
Os acidentes com água-viva aumentaram 88,46% no litoral catarinense entre 11 a 17 de fevereiro, em relação à semana anterior. Segundo o CBMSC (Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina), foram registradas 5.856 lesões no período, uma média de aproximadamente 836 por dia.

O vinagre ajuda a neutralizar o veneno e aliviar a ardência nos acidentes com água-viva – Foto: Divulgação/CBMSC/ND
No sábado (15), por volta das 12h, um homem de 38 anos sofreu choque anafilático na Praia de Fora, em Palhoça. A vítima teve uma reação alérgica grave ao contato com o animal e foi socorrida por guarda-vidas.
Além da ardência da queimadura, o banhista apresentou inchaço na garganta e sinais de parada cardiorrespiratória. Um médico do Samu foi transportado até a praia por um helicóptero da Polícia Militar.
Após o atendimento médico, a vítima foi encaminhada de ambulância à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) mais próxima em condições estáveis de saúde.
Veja a evolução dos acidentes com água-viva desde o início da temporada em SC

Os acidentes com água-viva passaram de 3.107 entre 4 e 10 de fevereiro para 5.856 entre os dias 11 e 17 – Foto: Luana Dallabrida/ND
De acordo com informações do CBMSC, o litoral catarinense contabilizou um total de 31.053 acidentes com água-viva desde o início da alta temporada, em 16 de dezembro de 2024. A média é de 353 ocorrências por dia.
- de 16 à 23 de dezembro de 2024 = 212 ocorrências
- de 24 à 30 de dezembro de 2024 = 4.008 ocorrências
- de 31/12 à 06 de janeiro de 2025 = 6.506 ocorrências
- de 07 à 13 de janeiro de 2025 = 3.875 ocorrências
- de 14 à 20 de janeiro de 2025 = 2.114 ocorrências
- de 21 à 27 de janeiro de 2025 = 3.217 ocorrências
- de 28/01 à 03 de fevereiro de 2025 = 2.158 ocorrências
- de 04 à 10 de fevereiro de 2025 = 3.107 ocorrências
- de 11 à 17 de fevereiro de 2025 = 5.856 ocorrências
Apesar do aumento de 88,46% na última semana, a incidência ainda pode ser considerada abaixo do normal. O oceanógrafo Charrid Resgalla Jr., professor da Escola Politécnica da Univali (Universidade do Vale do Itajaí) consultado pelo CBMSC, esclarece que um índice superior a 10 mil acidentes com água-viva por semana seria acima do comum.
Como evitar acidentes com água-viva? Veja recomendações dos bombeiros

Bombeiros orientam banhistas a procurar um posto de guarda-vidas ao sofrerem lesões – Foto: Divulgação/CBMSC
A presença de águas-vivas no mar é indicada pela bandeira lilás, distribuída em postos de guarda-vidas de todo o litoral catarinense e mapeada no aplicativo CBMSC Cidadão. Ao avistar a bandeira, a recomendação é não entrar no mar e não andar de pés descalços na praia.
Alberto Lindner, professor de Biologia e Oceanografia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), aconselha observar o mar para prevenir acidentes com água-viva.
“É preciso ficar muito atento quando entrar na água, especialmente com a caravela-portuguesa, que causa os acidentes mais graves. Só que ela é bem mais fácil de ver, porque é toda roxa e fica boiando”, aponta o professor.

O contato com águas-vivas pode desencadear reações alérgicas graves, como ocorreu com o banhista de 38 anos em Palhoça – Foto: Divulgação/CBMSC
Os tentáculos da caravela-portuguesa, que contêm o veneno, ficam debaixo d’água e podem chegar a 50 metros de comprimento. Alberto Lindner esclarece, porém, que as águas-vivas não atacam os banhistas.
“Isso é importante: a água-viva não ataca, é a gente que vai em direção e toca nela sem querer”, define.
Nos casos de acidentes com água-viva, o ideal é buscar atendimento no posto de guarda-vidas imediatamente. Confira as dicas dos bombeiros:
- Ao sentir ardência ou visualizar a água-viva na água, saia imediatamente do mar;
- Procure o posto de guarda-vidas mais próximo;
- Não use água doce, urina ou outros líquidos no ferimento. A urina é contraindicada porque sua acidez pode aumentar a sensação de queimadura e causar infecções devido à presença de bactérias;
- Lave apenas com água salgada;
- Solicite vinagre no posto de guarda-vidas. Ele é cientificamente comprovado para aliviar os sintomas.

A bandeira lilás alerta para a presença de águas-vivas no mar – Foto: Divulgação/CBMSC/ND
O pesquisador Alberto Lindner também recomenda retirar os tentáculos restantes da pele. A aplicação de vinagre ajuda a neutralizar o veneno que ainda não foi injetado.
“Para diminuir a inflamação, dá para fazer compressas com água fria, mas não com água direto em cima do ferimento, porque isso pode levar à liberação de mais veneno”, explica.
Também é fundamental ficar atento às reações alérgicas desencadeadas pelos acidentes com água-viva, como ocorreu na Praia de Fora em Palhoça. Os casos mais graves podem até levar à morte.
“Se tiver alguma questão mais grave, começar a sentir náusea, falta de ar, algum tipo de reação alérgica, é importante procurar um serviço de urgência”, alerta o professor.