Parteiras e doulas são essenciais no pré, durante e pós-parto

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Celebrado neste 20 de janeiro, o Dia Nacional da Parteira é importante para reconhecer e valorizar o papel fundamental das parteiras na saúde materna e no parto humanizado. É uma oportunidade de destacar a dedicação e o cuidado que as parteiras oferecem às famílias durante esse momento especial.

A importância das doulas, termo que significa mulher que serve, é essencial porque tem a capacidade de ofertar apoio emocional e psicológico para a mulher e a acompanhante para que no momento do parto também essa família esteja mais confortável e, principalmente, em casos que não se conheça a equipe médica e de enfermagem que esteja no parto.

“Então, a doula faz consultas durante o pré-natal, explica como que funciona o trabalho de parto; como que pode ser a dor; oferece formas de alívios naturais dessa dor antes de um processo anestésico”, comenta a ginecologista e obstetra Monique Novacek, da Clínica Mantelli.

Segundo a médica, durante as consultas de pré-natal a doula vai preparando a mulher para todo o ambiente que pode acontece; o cenário que vai ser esperado; orientar que é importante a presença de um acompanhante. “Elas fazem durante as consultas, o plano de parto com essa parturiente, com essa gestante. Então no plano de parto vão ser colocados os desejos e os não desejos, as coisas que essa gestante não deseja que aconteça na sala de parto para tornar-se um ambiente humanizado e respeitoso”, destacou a obstetra.

De acordo com a ginecologista, as doulas escrevem, discutem e têm o plano de parto para essa parturiente apresentar para a equipe médica. Durante o trabalho de parto, então além do apoio psicológico tem ajuda física, “elas conseguem orientar exercícios para ajudar tanto no alívio de dor quanto na descida do bebê no canal vaginal. Elas conseguem fazer hidroterapia, aromaterapia, massagens até acupuntura eletroestimulações para deixar esse momento mais confortável aliviando de maior forma possível não farmacológica a dor dessa mulher”, comenta.

Para a médica, o apoio segue no pós-parto. “Elas acabam tendo suporte também emocional sempre, mas. acabam orientando muitas vezes a rotina do sono do bebê e os primeiros cuidados dessa criança. Algumas têm também técnicas, ajudam na questão da amamentação. Então, a doula é uma figura importante, tanto num parto normal quanto na cesárea, para deixar tanto a mulher quanto o acompanhante e os familiares tranquilos nesse momento tão especial.

Para Carolina Teixeira Assadurian, fundadora da Cacau Care, doula e terapeuta do sono biopsicossocial, que trabalha em parceria com Monique, o trabalho é uma oportunidade de capacitar as mulheres, orientando-as a compreender que seus corpos e fisiologias foram projetados para a gestação e o parto.

“Além disso, busco desconstruir a noção difundida pela sociedade de que o parto normal é doloroso e penoso. São sensações que ela poderá apreciar e até sentir saudades mais tarde. Eu me percebo como um recurso de informação, apoio psicológico e físico neste momento crucial. Além disso, podemos assegurar que ela estará cercada pela equipe de parto que esteja de acordo com suas preferências, evitando que seja atendida por profissionais que não estejam alinhados com as escolhas para o corpo dela e seu bebê.”

Antes do parto, diz a profissional, “nos dedicamos a fornecer preparação abrangente para o parto e pós-parto. Realizamos encontros nos quais explicamos a fisiologia do parto, colaboramos com a elaboração de um plano de parto baseado nos desejos da mulher e preparamos um plano de pós-parto abordando tópicos como amamentação, sono do bebê e também preparamos a rede de apoio e o acompanhante para ser um alicerce de segurança para ela”.

“No dia do parto, atuo como fonte de conforto, oferecendo massagem, aromaterapia, cromoterapia, e exercícios que facilitam a descida e encaixe do bebê. Além disso, ofereço suporte emocional nos momentos de exaustão e medo. No pós-parto, mantenho um apoio contínuo durante o baby blues, amamentação, sono infantil e estou disponível para oferecer qualquer suporte necessário para essa nova mulher que emergiu como mãe”, explica. 

Segundo Carolina, muitas mulheres que não tiveram a presença de uma doula em sua primeira gestação buscam contratar uma para a segunda. A experiência no parto anterior não anula a necessidade da doula. A presença da doula na equipe escolhida pela parturiente proporciona segurança, conforto, informação, apoio físico e emocional contínuo. Cada gestação é única e cada parto é diferente.

As mulheres que não têm acesso a todas essas informações, apoio e orientação, podem parir naturalmente por sua fisiologia, mas frequentemente enfrentam dúvidas, medos, desconforto e insegurança devido à falta de instrução. Toda mulher merece ter uma doula ao seu lado.

“A crença de que a cesárea é a forma mais segura de um bebê nascer é um mito perpetuado para que profissionais não humanizados, possam ter mais controle sobre suas agendas e pacientes, ou para se destacarem como os principais protagonistas em um momento que pertence à mulher e ao bebê. O parto normal é, na verdade, a via de parto mais segura para a mãe e o bebê. No entanto, a mulher precisa desejar vivenciar essa experiência de forma real, afinal o corpo é dela, com acesso a informações verdadeiras, livres de mitos e medos infundados criados pela sociedade”, analisa. 

“Infelizmente, vivemos em uma sociedade em que a cultura do sistema obstétrico favorece a cesárea. Assim, não basta desejar ter um parto normal bonito. É crucial ter acesso à informação e escolher locais e equipes que irão respeitar suas escolhas, e é aí que a presença da doula se torna indispensável também.”

Na opinião de Carolina, quando parteiras e doulas trabalham em conjunto, criam-se sinergias únicas que beneficiam a mulher durante o processo de parto. “A parteira pode se concentrar nas questões clínicas e médicas, assegurando a segurança da mãe e do bebê, enquanto a doula oferece suporte emocional, conforto físico e informações úteis para a mulher e sua família. Essa colaboração promove uma abordagem holística que atende tanto às necessidades clínicas quanto às emocionais da mulher.”

A ginecologista Monique analisa que muitas parturientes que acabam não tendo contato com a doula ou a parteira, vão acabar aceitando qualquer situação que o médico ofereça, seja uma cesárea não necessária, ela vai acabar não entendendo o porquê.

“Então, quando ela tem um pouco mais de conhecimento e apoio e suporte psicossocial, que a gente fala, ela também começa a questionar algumas condutas que ela já ouviu falar que realmente não são, muitas vezes, necessárias. Então, ela vai fazer questão do acompanhante, vai fazer questão de um ambiente calmo e respeitoso para ela, vai fazer questão que o médico explique para ela também, se precisar ir para uma cesárea, o porquê disso acontecer, se o neném está em sofrimento, explicar para ela. Toda ação que for oferecida, ela vai ter um conhecimento já prévio de questionar se aquilo é necessário ou não. Então, isso deixa a paciente muito mais tranquila também, caso seja uma parte cesárea, ela vai mais tranquila e confiante, porque ela sabe que vai ser necessário, ela teve todo esse apoio, tanto do médico quanto da doula”, acredita a médica. 

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