
O mercado financeiro global encerrou a semana em clima de otimismo moderado, sustentado por dados de inflação abaixo do esperado nos Estados Unidos, avanço nas negociações comerciais com a China e forte desempenho das bolsas internacionais. Contudo, o ambiente externo voltou a se tensionar com o ataque de Israel a bases nucleares no Irã, que provocou alta imediata no preço do petróleo. No Brasil, a melhora nos indicadores inflacionários impulsionou o Ibovespa, mas o risco fiscal e o conflito entre Congresso e governo sobre tributos voltaram a pressionar o câmbio.
Segundo Marco Prado, apresentador do programa Pre-Market, os dados da semana ajudaram a consolidar uma visão mais clara sobre o rumo da política monetária americana: “Tanto o CPI quanto o PPI vieram benignos, sinalizando que a inflação nos EUA segue sob controle. O mercado já calibra dois cortes de 0,25 ponto percentual pelo Fed ainda neste ano, e isso tem sustentado o apetite por risco”, afirmou.
Além disso, os avanços nas tratativas entre EUA e China, especialmente envolvendo terras raras — insumos essenciais para o setor de tecnologia, ajudaram a melhorar o humor dos mercados na Ásia, Europa e nos próprios Estados Unidos. Apesar de novas declarações agressivas do presidente Donald Trump, que voltou a chamar o presidente do Fed de “idiota”, os investidores ignoram o tom provocativo e já precificam sua postura como parte de uma estratégia de barganha.
Europa e Brasil: inflação sob controle, mas preocupações persistem no mercado
Na zona do euro, a inflação segue comportada na maior parte dos países. A Alemanha renovou topos históricos na bolsa, apoiada pela queda no custo da energia, que vem aliviando a pressão inflacionária. A exceção foi a Espanha, com um dado mais negativo, mas sem mudar a tendência geral.
Já no Brasil, os dados de inflação também vieram positivos, trazendo algum alívio. Ainda assim, o tema fiscal voltou ao centro da atenção, com o Congresso pressionando o governo sobre a tributação do crédito agrícola e o IOF. “Essa pauta do crédito rural atinge em cheio a bancada ruralista, em um momento sensível para o plano safra 2025/2026. É um custo político e econômico que pode travar o avanço do governo”, avaliou Prado.
Câmbio e commodities no radar do mercado: petróleo dispara, dólar resiste no Brasil
No mercado de câmbio, o dólar caiu frente a pares emergentes com o ambiente externo mais favorável. No entanto, no Brasil, o movimento foi contido pelo risco fiscal, o que manteve a moeda praticamente estável, com leve queda na semana.
Já o petróleo foi o destaque entre as commodities, com alta de 7% após o ataque de Israel ao Irã. A tensão geopolítica trouxe impulso às ações da Petrobras, que foi o principal destaque positivo da semana no Ibovespa. “A alta da Petrobras foi expressiva, mas sustentada por uma notícia preocupante: o agravamento do conflito no Oriente Médio. Isso mostra como o mercado está sensível a qualquer sinal de tensão”, pontuou Marco Prado.
Ibovespa segue testando resistência
O Ibovespa teve uma semana de recuperação e continua tentando romper novas máximas históricas, embora ainda enfrente obstáculos internos, como o cenário fiscal indefinido e o desempenho mais fraco do real.
“O investidor segue otimista com os dados macro, mas cauteloso com Brasília. O mercado quer visibilidade, principalmente sobre o que virá na política de gastos e tributos nos próximos meses”, concluiu Prado.
Leia mais notícias e análises clicando aqui
Conheça nosso canal no YouTube
O post Mercado encerra semana atento a tensão no Irã, inflação nos EUA, e risco fiscal no Brasil apareceu primeiro em BM&C NEWS.