Marido de juíza muda versão sobre arma usada para matar homem em Goiás

Goiânia O marido de uma juíza de Goiás, que chegou a ser preso por matar um homem a tiros em Niquelândia, no norte goiano, deu duas versões sobre a arma usada no crime. À Polícia Militar Francisco Canindé alegou que a arma pertencia ao homem morto. Mas, em depoimento à Polícia Civil, reconheceu que o armamento é seu.

O caso ocorreu na madrugada do último domingo (15/9) em um condomínio de chácaras. O corpo da vítima, identificada como Fábio Sabino, foi encontrado do lado de fora do local. Ele chegou a ser preso, mas foi solto após audiência de custódia e pagamento de fiança no valor de R$ 10 mil.

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À PC ele informou que pegou a arma do crime em casa

Fábio Sabino foi morto a tiros por marido de juíza, em Goiás
Local onde o crime teria ocorrido em Niquelândia (GO)
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À PM marido da juíza disse que a arma era do suspeito

Reprodução/TV Anhanguera

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À PC ele informou que pegou a arma do crime em casa

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Fábio Sabino foi morto a tiros por marido de juíza, em Goiás

Arquivo pessoal

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Local onde o crime teria ocorrido em Niquelândia (GO)

Divulgação/Polícia Civil

Duas versões

Assassino confesso de Fábio Sabino, Francisco Canindé deu duas versões sobre o crime. Na primeira delas, dada à Polícia Militar, ele confessou o homicídio, dizendo que um homem pulou o muro da casa dele e, por motivos desconhecidos, começou a arrastar o neto dele, de 9 anos.

À PM o suspeito relatou que correu em direção ao homem, mas que ele conseguiu fugir, pulando novamente o muro. O marido da juíza, então, correu atrás do homem e contou que, na rua, o desconhecido sacou uma arma e atirou contra ele, mas errou o disparo.

Ainda segundo o marido da juíza, ele entrou em luta corporal com o desconhecido e, com isso, conseguiu desarmá-lo. Nesse momento, ele teria pegado a arma que seria do homem e disparado contra o rosto da vítima. Depois, voltou para casa, informou o filho sobre o que tinha acontecido e fugiu de carro, tendo jogado o armamento em um matagal.

Canindé fugiu para Anápolis, a cerca de 55 km da capital goiana, onde mora. Ele chegou a ser preso, mas foi solto após audiência de custódia e pagamento de fiança no valor de R$ 10 mil.

A versão dada na delegacia, no entanto, foi diferente. Conforme documento obtido pela TV Anhanguera, Canindé contou que ouviu gritos de socorro do neto, que estava sendo agarrado pelas pernas pelo desconhecido.

O investigado afirmou que, temendo pela segurança da família, foi ao quarto, pegou uma arma e mandou o homem sair do local. Ele contou que o homem fugiu, mas continuou ameaçando retornar. Por isso, ele saiu do condomínio, tentando afastá-lo e, ao longo de uma caminhada de cerca de 150 metros, o homem avançou sobre ele.

O marido da juíza também disse na delegacia que, durante essa luta corporal, sem intenção clara, disparou acidentalmente contra o homem, causando a morte dele. Acrescentou que, após o incidente, deixou o local e jogou a arma fora​.

Segundo o marido da juíza, o homem que invadiu a propriedade parecia estar descontrolado, falando de maneira desconexa, repetindo as palavras “matar, matar, matar”​. O investigado disse que não sabia se o desconhecido estava drogado ou embriagado.

À emissora a defesa de Francisco Canindé, feita pelo advogado Matheus Moreira Borges, afirmou que houve um “mal-entendido” entre o cliente e os policiais militares, pois o investigado estava muito nervoso. “O que vai ser levado para os autos e o que vai ser analisado pelo magistrado é aquilo que ele falou em delegacia, que, na hora ali, pressionado pela polícia, nunca tinha passado por isso. A gente não sabe o que ele teria dito”, alegou à TV Anhanguera.

Em nota anterior, a defesa do marido da juíza havia afirmado que a reação do cliente, de matar o homem, foi “motivada pela necessidade de proteger seus entes queridos, especialmente seu neto, uma vez que ele nunca havia tido qualquer contato anterior com a vítima”.

Família pede justiça

A família de Fábio Sabino contesta a versão dada por Francisco Canindé à polícia.

De acordo com familiares da vítima, momentos antes de ser morto pelo marido da juíza, ele estaria em um bar que fica localizado dentro do condomínio de chácaras, onde o assassino confesso também tem uma propriedade.

Ao Metrópoles um primo da vítima, que preferiu não ser identificado, afirmou que o parente estava embriagado, desarmado e não tinha condições de invadir uma chácara, em razão do estado alcoólico. Ainda segundo ele, vítima e autor não se conheciam.

Segundo o primo, Fábio foi morto com um tiro no rosto, que saiu pela nuca. “Ele foi morto por volta das 23h, mas o corpo só foi encontrado durante a madrugada, quando outras pessoas viram o cadáver e acionaram a polícia”, explicou o familiar. Ainda de acordo com ele, o corpo da vítima estava em terreno baldio, a cerca de 800 metros de distância da chácara onde teria sido morto.

“Sabemos que, em breve, as provas aparecerão e mostrarão as mentiras prestadas em depoimentos pelo autor. E, enquanto isso, continuaremos aguardando pacientemente pelo término do inquérito policial. Clamamos que a justiça na Terra seja feita. Jamais nos esqueceremos de você, Fábio”, lamentou a família em nota.

Metrópoles procurou a Polícia Civil de Goiás, que informou que não comentaria o crime e que qualquer comunicado a respeito do caso será feito por meio de nota.

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