
Em 2022, cuidados paliativos foi incorporado na matriz curricular da graduação médica e, aos poucos, vem ganhando espaço nas demais especialidades da área de saúde. Imagine você não conseguir mais fazer aquela viagem que sempre sonhou ou não conseguir comer aquela comida deliciosa que é tradição da sua família. Ou então, passar horas e horas rolando pensando “o que vai acontecer comigo?”, “Será que vou morrer?”.
Uma doença grave muda consideravelmente a vida de uma pessoa e de todos ao seu redor. Durante o tratamento foca-se muito na doença e pouco se fala sobre o que realmente faz sentido para aquela pessoa.
Em 2022, cuidados paliativos foi incorporado na matriz curricular da graduação médica e, aos poucos, vem ganhando espaço nas demais especialidades da área de saúde.
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Na busca incansável pela “cura” que nem sempre é possível infelizmente, muitos gastam seu precioso tempo com exames, internados em unidades hospitalares ou clínicas fazendo tratamentos que ao invés de promover melhora acabam fazendo o corpo ficar mais debilitado tirando o pouco de força que resta para buscar aquilo que realmente faz sentindo na vida.
Deve ser iniciado o mais precocemente possível e não somente no fim da vida
Neste contexto entram os cuidados paliativos, um tipo de tratamento que deve ser oferecido em conjunto com os tratamentos padrões das doenças, de preferência deste o diagnóstico ou o mais precocemente possível, afinal de contas, o sofrimento não aparece somente no fim da doença.
Cuidado paliativo não significa suspender terapias, desistir da pessoa, nem antecipar a morte. Significa tentar aliviar sofrimento melhorando a qualidade de vida. Muitas vezes a melhora ajuda até mesmo a conseguir fazer o próprio tratamento da doença. Nos cuidados paliativos tudo que puder melhorar a pessoa será feito e tudo que for prejudicá-la será contraindicado.
Possibilidade de viver mais e melhor
Estudo publicado em 2019 no Annals of Behavioral Medicine mostrou que pacientes com câncer avançado que receberam cuidados paliativos viveram mais (aumento absoluto de 14% na sobrevida em 1 ano em relação aos pacientes que não o receberam) com sobrevida média de 4,56 meses a mais além de apresentarem melhor qualidade de vida.
A mulher que mudou a história dos cuidados paliativos no mundo
Cicely Saunders foi uma médica, enfermeira e assistente social britânica, amplamente reconhecida como a fundadora do movimento moderno dos cuidados paliativos. Nascida em 1918, ela dedicou sua vida a melhorar o atendimento a pacientes com doenças avançadas, principalmente em fim de vida, defendendo uma abordagem holística que considerasse não apenas o alívio da dor física, mas também o suporte emocional, social e espiritual. Sua visão levou à criação do St. Christopher’s Hospice, em Londres, em 1967, que se tornou um modelo internacional para os cuidados paliativos. Saunders introduziu o conceito de “dor total”, enfatizando a importância de tratar o sofrimento em todas as suas dimensões. Sua contribuição revolucionou a maneira como a medicina lida com o fim da vida, promovendo dignidade, conforto e qualidade de vida para pacientes e suas famílias.
Não se faz cuidado paliativo sozinho
Cuidar de um paciente em todas as dimensões do cuidado (física, psíquica, social e espiritual) exige uma equipe interdisciplinar formada por médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, nutricionistas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, odontólogos, farmacêuticos, capelãos, dentre outros.
Não é somente para quem tem câncer
Ressalta-se ainda que este tipo de cuidado deve ser oferecido a todas as pessoas (crianças e adultos) com doenças graves ameaçadoras da vida como câncer, demência, insuficiência cardíaca, doença pulmonar obstrutiva crônica, fibrose pulmonar, cirrose, doença renal crônica, esclerose lateral amiotrófica, Parkinson, infecção pelo vírus HIV, malformações genéticas, dentre outras.
