Conheça a história do ator que faz carreira nos EUA por falta de oportunidades no Brasil


Thiago Tambuque cresceu em Itanhaém (SP) e enfrentou desafios para conseguir firmar uma carreira artística internacional. Ele foi estrela de comerciais, séries, peças teatrais e até de um filme. Thiago Tambuque fez carreira nos Estados Unidos
Divulgação
O ator Thiago Tambuque, de 42 anos, cresceu em Itanhaém, no litoral de São Paulo, mas foi nos Estados Unidos que ele teve a chance de desenvolver sua arte e estrear em um longa-metragem norte-americano. Ao g1, ele compartilhou os desafios enfrentados longe do Brasil e como superou as dificuldades para alcançar os objetivos e conquistar uma carreira artística internacional.
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Quem é Thiago Tambuque
É um ator paulista, natural de Santos e criado em Itanhaém. O artista começou sua trajetória no teatro e, mais tarde, se aventurou no cinema e na televisão. Apesar de enfrentar dificuldades no Brasil, Thiago perseverou e conquistou destaque nos EUA. Ele compartilha as experiências como protagonista de novelas e também como apresentador, destacando sua evolução profissional ao longo dos anos

Trabalhos Realizados nos EUA
Nos EUA, Thiago teve seu maior destaque no filme Skyfly (2024), sua estreia no cinema, o que representou um marco na sua carreira. Além disso, ele participou de comerciais e peças teatrais, como a peça Conexão, onde enfrentou o desafio de atuar e apresentar números de circo e dança. A experiência no palco foi essencial para ele testar seus limites como artista. Embora tenha feito alguns trabalhos em inglês, como comerciais e teatro, o filme Skyfly se destacou pela visibilidade mundial que trouxe, ampliando sua carreira para uma audiência global.
Como começou a paixão?
A paixão de Thiago pela arte começou ainda na infância. Ele relembrou que o interesse pelo teatro surgiu nas apresentações escolares, e por acompanhar novelas e filmes na televisão com a mãe.
Ainda no âmbito escolar, o artista contou que via oportunidade de expressar a arte até mesmo nas apresentações de trabalhos. “Eu transformava numa peça de teatro […]. Ao longo da minha vida, sempre foi assim”, disse ele, que admitiu que as encenações eram “muito insípidas”, sem emoção.
“Eu cresci em Itanhaém, uma cidade que nunca me ofereceu muitas oportunidades nesse sentido. Mas dentro das possibilidades que eu tinha, eu tentava, de alguma forma, desenvolver isso [paixão pelo teatro]”, contou.
Mudança
Para Thiago, a falta de oportunidades sempre foi, e continua sendo, um dos maiores desafios em sua profissão, especialmente em um setor que no Brasil é facilmente impactado por crises.
Ele explicou que, infelizmente, os profissionais da área são frequentemente os primeiros a sofrer com qualquer instabilidade econômica, o que o motivou a investir em uma carreira no exterior.
Thiago Tambuque estreará no filme SkyFly
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“A minha mudança de país foi uma coisa que não foi exatamente planejada”. O ator disse que tudo começou durante a crise política e econômica do Brasil entre 2013 e 2014, quando teve dificuldade para trabalhar.
No ano seguinte, um amigo norte-americano o convidou para passar uns dias em Atlanta, nos EUA, pois a cidade, que é capital do estado da Geórgia, estaria se tornando um polo da indústria cinematográfica.
Thiago topou o convite devido ao cenário nacional naquele momento, embora ainda tivesse esperança de que as coisas fossem melhorar no Brasil.
O ator chegou a voltar para a terra natal, mas, após enfrentar as mesmas dificuldades, resolveu se mudar de vez para os EUA em 2016.
Desafios no exterior
Apesar de já falar inglês, o artista precisou estudar o idioma para conseguir trabalhar no país, bem como se especializar em teatro por meio de cursos estadunidenses. O primeiro trabalho nos EUA foi em uma companhia que se apresentava em eventos e, aos poucos, ele foi crescendo na área.
“A construção para conseguir trabalhar em um filme, comerciais, essas coisas todas, levou mais tempo porque não é tão simples. Existe uma questão burocrática, você precisa ter documentos para trabalhar. Depois você precisa construir uma rede que eu tinha no Brasil e lá eu tive que começar do zero”.
