‘Quero justiça’, diz pai de menina morta em Ribeirão Preto após polícia apontar mãe e padrasto como suspeitos


Sophia, de 3 anos, morreu com grave lesão cerebral em agosto deste ano. Laudo do IML descartou acidente doméstico, como alega casal, e apontou morte em razão de trauma violento. Felipe Gomes Fernandes, pai da menina Sophia da Silva Fernandes, que morreu em Ribeirão Preto, SP
Aurélio Sal/EPTV
O auxiliar de mercadoria Felipe Gomes Fernandes, pai da menina Sophia da Silva Fernandes, de 3 anos, que morreu com traumatismo craniano em razão de uma pancada na cabeça, diz que espera justiça pela filha.
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A declaração ocorre após a Polícia Civil de Ribeirão Preto (SP) apontar a mãe da criança, Letícia Nunes da Silva, de 20 anos, e o padrasto, Luis Guilherme Braga Barboza, de 29 anos, como principais suspeitos do crime.
“Eu quero justiça, me conforta saber que agora as coisas estão caminhando para o fim. Nada justifica esse crime com ela. Eu quero que quem fez pague pelo que fez, mais cedo ou mais tarde. Seja ele, ela ou os dois, alguém tem que pagar.”
Procurado, o advogado Wagner Simões, que representa Letícia e Luis Guilherme, disse que não há provas de que Sophia morreu por agressão e que isso vai ser esclarecido no decorrer do processo.
Sophia da Silva Fernandes morreu após dar entrada em Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, SP
Arquivo pessoal
Indícios do crime
Sophia morreu no início de agosto após passar nove dias internada na Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE). Os médicos acionaram a polícia após suspeitarem de um episódio de violência em razão das graves lesões cerebrais apresentadas pela menina.
A mãe e o padrasto afirmaram que Sophia foi encontrada caída no banheiro do apartamento, quando foi deixada sozinha tomando banho.
No entanto, o laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que a menina sofreu um forte impacto na cabeça e por meio cruel que resultou em um traumatismo cranioencefálico.
Nesta quinta-feira (19), a delegada Patrícia de Mariani Buldo, titular da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) e responsável pelo inquérito, descartou a morte por queda acidental e ainda apontou o casal como principal suspeito do homicídio.
“O que nós temos no inquérito policial é que essa criança sofreu um homicídio, morreu em razão de morte violenta dentro da casa onde ela residia. Quem residia na casa, quem adulto que poderia ter praticado isso? O padrasto e a mãe”, disse.
Ainda segundo a delegada, o laudo do IML apontou lesões no fundo dos olhos de Sophia, sinais que correspondem ao shaken baby ou síndrome do bebê sacudido, que é quando a criança leva um chacoalhão tão forte que é capaz de lesionar o cérebro.
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Menina alegre
Felipe e a mãe de Sophia estavam separados desde dezembro de 2023. À polícia, Felipe contou que Letícia tinha comportamento bruto com a filha na época em que estavam juntos.
Em julho deste ano, segundo o rapaz, Letícia levou a menina, que até então estava sendo cuidada pela avó materna em Serrana (SP), para viver com ela e o namorado na casa da sogra em Ribeirão Preto. A criança não estava frequentando a escola quando morreu.
O pai de Sophia disse que a filha era uma menina alegre. Na semana passada, a criança teria completado 4 anos se estivesse viva.
“A Sophia era uma criança, ela não tinha maldade. Ela era feliz, creio eu que não havia motivos para ter acontecido isso. Eu nunca vou entender por que fizeram isso. Eu sou jovem ainda, mas é uma perda, é um filho, eu amava muito a Sophia.”
O inquérito deve ser concluído pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) nos próximos dias.
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O que aconteceu com Sophia
A criança foi levada pela mãe e pelo padrasto à UPA no dia 1º de agosto. Letícia disse que colocou a menina para tomar banho por volta das 7h e que foi à cozinha preparar um café. A porta do banheiro ficou aberta.
Alguns instantes depois, Luis Guilherme viu a menina caída no chão.
Segundo a mãe, a filha estava com a cabeça encostada do lado direito e sentada de frente para a porta.
O casal contou que pediu um carro de aplicativo e seguiu para a UPA. Eles não chamaram uma ambulância porque pensaram que o socorro poderia demorar. Segundo o casal, a menina ainda respirava normalmente, não falava, mas dava sinais de que queria vomitar.
Aos médicos, Letícia alegou que Sophia sofreu uma queda enquanto estava sozinha no banheiro. Ela disse que a menina não tinha o hábito de permanecer só durante o banho.
A criança foi transferida em estado grave para a Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE), onde a polícia foi acionada pelos médicos que suspeitaram de episódio de violência contra a menina.
Segundo o boletim de ocorrência, Sophia tinha um “quadro agudo grave de rebaixamento de nível de consciência e descerebração. Não havia histórico de trauma importante ou sinais infecciosos e de uso de substâncias”.
A menina foi submetida a uma cirurgia de emergência para aliviar a pressão do cérebro por causa de um grande hematoma intracraniano. No entanto, foi necessária uma amputação do encéfalo.
O diagnóstico médico foi de hemorragia subdural aguda devido a traumatismo, que é quando há acúmulo de sangue entre o crânio e o cérebro causado por um impacto na cabeça. Uma análise oftalmológica também apontou que Sophia tinha hemorragia na retina dos dois olhos, sugestivas de trauma de grande energia.
A menina teve a morte encefálica confirmada no dia 9 de agosto.
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