Trump zomba de nome original de rival Nikki Haley, filha de imigrantes indianos, e resgata estratégia usada contra Obama


Pré-candidata republicana e única rival de Donald Trump para concorrer à Casa Branca pela sigla, Haley tem como nome de nascimento Nimarata Nikki Randhawa. Trump a chamou de “Nimbra” e disse que ela está incapacitada para concorrer por ser filha de imigrantes. Ex-presidente usou estratégia com Barack Obama. Trump e Nikki Haley durante campanha das primárias de New Hampshire
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Trump e Nikki Haley durante campanha das primárias de New Hampshire
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O nome de nascimento de Nikki Haley, única rival de Donald Trump na disputa interna do Partido Republicano para definir seu candidato à presidência dos Estados Unidos, tem sido alvo de ataques por parte de Trump.
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O ex-presidente dos EUA e pré-candidato republicano tem zombado do nome de nascimento de Haley, Nimarata Nikki Randhawa, resgatando sua estratégia de focar em raça e etnia para atacar rivais que inaugurou com o também ex-presidente Barack Obama (leia mais abaixo).
Em uma postagem em sua rede social Truth Social na semana passada, Trump se referiu a Haley, filha de imigrantes da Índia, como “Nimbra” por três vezes. Trump, que é filho, neto e já foi casado por duas vezes com imigrantes, disse que sua rival “não tem capacidade” para governar o país.
A postagem de Trump foi uma escalada de ataques recentes nos quais ele mencionou o primeiro nome de Haley. O ex-presidente afirmou, falsamente, que ela não é elegível para a presidência porque seus pais não eram cidadãos dos EUA quando ela nasceu, em 1972.
Ex-governadora da Carolina do Sul e ex-embaixadora dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU), Nikki Haley nasceu em Bamberg, na Carolina do Sul. Ela sempre foi conhecida pelo seu nome do meio, “Nikki”, e adotou o sobrenome “Haley” ao se casar em 1996.
Trump e Haley são atualmente os únicos pré-candidatos à presidência pelo Partido Republicano, após o governador da Flórida, Ron De Santis, desistir de sua candidatura. Na segunda etapa das prévias, realizadas na terça-feira (23) em New Hampshire, Trump saiu vencedor.
Os ataques ecoam a retórica “birther” de Trump contra o ex-presidente dos EUA Barack Obama. Trump passou anos promovendo a teoria da conspiração de que o primeiro presidente negro do país nasceu no Quênia e não era um cidadão natural dos EUA, como exigido pela Constituição.
Foi após essa retórica que Trump foi ganhando notoriedade, antes de se tornar presidente, entre a base culturalmente conservadora dos republicanos, que costuma apoiar políticas anti-imigração.
Haley criticou os últimos ataques de Trump, que ela disse ser a prova de que o ex-presidente se sente ameaçado pela ex-embaixadora.
“Vou deixar as pessoas decidirem o que ele quer dizer com esses ataques”, disse Haley a repórteres em New Hampshire na sexta-feira, quando questionada sobre as afirmações falsas de Trump de que sua herança a desqualifica para o cargo.
Trump também usou o nome de Ron DeSantis para zombar do candidato. Mas os apelidos que inventou ao ex-rival – “Ron DeSanctimonious” ou “Ron DeSanctus” – não têm nenhuma relação com raça ou etnia. DeSantis é branco.
O foco de Trump no nome de Haley ecoa em ataques similares feitos em fóruns on-line da extrema direita dos Estados Unidos. Há meses, esses grupos têm sido inundados de comentários racistas sobre Nikki Haley e falsas alegações.
O nome de Haley e seu histórico familiar também se tornaram pontos de discussão na esquerda. Algumas postagens amplamente divulgadas nas redes sociais chamaram a ex-embaixadora de hipócrita por afirmar que a América “nunca foi um país racista” quando ela mesma teria sido vítima de racismo.
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O pastor Darrell Scott, um homem negro que liderou uma coalizão de diversidade para as campanhas anteriores de Trump, defendeu os últimos ataques do ex-presidente como “flechas típicas da temporada eleitoral”.
“Você tem que analisar a política como política. Não é pessoal”, disse Scott. “Ele não está pretendendo menosprezá-la ou degradá-la de alguma forma. Ele está fazendo isso para ganhar votos”, declarou Scott.
A republicana Tara Setmayer, integrante da ala do partido que se opõe a Trump, disse achar que os ataques são condenáveis.
“Essas são as divagações de um homem quase pateticamente inseguro que demonstrou ao longo de toda a sua carreira seu racismo e preconceito”, disse Setmayer. “Por que alguém esperaria que fosse diferente agora, quando todo um partido político permitiu esse nível de comportamento moralmente questionável?”
Estratégia com Obama e Kamala Harris
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Trump tem um longo histórico de usar raça, etnia e herança de imigrantes como arma.
Durante anos, ele se referiu a Barack Obama como “Barack Hussein Obama”, enfatizando o nome do meio do ex-presidente.
Obama é filho de uma mãe norte-americana branca e de um pai negro do Quênia. Ele nasceu no Havaí, embora Trump tenha passado anos afirmando que Obama havia fabricado a história e um certificado de nascimento para apoiá-la.
Trump eventualmente admitiu que suas alegações eram falsas, mas então, durante a eleição geral de 2016, disse que o fez apenas para “seguir com a campanha”.
Quando David Duke, antigo líder do Ku Klux Klan, encorajou os eleitores republicanos nas primárias a apoiarem Trump em 2016, Trump respondeu numa entrevista à rede norte-americana de TV CNN que não sabia “nada sobre David Duke, não sei nada sobre os supremacistas brancos”.
O ex-presidente também está entre os muitos republicanos que pronunciam mal o nome da vice-presidente Kamala Harris.
Harris, que é descendente de índios e jamaicanos, é a primeira mulher a se tornar vice-presidente e a terceira pessoa não branca como presidente ou vice-presidente, depois de Obama e Charles Curtis, vice-presidente de Herbert Hoover.
Durante a sua gestão como presidente, Donald Trump também falou de “países de merda” ao se referir a nações da África e questionou por que os Estados Unidos aceitariam imigrantes do Haiti em vez de pessoas oriundas de países como a Noruega.
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