Ele acredita que, além do trabalho árduo, teve sorte nos EUA, pois tudo aconteceu em um momento favorável. “As coisas simplesmente foram acontecendo dentro de um tempo razoável […]. Foi o tempo que eu precisei para poder me preparar em relação ao idioma, me preparar com relação às diferenças culturais, ao ambiente de trabalho”.
Thiago Tambuque atuou em peças de teatro, comerciais e séries.
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“É muito diferente trabalhar nos Estados Unidos e no Brasil. Hoje eu tenho esse choque ao contrário, porque tenho trabalhado lá nos últimos nove anos e, quando eu venho pra cá, eu tenho certa dificuldade de me readaptar”.
Trabalhos
Para Thiago, o principal trabalho da carreira aconteceu após os 40 anos, com o filme Skyfly, lançado em abril de 2024 em diversos países. Ele acredita que, para alcançar esse feito, foi fundamental toda a bagagem acumulada, tanto no Brasil quanto nos EUA.
O primeiro trabalho como ator foi em 2001, quando interpretou o protagonista de uma novela da Rede TV. Na época, ele cursava Relações Internacionais e se envolvia com grupos de teatro universitários. “Foi uma experiência legal, eu aprendi bastante pela maneira como as coisas aconteceram, pela minha total inexperiência”.
Além da atuação, Thiago também se aventurou como apresentador, uma experiência que, segundo ele, foi crucial para aprimorar sua habilidade de improviso. “Improvisar texto é uma coisa que sempre foi muito difícil para mim. Ainda é, mas hoje eu sinto que se eu precisar fazer, eu faço”, explicou.
mbora tenha participado de algumas séries, ele considera que Skyfly é seu maior trabalho até o momento, por ser sua primeira experiência em uma produção cinematográfica.
“Fiz de tudo já na área artística, mas eu não tinha feito cinema ainda. Então foi o primeiro filme, um filme em inglês. Então, antes de eu começar a trabalha, eu suava frio só de pensar que eu ia ter que falar com todo mundo em inglês no ambiente de trabalho”, relatou o ator.
Mesmo com experiência em comerciais e peças de teatro nos EUA, Thiago tinha receio de não entender algum comando da direção do filme em outro idioma. Porém, o acolhimento da equipe de produção e do elenco ajudou. “Era uma equipe que trabalhou unida durante todo o tempo. Isso foi ótimo, criou um ambiente bastante confortável”, afirmou.
“Como foi lançado em diversos países, profissionalmente para mim traz este benefício da visibilidade. Tudo que eu tinha feito até então, aqui no Brasil, se restringia especificamente a algumas regiões do Brasil. E, nos Estados Unidos, a mesma coisa. Teatro é uma coisa muito localizada, comercial muito regional e o filme não. O filme é mundial”, destacou.
Outro desafio importante na carreira dele foi assumir o protagonismo da peça teatral ‘Conexão’, que ficou em cartaz em São Paulo no ano passado. Isso porque o ator precisou interpretar e apresentar números de circo, além de dança.
“O pouco que tem de dança para mim foi muito difícil […]. Mas a proposta era essa, saber quais eram os meus limites como artista e eu acho que, independentemente de qualquer coisa, eu consegui provar para mim mesmo, como artista, que eu sou capaz e que eu consigo fazer”, disse.
Thiago Tambuque apresentou espetáculo ‘Conexão’ em São Paulo neste ano
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Vida no litoral
Nascido em Santos, o ator cresceu em Itanhaém. Por isso, carrega muitas referências da vida no litoral paulista, mesmo morando tão longe. “Eu tenho muitas memórias de lá [Itanhaém], memórias da cidade, dos personagens da cidade, dos meus professores, da minha família, do clube que eu frequentava quando eu era criança. E tudo isso formou quem eu sou”, disse.
De acordo com Thiago, as brincadeiras de rua foram fundamentais para o desenvolvimento de suas habilidades corporais, essenciais para sua carreira. “São habilidades que eu desenvolvi, mas, se eu tivesse crescido em São Paulo, por exemplo, embora seja uma cidade que eu ame, eu não teria tido essas oportunidades”, disse.
O artista ressaltou que, profissionalmente, Itanhaém oferecia poucas opções de desenvolvimento artístico para os jovens. “É uma pena porque eu acho que todas as cidades, por menores que elas sejam, deveriam ter atividades, opções para as crianças, tanto na área esportiva quanto artística”.
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