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Os recentes resultados da Petrobras trouxeram à tona questões relevantes sobre o impacto dos custos de produção e a política de preços praticada pela estatal. Em entrevista à BM&C News, Fred Nobre, analista da Warren Investimentos, destacou os principais fatores que afetaram o balanço da empresa, incluindo a valorização do dólar, a variação do Brent e a dinâmica entre as áreas de exploração e refino.
Impacto dos custos de produção
Segundo Nobre, o custo de produção da Petrobras continua competitivo, ficando em torno de US$ 9 por barril, mas houve um aumento em relação ao trimestre anterior, quando a média foi de US$ 8,3 por barril. Esse acréscimo foi atribuído às paradas de manutenção e ao ramp-up (fase inicial de produção) do campo de Búzios, que tem recebido investimentos significativos da companhia.
No refino, o desempenho foi melhor do que o esperado, registrando a melhor margem desde 2023. Esse resultado ajudou a afastar temores do mercado sobre a possibilidade de a Petrobras estar vendendo combustíveis a preços abaixo do custo. No entanto, o aumento dos investimentos e a redução no pagamento de dividendos pesaram sobre a percepção do mercado.
A política de preços da Petrobras e seus efeitos
A estratégia de precificação da Petrobras tem sido alvo de críticas e especulações sobre possíveis mudanças. No entanto, Nobre avalia que qualquer alteração significativa deve ocorrer apenas após as próximas eleições e eventuais mudanças na diretoria e no conselho da estatal.
Atualmente, a Petrobras adota uma estratégia baseada em bandas de preços, evitando repassar integralmente a volatilidade do mercado ao consumidor final. Enquanto essa abordagem reduz o impacto inflacionário e oferece previsibilidade para setores dependentes de combustíveis, também impede que a empresa maximize seus lucros.
“A Petrobras não está operando no prejuízo, mas também não está maximizando sua rentabilidade“, explica Nobre. Segundo ele, se a companhia seguisse integralmente a paridade de importação, poderia gerar resultados financeiros mais robustos para os acionistas. No entanto, esse modelo também poderia trazer problemas como inflação mais elevada, insatisfação popular e instabilidade política, como ocorreu no passado.
O papel do pré-sal no futuro da estatal
A exploração e exportação de petróleo continuam sendo os principais motores de rentabilidade da Petrobras. Atualmente, quase 80% da produção da estatal vem do pré-sal, onde os custos são mais baixos e as margens são mais atrativas. O plano estratégico da empresa prevê a expansão da capacidade de exploração nos próximos cinco anos, tornando as exportações cada vez mais relevantes no balanço financeiro.
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O post “Petrobras não opera no prejuízo, mas não maximiza a rentabilidade”, avalia analista apareceu primeiro em BMC NEWS.