de todas as formas de insegurança alimentar”, pontua o documento ao mostrar os dados sobre insegurança alimentar.

Situação crítica

O relatório ressalta que “a insegurança alimentar grave é especialmente prevalente em regiões de baixa renda, onde o suporte governamental não consegue alcançar uma parcela significativa da população”.

Um dos fatores determinantes apontados no documento é a falta de acesso a programas de distribuição de alimentos, somada à fragilidade de redes de apoio social em diversas regiões.

Entre os grupos mais impactados, o relatório menciona “famílias com crianças, mulheres chefes de família e idosos”, que estão em situação de maior vulnerabilidade alimentar.

Além disso, pessoas desempregadas ou em empregos informais enfrentam desafios adicionais para garantir uma alimentação adequada.

Segundo o levantamento, “o aumento dos custos de vida, como alimentação e energia, nos últimos anos, tem agravado a situação dessas famílias”.

A pesquisa também destaca a discrepância entre áreas urbanas e rurais. “Enquanto nas grandes cidades a insegurança alimentar está concentrada em comunidades de baixa renda, nas áreas rurais, há dificuldade de acesso ao mercado de trabalho e a produtos alimentícios a preços acessíveis”, afirma o relatório.

Com base nesses dados, o estudo sugere “o fortalecimento das políticas públicas para combater a fome”, como medidas urgentes para lidar com o problema. No entanto, o relatório conclui que “os recursos atualmente disponíveis são insuficientes para lidar com a gravidade da situação”.

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