Mancha de poluição no Rio Tietê, o maior de SP, aumenta 47 quilômetros em 2024, o pior ano desde 2012


Rio principal e afluentes têm trechos considerados ruins e péssimos com espuma e mortandade de peixes. Governo do estado diz que está realizando ações, como retirada de milhares de pneus e sedimentos. Mancha de poluição aumenta no Rio Tietê
Reprodução/TV Globo
A mancha de poluição na Bacia Hidrográfica do Rio Tietê, que corta quase todo o estado de São Paulo, aumentou 47 quilômetros e saltou para 207 km de 2023 para 2024. É o pior ano desde 2012, quando a marca chegou a 240 km. Os dados são da Fundação SOS Mata Atlântica e foram divulgados na noite desta quinta-feira (19) pelo Jornal Nacional e pelo g1.
A poluição torna a água imprópria em 131 km com situação “ruim” e em 76 km classificados como “péssima”, o que representa 35,9% dos 576 km monitorados dos 1.100 km de extensão total, desde a nascente, em Salesópolis, até Barra Bonita, no interior do estado. No ano anterior, eram 160 quilômetros de água imprópria, ao todo.

“Infelizmente, do ano passado para este a gente notou um aumento dessa mancha de poluição. Então, está mostrando que os esforços empreendidos não são suficientes, principalmente devido à situação de mudanças climáticas que o planeta vive”, informou Gustavo Veronesi, coordenador do programa da SOS Mata Atlântica, que faz o monitoramento com uma rede de voluntários em 61 pontos pelo estado.
Dos seis pontos considerados péssimos, três estão no Rio Pinheiros, na cidade de São Paulo, apesar das ações focadas do governo com o “Novo Rio Pinheiros”.
No entanto, a ONG considera que houve melhora, tanto no aspecto quanto no cheiro do Rio Pinheiros após mais de 600 mil ligações de esgotos realizadas.
Os resultados são dos pontos de coleta nas Pontes do Jaguaré, Cidade Jardim e João Dias.
Mancha de poluição no Rio Tietê
Reprodução/g1
No caso da poluição do Tietê na cidade de São Paulo, o especialista sugere a criação de parques como alternativa mais urgente para tentar reduzir o problema.
“Muita visibilidade já foi dada ao Parque Linear do Rio Pinheiros (Parque Bruno Covas), ainda em obras. Outros menores já foram criados, como o do Corujas. Há também casos de plantios à beira do rio por iniciativa de cidadãos.”
Outros três pontos que chamaram a atenção do grupo pela piora na qualidade da água foram na região das cabeceiras do Rio Tietê, em Mogi das Cruzes, Suzano e Itaquaquecetuba. Segundo o estudo, em Mogi das Cruzes, houve um ponto que saiu de qualidade “boa” para “regular” e outro ponto que saiu de qualidade “regular” para “ruim”.
Já os pontos do rio Tietê em Suzano e em Itaquaquecetuba foram de qualidade “ruim” para “péssima” de um ano ao outro.
O ponto do Rio Caiacatinga, em Itu, no interior do estado, também teve piora, saindo da condição “boa” para “regular”, assim como o registrado com o Rio Piracicaba, em Piracicaba, onde houve mortandade de milhares de peixes registrada em trecho urbano em 7 de julho.
Pontos analisados no Rio Tietê
Reprodução/g1
O que diz o governo do estado
Mancha de poluição aumenta no Rio Tietê
Reprodução/TV Globo
O estado de São Paulo é o responsável pela limpeza do Tietê. Das toneladas de lixo retiradas diariamente, de janeiro de 2022 a agosto deste ano, considerando-se apenas pneus, foram recolhidas 12.631 unidades das águas. Em 2023, foram 4.104 pneus – o equivalente a 11 por dia.
Pneus retirados do Rio Tietê:
2024 – 2.023 (de janeiro a agosto)
2023 – 4.104
2022 – 6.504
Todo esse material é levado à Unidade de Tratamento Ecológico de Pneus, em Guarulhos, na Grande São Paulo, onde é triturado e pode ser reaproveitado. Um exemplo é a transformação em borracha granulada para campos de futebol com grama sintética ou pavimentação.
Segundo o governo de São Paulo, a recuperação do Rio Tietê e seus afluentes está incluída no programa IntegraTietê. Na frente de desassoreamento, que faz a retirada de dejetos do fundo, foram iniciados recentemente novos lotes que representarão juntos a retirada de 1,5 milhão de metros cúbicos de sedimentos do Tietê e do Pinheiros.
“Um investimento somado de R$ 302,7 milhões. Isso se soma aos 717 mil metros cúbicos já retirados de janeiro a agosto, que representam um investimento total de R$ 157,69 milhões. Com isso, encerraremos 2024 com um resultado ainda melhor que em 2023, quando retiramos mais de 1 milhão de metros cúbicos do Tietê e Pinheiros, o equivalente a mais de 80 mil caminhões cheios, com investimento de R$ 298,5 milhões”, disse em nota.
Ainda segundo a pasta, somando 2023 e 2024 até agosto, há um total de retirada de sedimentos superior a 3,2 milhões de metros cúbicos.
O trabalho de desassoreamento remove o material que está no leito do rio, mas há também resíduos flutuantes.
“Investimos mais de R$ 100 milhões desde 2023 na retirada de lixo superficial do rio Pinheiros, afluente do Tietê, com mais de 67 mil toneladas de resíduos retirados.”
A Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae) retirou das grades de suas usinas desde 2023 um total de 1,5 mil toneladas de lixo.
“Isso mostra a importância da conscientização da população, e para isso estamos colocando no Pinheiros um lixômetro, um medidor da quantidade de lixo que está sendo recolhida de dentro do rio, com atualização semanal.”
Outra frente é o trabalho de coleta e tratamento de esgoto. O estado diz que a universalização do saneamento prevista até 2029 representará um salto na despoluição dos rios.
“Será evitado o lançamento no meio ambiente de esgoto gerado por aproximadamente 10 milhões de pessoas, o equivalente a 200 mil piscinas olímpicas”.

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