Após mortandade de peixes no Rio Piracicaba, Comitê PCJ sugere liberar mais água de reservatório: ‘solução paliativa, mas não eficaz’


Pescadores relataram presença de espuma em trecho do rio e coloração anormal na água. Cetesb informou que já identificou origem da descarga irregular. Espuma tóxica mata centenas de peixes no Rio Piracicaba
Após a morte de milhares de peixes no manancial que corta Piracicaba (SP) neste domingo (7), o Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) sugeriu a liberação de mais água a partir do reservatório de Americana como uma providência paliativa, mas não totalmente efetiva, de amenizar a mortandade causadas por problemas na qualidade da água devido a despejos irregulares.
O órgão pede investigação para saber se o lançamento foi acidental ou proposital e cobre ações punitivas. A cena de peixes mortos às margens do Rio Piracicaba chamou atenção de quem passou pelo manancial e pescadores ouvidos pela EPTV, afiliada da TV Globo, relataram que também havia espuma na água e a coloração era anormal.
📲 Acesse a comunidade do g1 Piracicaba e fique por dentro das notícias da região
Na manhã desta segunda-feira (8), a cenário ainda era peixes mortos às margens do Rio Piracicaba, conforme constatou a equipe da EPTV, que percorreu alguns pontos do manancial.
Cetesb coleta amostras para investigar causa da mortandade de peixes no Rio Piracicaba
O Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) aposta na implantação de infraestrutura para coleta e tratamento de esgoto, de tratamento der efluentes e providências para proteger as nascentes. Em nota, sugere que:
“Do ponto de vista da “gestão de recursos hídricos”, uma providência imediata e paliativa, seria a liberação de mais água a partir do reservatório de Americana, na tentativa de diluir essa carga que está causando mortandade. Essa providência, de todo, não seria de total eficiência pois, a distância entre o reservatório de Americana e o ponto onde os peixes estão sendo encontrados é de 58km cujo tempo de trânsito desta água seria de mais de 20 horas, sendo uma reação pouco eficiente em face do já acorrido”, comunicou em trecho do documento.
Milhares de peixes morrem após despejo irregular no Rio Piracicaba
Edijan Del Santo/EPTV/Reprodução
Monitoramento automatizado
Em relação ao monitoramento da qualidade das águas, o Comitê PCJ afirma que está focado na implantação de estações tecnológicas de monitoramento automatizado, tendo, segundo o documento, já deliberado aprovação de investimentos.
“[…] Em parceria com a Cetesb, pretendemos viabilizar a implantação de mais 4 sondas especificamente no trecho onde esse tipo de mortandade tem acontecido. Com a total implantação destes mecanismos, estima-se identificar com mais precisão o momento, a origem e o tipo de carga poluidora presente no rio, sendo um importante instrumento para apoiar e melhorar a gestão de recursos hídricos e auxiliar os órgãos competentes a tomarem as devidas medidas punitivas”, acrescenta.
Secretaria de Meio Ambiente
De acordo com o Secretário de Meio Ambiente, Ronaldo Delfini Cançado, a pasta foi informada por volta de 7h e acionou órgãos competentes, como o Serviço Municipal de Águas e Esgoto (Semae), o pelotão de Meio Ambiente e a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
Rio Piracicaba amanhece com milhares de peixes mortos neste domingo
Gian Carlos Machado/Arquivo pessoal
O Semae informou em nota que monitora a qualidade da água e notou, a partir das 4h deste domingo, alterações na quantidade de oxigênio, situação que agravou por volta de 6h.
Cetesb identifica origem da descarga
O g1 também questionou a Cetesb, que informou que técnicos da Agência Ambiental de Piracicaba coletaram amostras para análise e que seguirá monitorando o rio.
“Técnicos da Cetesb voltaram a campo hoje (8). Durante as vistorias, eles identificaram de onde partiu a descarga irregular de efluentes lançados no Ribeirão Tijuco Preto. O Ministério Público já foi informado. Assim que saírem os resultados das análises será definida a penalidade que será aplicada”, garantiu.
Peixes mortos boiando às margens do Rio Piracicaba neste domingo
Gian Carlos Machado/Arquivo pessoal
O ponto mais crítico foi avistado no bairro Nova Piracicaba, na rampa pública de barcos. Gian Carlos Machado, que é pescador e representante de um grupo de defesa do rio, afirma que o problema estaria concentrado na saída de água da ponte pênsil, na Rua do Porto.
“A gente subiu até uma certa altura do rio e encontrou uma grande espuma, perto da ponte que é o principal cartão postal da cidade. Tinha uma água muito escura, espumante, com uma espuma bem anormal para a realidade do rio”.
“Em alguns outros pontos não foi encontrada essa mortandade de peixes. Essa mortandade está vindo depois do ribeirão Tijuco Preto. Vem se estendendo por toda orla do Rio Piracicaba”.
O secretário Ronaldo Delfini Cançado afirma que análises serão realizadas. “Chama a atenção. Claro que nós estamos em uma época de, relativamente, seca. A oxigenação [da água] nessa época é mais baixa, mas estamos trabalhando para detectar o mais rápido possível”.
VÍDEOS: Tudo sobre Piracicaba e Região
Veja mais notícias sobre a região na página do g1 Piracicaba.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.