Infestação do escorpião mais perigoso do país é monitorada em Búzios; veja áreas com maior incidência


Ao g1, o Instituto Vital Brasil informou que houve a captura de 200 escorpiões só no começo deste mês. Equipe da Prefeitura foi treinada e mapeia as regiões com maior incidência. Coleta de escorpiões após chamado de morador em região de vegetação em Búzios, na Região dos Lagos do Rio
Vigilância Ambiental da Prefeitura de Búzios
Uma infestação do escorpião-amarelo, o Tityus serrulatus, considerado o mais perigoso do Brasil, segundo o Instituto Vital Brazil (IVB), está sendo monitorada na cidade de Armação dos Búzios, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro.
Ao g1, o IVB informou que, só no começo de fevereiro, houve a captura de 200 escorpiões da espécie na cidade. Os animais coletados foram incorporados à criação do Laboratório de Artrópodes do instituto, sendo mantidos para pesquisa e extração de veneno.
Escorpião-amarelo tem a picada mais potente entre todos os escorpiões do Brasil
Vitor Corrêa Dias/iNaturalist
Neste mês, agentes do IVB deram treinamento teórico e prático à equipe da Prefeitura de Búzios. Também houve a criação de fluxo de envio dos escorpiões coletados ao instituto, orientações à população e identificação das áreas infestadas, mapeamento que continua a ser feito pelo município.
O biólogo e coordenador do Laboratório de Artrópodes do Instituto Vital Brazil, Claudio Maurício Vieira, alerta que:
A presença desses animais tem aumentado consideravelmente nos últimos cinco anos em áreas onde antes eram menos frequentes, principalmente na Região dos Lagos.
“Uma das estratégias essenciais que desenhamos para lidar com essa situação é o apoio teórico e prático às prefeituras para a identificação, prevenção e controle da proliferação de escorpiões. Isso inclui, por exemplo, a capacitação dos técnicos municipais de vigilância e agentes de saúde”, defende o biólogo.
Um levantamento do IVB mostra o alto número de acidentes com escorpiões e aranhas no Estado do Rio de Janeiro.
2020 – 1.234 acidentes
2021 – 1.219 acidentes
2022 – 1.293 acidentes
Juntos, os acidentes com aranha e escorpião são os mais comuns no estado, correspondendo a 58,2% dos registros com animais peçonhentos.
Em Búzios, não houve registro de ataque neste ano. Segundo o Instituto Vital Brasil, o último pico na cidade ocorreu em 2019, com 19 acidentes envolvendo escorpiões. O dado é do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde.
Áreas com maior incidência em Búzios
O escorpião-amarelo, o Tityus serrulatus, é considerado o mais perigoso do Brasil
Instituto Vital Brazil
A Vigilância Ambiental de Búzios disse ao g1 que está intensificando o monitoramento, realizando busca ativa e que identificou quatro bairros com a maior incidência: Centro, Ferradura, João Fernandes, São José e Rasa.
O órgão esclareceu que não houve registro de ataque neste ano e nem caso de escorpião encontrado em residência, apenas em lotes e áreas com vegetação, menos povoadas, mesmo assim, alerta sobre os cuidados para que a infestação não avance, principalmente, no verão.
“As condições climáticas de calor e umidade típicas desta estação favorecem a proliferação desses animais, que também são impulsionados a procurar abrigo em áreas habitadas devido às chuvas”, esclarece.
A Vigilância alerta ainda que os escorpiões, conhecidos por se alimentarem de baratas e moscas, por exemplo, podem ser encontrados em áreas que atraem esses insetos.
“Evitar o acúmulo de lixo, manter as lixeiras fechadas adequadamente e a colaboração ativa de todos são ações essenciais para minimizar a presença desses animais em ambientes urbanos”, disse a Prefeitura, explicando ainda que vem orientando à população e divulgando informações também nos meios digitais oficiais do município.
Medidas preventivas, segundo o IVB:
Manter jardins e quintais limpos. Evitar o acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico e material de construção nas proximidades das casas;
Evitar folhagens densas (plantas ornamentais, trepadeiras, arbusto, bananeiras e outras) junto a paredes e muros das casas. Manter a grama aparada; limpar periodicamente os terrenos baldios vizinhos, pelo menos, numa faixa de um a dois metros junto das casas;
Sacudir roupas e sapatos antes de usá-los, pois as aranhas podem se esconder neles e picar ao serem comprimidos contra o corpo; combater a proliferação de insetos, para evitar o aparecimento das aranhas que deles se alimentam; verificar a presença de aranhas em hortifrutigranjeiros;
Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos e vãos entre o forro e paredes para impedir o trânsito de aranhas pela residência.
Achei um escorpião, e agora?
Caso o morador de Búzios se depare com um escorpião, a Vigilância Ambiental da Prefeitura pede que ele faça o relato da presença de escorpiões pelo número (22) 2350-6010, ramal 6252, por onde ele também pode solicitar às devidas orientações. A Prefeitura também disponibiliza o seguinte telefone para a remoção de entulho nas ruas: (22) 981458666.
Sobre o escorpião-amarelo
Dos 182 escorpiões que ocorrem no Brasil, apenas quatro são perigosos, são eles: o escorpião-amarelo (T. serrulatus), o escorpião-amarelo-do-Nordeste (T. stigmurus), escorpião-marrom (T. bahiensis) e o escorpião-preto-da-Amazônia (T. obscurus).
Conheça os quatro escorpiões mais perigosos do Brasil
Fernando Daros
Esses artrópodes são carnívoros e da mesma classe das aranhas. Com uma glândula de veneno, são considerados animais peçonhentos, com condições naturais de injetá-lo em presas e predadores. O veneno é considerado neurotóxico, pois o efeito vai além do local da picada, podendo ser sentido em todo o corpo.
“Tityus serrulatus é o causador do maior número de acidentes no país. Eles medem de 5 a 7 cm e, apesar do nome, possuem o corpo escuro com as pernas amarelas. São capazes de se reproduzir por partenogênese, ou seja, sem a necessidade de um macho”, explicou o estudante de biologia Fernando Daros em entrevista ao g1 Campinas em janeiro deste ano. Daros mantém uma página dedicada à divulgação científica de aracnídeos.
Fui picado, e agora?
Apesar da possibilidade do veneno levar à morte, principalmente no caso de crianças e idosos, a maioria dos acidentes, quando devidamente tratados, não evolui para casos graves.
“A grande maioria dos acidentes com escorpiões, inclusive o amarelo, é leve, causando sintomas locais, como dor, edema e vermelhidão. No entanto, alguns casos podem ser mais graves, causando sintomas generalizados, como sudorese, náuseas, vômitos, dor abdominal e queda da pressão. Os mais vulneráveis são crianças e idosos, mas todo acidente com escorpião deve ser avaliado por um médico”, disse o Instituto Vital Brazil.
A recomendação, em caso de picada, é ir imediatamente ao hospital de referência mais próximo, onde a equipe médica avaliará o tratamento mais adequado, que pode incluir o uso do soro antiescorpiônico. Caso seja possível, o escorpião, vivo ou morto, pode ser capturado e levado para o serviço de saúde para uma avaliação apropriada. Fotos do animal também podem ajudar na identificação da espécie.
O IVB disponibiliza, na internet, a lista de Polos de Atendimento para acidentes com animais peçonhentos. Na página tem o nome das unidades de saúde e soros disponíveis.
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