Brasil um dos piores lugares para se morrer no mundo
Segundo o Ministério da Saúde em maio de 2024, o Brasil é considerado um dos piores lugares para se morrer no mundo, ocupando o penúltimo lugar em qualidade de morte num ranking que envolve 81 países de acordo com o relatório internacional publicado em abril de 2022 no Journal of Pain and Symptom Management, da Academia Americana de Medicina Paliativa.
Aos poucos os cuidados paliativos ganham força no Brasil
De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil cerca de 625 mil pessoas necessitam de cuidados paliativos, ou seja, atenção em saúde que permite a melhora da qualidade de vida daqueles que enfrentam doenças graves, crônicas ou em finitude. No entanto, poucos os recebem. Frente a este cenário, em 2024, foi lançada a Política Nacional de Cuidados Paliativos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). A expectativa é que 1,3 mil equipes sejam implantadas em todo o território nacional.
Formação de profissionais para atuação em cuidados paliativos
Em 2022, cuidados paliativos foi incorporado na matriz curricular da graduação em medicina e aos poucos vem ganhando espaço nas demais especialidades da área de saúde. No entanto, muitos profissionais já sofrem com a carência de conhecemos na área e vem buscando cursos de pós-graduação na área para ofertar o melhor cuidado para seus pacientes.
Pensando nisto, desde 2024, a UNIC Beira Rio oferta a Pós-graduação em Cuidados Paliativos para profissionais que queiram se especializar na área e oferecer o melhor cuidado aos seus pacientes independente da fase da sua vida.
UNIC Beira Rio – Pós-graduação em Cuidados Paliativos
Minha experiência pessoal com cuidados paliativos
Recentemente meu pai recebeu diagnóstico de câncer de pâncreas já bem avançado. Recebeu todos os cuidados paliativos possíveis e conseguiu viver os seus últimos 3 meses de vida (do diagnóstico até seu falecimento) em casa, sem dor, com as pessoas que mais amava, fazendo sua aula de violão. Faleceu onde queria e pude estar com ele neste momento segurando a sua mão. Apesar da tristeza pela despedida de uma das pessoas que mais amava na minha vida sei que recebeu o melhor cuidado que podia nesta fase da sua vida.
Como dizia Rubem Alves, “a morte não é algo que nos espera no fim. É companheira silenciosa que fala com voz branda, sem querer nos aterrorizar, dizendo sempre a verdade e nos convidando à sabedoria de viver.” Cuidados Paliativos não é sobre morte e sim sobre saber viver e valorizar cada segundo da vida com o que realmente importa.
Dr.ᵃ Mariana Carvalho (CRM 8161 MT) é médica geriatra e paliativista, coordenadora da Especialização em Cuidados Paliativos da Universidade de Cuiabá.
Sobre a UNIC
Fundada em 1988, a Universidade de Cuiabá (Unic) foi a primeira instituição privada de ensino superior no Mato Grosso e é uma das universidades mais tradicionais da região, tendo formado milhares de alunos nos cursos presencias e a distância. A instituição possui nota 5 no Ministério da Educação-MEC e oferece cursos de extensão, graduação, pós-graduação lato sensu, além de programas de mestrado e doutorado.
De portas abertas para a comunidade, presta inúmeros serviços à população por meio das Clínicas-Escola na área de Saúde e Núcleos de Práticas Jurídicas, unindo formação de qualidade com a preocupação de compartilhar o conhecimento com a sociedade também por meio de projetos e ações sociais. O curso de Medicina, muito conceituado com nota 5 no MEC, oferece infraestrutura completa com laboratórios de simulação que aprimoram o aprendizado por meio de aulas práticas. Para mais informações, acesse o site.
Médica responsável: Dr.ᵃ Mariana Carvalho inscrita no CRM 8161 MT.
Dra Mariana de Carvalho da Silva
Unic Beira Rio