
A recente alta das bolsas globais tem levado grandes investidores a reconsiderarem suas estratégias. A migração de capital de ações de crescimento para empresas de valor vem ganhando destaque, especialmente diante da possibilidade de uma correção no mercado. O tema foi debatido por Bruno Corano, economista e gestor de investimentos, em entrevista à BM&C News.
Corano destacou que, nos últimos anos, o mercado acionário, especialmente nos Estados Unidos, foi impulsionado pela forte valorização das empresas de tecnologia. No entanto, muitos ativos estão negociados perto das máximas históricas, o que aumenta os riscos para quem entra agora. “Há dois anos e meio já víamos que as bolsas americanas estavam muito valorizadas. O risco de entrar no mercado e sofrer uma correção sempre esteve presente, mas a alta continuou surpreendendo”, afirmou.
Diante desse cenário, investidores institucionais e fundos de grandes fortunas têm buscado alternativas mais seguras. “A única forma de se proteger desse movimento é estabelecer gatilhos de proteção. Quando há um sinal de mudança de tendência, como uma queda repentina após uma sequência de altas, podemos liquidar posições para preservar capital”, explicou Corano.
Atração dos investidores por empresas de valor
Com o receio de que o rali do mercado possa perder força, Corano vê maior atratividade em empresas de valor, setores tradicionais e consolidados que não acompanharam a euforia das big techs. “Muitas empresas ficaram esquecidas, amassadas pelo mercado, enquanto as de tecnologia dispararam. Algumas dessas companhias tradicionais apresentam valuation mais atrativo e oportunidades interessantes para o longo prazo”, pontuou.
O economista reforçou que sua principal estratégia de investimentos se baseia na análise de 65 empresas listadas na Nasdaq e NYSE, todas pertencentes a setores tradicionais e longe do segmento de tecnologia. “Temos um método rigoroso de análise, compramos quando os papéis estão subvalorizados e vendemos quando atingem preços elevados. Essa abordagem tem sido a mais lucrativa ao longo dos anos para investidores de longo prazo”, explicou.
Cautela no stock picking
Apesar das oportunidades, Corano alertou para os riscos de investidores individuais tentarem selecionar ações sem uma análise aprofundada. “Muitos tentam fazer stock picking sem estrutura adequada. Mexer com ações é arriscado sem um time capacitado para avaliar os fundamentos corretamente. É como pilotar uma moto: se não souber o que está fazendo, pode ser perigoso”, comparou.
A migração do crescimento para valor segue como um dos temas centrais no mercado financeiro. Com a incerteza sobre a duração do atual ciclo de alta, o investidor que busca retorno consistente precisa avaliar se o momento ainda favorece ativos especulativos ou se já é hora de reforçar posições em setores mais resilientes.
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