Jão vira Jerry Adriani da geração Z e arranca suspiros no Rock in Rio 2024


Cantor mostrou no festival que não é mais popstar de nicho. Carismático, ele fez show inspirado em programa de auditório e foi chamado de ‘lindo, tesão, bonito e gostosão’. Jão canta ‘Idiota’ e levanta público do palco Mundo
Se a Jovem Guarda surgisse nos anos 2020, seria Jão no palco cantando “Doce Doce Amor”. No maior espaço do Rock in Rio, o cantor completou nesta quinta-feira (19) sua transição de popstar de nicho a uma espécie de Jerry Adriani da geração Z.
O festival será transmitido todos os dias, a partir das 15h15, no Globoplay e no Multishow.
“Eu acho a minha carreira engraçada porque a gente foi construindo as coisas aos poucos. Elas levaram um tempo para acontecer”, disse a uma multidão de jovens empolgados na plateia do Palco Mundo. “Muita gente acha que esse palco me foi dado de mão beijada. Não foi bem assim.”
Mesmo com uma carreira relativamente recente (o primeiro álbum, “Lobos”, é de 2018), o cantor de 29 anos trabalhou mesmo duro para chegar lá. Lançou quatro álbuns em cinco anos, melhorou como compositor e aprimorou muito sua performance no palco. Hoje, é um dos artistas que mais vendem ingressos no Brasil. Este ano, sua “Superturnê” lotou estádios pelo país.
A série de shows promove “Super”, álbum lançado em agosto de 2023. Nele, Jão amplia referências musicais, indo do pop de sintetizadores ao country, e acrescenta doses de sensualidade ao repertório meloso. A dobradinha de “Me Lambe” e “Locadora”, duas faixas do disco, foi um dos melhores momentos da apresentação.
Na última, que fala sobre um amor antigo, Jão pegou uma filmadora e apontou para um rapaz na área reservada em frente ao palco. As imagens apareceram no telão. O público achou romântico.
Pouco depois, apresentou “Meninos e Meninas”, música do álbum “Pirata” (2021) em que fala sobre sua bissexualidade.
Jão filma namorado e público enquanto canta ‘Locadora’ durante show no Rock In Rio
Programa de auditório
Alguns elementos que nunca faltaram às performance de Jerry Adriani nos anos 1960 e 70 também estão sempre presentes nos shows de Jão:
as letras sobre amores intensos e (quase sempre) malsucedidos; fãs chorões cantando em coro e relembrando as próprias dores de cotovelo;
as poses, caras e bocas de galã — no Rock in Rio, teve até o arcaico grito de “lindo, tesão, bonito e gostosão”, que o próprio Jerry deve tantas vezes ter escutado.
Para completar o clima de Jovem Guarda, o cantor levou ao Rock in Rio um cenário inspirado num programa de auditório sessentista. Antes de tudo começar, uma dupla de fãs “ligou” a apresentação num controle remoto. Um grupo com mais fãs assistiu à performance numa arquibancada no palco.
Depois de “Julho”, música do “Super”, guiou a plateia com bom-humor, sem fugir do tema, numa gravação que indicava: “3, 2, 1… aplausos”.
A música fechou um momento mais acústico, que também teve “Acontece”, do disco “Pirata” — nessa, cantada num tom mais baixo, os sons instrumentais se sobrepuseram á voz do cantor.
Antes de “Imaturo” — faixa do “Lobos” com o coerente refrão: “Eu gosto de você, tchau!” –, ele se autoironizou: “Minha carreira só aconteceu porque um dia eu escrevi essa canção. E eu prometi para mim mesmo que eu ia cantar ela para sempre, mesmo que ela seja muito irritante”.
Alguns podem mesmo achar Jão irritante. Mas a demanda por sua música é um fato. Resta saber se ele será tão duradouro quanto a Jovem Guarda.
Cartela resenha crítica g1
g1
Jão abre o Palco Mundo no quarto dia de Rock in Rio
Leo Franco / AgNews

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