Moradores recorrem à fé para pedir chuva em Minas Gerais: ‘Deus vai nos atender’


Além da densa cortina de fumaça causada pelos incêndios florestais, há mais de 150 dias não chove em, pelos menos, 80 cidades do estado. Entre elas, a capital mineira. Fiéis de Congonhas se reuniram para um ritual religioso com objetivo de “chamar a chuva”
Fé para voltar a chover! Após mais de 150 dias sem uma gota d’água cair do céu, moradores do bairro Pires, em Congonhas, na Região Central de Minas Gerais, se reuniram, nesta terça-feira (17), para um ritual com objetivo de “chamar a chuva”.
Rezando em voz alta, o grupo, formado majoritariamente por senhoras entre 60 e 70 anos, percorreu cruzeiros da cidade e molharam a base de cada cruz para espantar a estiagem.
Com fé, Dona Lia clama por chuva em Congonhas/MG
Sandoval de Souza Pinto Filho
Os mais antigos acreditam que o ato de fé é a maneira certa para que logo a chuva volte.
“Cresci com essa tradição, sabe? Quando tá muito seco, é só pedir com fé e jogar água ao redor da cruz, que a chuva vem. Deus sempre nos atendeu. Ele vai nos atender!”, disse, esperançosa, a moradora Maria das Graças Moraes Rocha, mais conhecida como Dona Lia.
Assim como em outras cidades do estado, incêndios em vegetação têm sido recorrentes em Congonhas
Sandoval de Souza Pinto Filho
Aos 71 anos, Dona Lia disse que nunca viu o tempo seco como está agora. Ela ora e torce para que o período de estiagem passe logo.
“Onde eu moro tá muito triste. Você não imagina! Eu vejo minhas plantas vermelhas de tanto pó. É como se diz: estamos engolindo poeira. Tem fumaça e fogo pra tudo quanto é lado. Tá tudo queimado, e sem água a gente não vive”, desabafou.
LEIA MAIS:
Veja como fica o tempo no estado
BH é a capital brasileira com maior número de dias sem chuva, segundo Inmet; veja ranking
Minas Gerais
Oitenta cidades em Minas Gerais estão sem chuva há mais de 150 dias. Congonhas está na lista.
No estado haverá algumas mudanças nos últimos dias de inverno. Uma frente fria pode aumentar a infiltração marítima e, consequentemente, a quantidade de nuvens – o que pode provocar pancadas isoladas no extremo Sul de Minas, podendo amenizar a secura e a concentração de poluentes sobre a atmosfera.
Cidades como Itajubá e Passa Quatro, na Região Sul, e Juiz de Fora, na Zona da Mata, podem ter uma semana ainda com altas temperaturas e tempo abafado.
Imóveis são ‘escondidos’ pela fumaça causada pelas queimadas florestais
Reprodução/TV Globo
Belo Horizonte lidera o ranking das capitais brasileiras com maior número de dias sem chuva, neste ano, informou o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Caso não chova nesta terça-feira (17), BH completa 151 dias sem ver uma gota d’água cair do céu.
De acordo com o meteorologista Claudemir de Azevedo, as outras capitais campeãs na estiagem são:
☀️ Brasília
☀️ Goiânia
☀️ Cuiabá
☀️ Palmas
Incêndios
Segundo o monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), são mais de 340 incêndios em apenas 48 horas. Neste momento, há incêndios em pelo menos dez parques e unidades de conservação no estado.
Desde sábado (14), a Serra do Cipó, em Santana do Riacho, na Região Central, arde em chamas.
No Parque Nacional da Serra do Gandarela, também na Região Central, o incêndio já dura mais de uma semana. Bombeiros e brigadistas usam sopradores para tentar conter o avanço das chamas. Também há aeronaves ajudando no trabalho em áreas onde o acesso é mais difícil. Pelo menos 300 hectares já foram queimados.
Em Catas Altas, na mesma região, a Serra do Caraça também queima há uma semana. Já são mais de 2,5 mil hectares destruídos pelas chamas.
Confira os vídeos mais vistos no g1 Minas:

Adicionar aos favoritos o Link permanente.