Quatro funcionários do MetrôRio são denunciados por morte de idoso que ficou com a mão presa na porta de vagão


MPRJ afirma que funcionários foram negligentes ao permitir a partida do trem sem verificar se todos os passageiros tinham conseguido entrar. Quatro pessoas foram denunciadas por homicídio culposo. Quatro funcionários do MetrôRio são denunciados por morte de idoso que ficou com a mão presa na porta de vagão
Quatro funcionários do MetrôRio foram denunciados por homicídio culposo — quando não há intenção de matar — pela morte de um idoso que ficou com a mão presa numa composição, em outubro de 2022. A composição partiu com José Alves Simão preso. Ele sofreu fraturas em várias partes do corpo e não resistiu aos ferimentos.
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) afirma que o maquinista e os funcionários do Centro de Comando foram negligentes ao permitir a partida do trem sem verificar se todos os passageiros tinham conseguido entrar.
Um ano e três meses depois do acidente, a notícia da denúncia trouxe um sentimento de justiça para a família.
“Nos deu um pouco de paz porque é o começo de uma providência que as autoridades responsáveis teriam que tomar. Isso já nos deu uma esperança que realmente existe justiça no nosso país”, disse a viúva, Claudionora Paim Brito.
As imagens mostram José Alves Simão tentando embarcar na estação da Uruguaiana. Ele ficou com a mão presa na porta e mesmo assim a composição partiu. Algumas pessoas tentaram ajudar, mas não conseguiram.
“Existe uma norma técnica que obriga que a composição somente saia com contato visual de que não há qualquer pessoa pendurada, com nenhum objeto pendurado. É um absurdo você pensar que um transporte, dos mais caros do mundo, possa trafegar a composição com alguém pendurado”, afirmou Yannick Robert, advogado da família.
17 segundos
Vídeo mostra acidente que matou idoso no metrô do Rio no ano passado
O documento do MPRJ afirma que José foi arrastado por 17 segundos e que a composição só parou porque outro passageiro acionou o botão de emergência.
A denúncia aponta que o condutor da composição, um controlador de segurança, um controlador de estação e um supervisor do Centro de Controle Operacional da concessionária tiveram responsabilidade pela morte. A denúncia é da 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Territorial da Área Centro e Zona Portuária, do núcleo Rio de Janeiro.
De acordo com o documento, antes da partida, o condutor deveria ter analisado a plataforma para verificar se ainda havia algum passageiro tentando entrar no vagão. Segundo o MPRJ, ele foi negligente ao não observar as regras técnicas de análise da estação e do circuito interno de TV. Já os três funcionários do Centro de Controle de Operações e do Centro de Controle de Segurança não realizaram a devida vigilância para o embarque.
O texto afirma ainda que “os segundos do arrastamento do corpo da vítima seriam plenamente inexistentes se houvesse vigilância junto às câmeras e monitores”.
“Espero que seja um marco para a segurança”, disse Isaac Brito Simão, filho de José.
E que todos os denunciados que ocupavam funções no Centro de Controle Operacional e no Centro de Controle de Segurança tinham acesso ao sistema de travamento de energia elétrica da estação.
“São questões que poderiam ter sido feitas e que poderiam ter evitado a morte do meu pai e de outros passageiros”, afirmou Isaac.
Segurança
José Alves Simão morreu em outubro de 2022 após ficar com a mão presa na porta do vagão do metrô e ser arrastado
Reprodução/ TV Globo
A promotoria também destaca que a prévia adoção de medidas de segurança por parte do MetrôRio impediria desfechos trágicos e cita como exemplo os sensores de movimento nas portas de travamento. E a instalação de portas de proteção entre o vão da plataforma e a composição, que existem em outras redes de metrô no Brasil.
Além do processo criminal, a família entrou com uma ação cível. Eles pedem uma indenização pelo acidente e os danos causados aos parentes. José Alves Simão deixou a esposa, cinco filhos e cinco netos.
“Que eles se responsabilizem, que elas deem segurança para seus usuários. Meu marido tinha a maior confiança no metrô. Para ele, o melhor transporte do mundo era o metrô, era o mais seguro”, destacou Maria Claudionora.
José Alves Simão foi arrastado pelo metrô por 17 segundos após ficar com a mão presa na porta do vagão
Reprodução/ g1
O que diz o MetrôRio
O MetrôRio disse que mais uma vez lamenta a morte de José Alves Simão e que tem colaborado com as autoridades durante toda a investigação. A concessionária falou que continua à disposição para o devido esclarecimento dos fatos.
O MetrôRio disse que ainda que não foi formalmente notificado sobre a denúncia oferecida pelo Ministério Público e que, assim que isso acontecer, vai apresentar a defesa nos autos.
A empresa disse também que segue todas as regras previstas para garantia da segurança do sistema metroviário, mantendo o compromisso de prestar um serviço de qualidade à população.
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