
O cenário tributário brasileiro passa por mudanças significativas com a chegada da Reforma Tributária, impactando diretamente a emissão da Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) e da Nota Fiscal de Consumidor Eletrônica (NFC-e). As atualizações recentes, publicadas em 2025, trazem novas exigências para empresas do Simples Nacional e para os microempreendedores individuais (MEIs), especialmente no que diz respeito ao preenchimento de campos relacionados aos novos tributos criados pela legislação.
Essas alterações visam alinhar os documentos fiscais eletrônicos ao novo modelo de tributação sobre o consumo, estabelecido pela Lei Complementar nº 214/2025. O processo de adaptação será gradual, com prazos diferenciados para cada grupo de contribuintes, permitindo uma transição mais organizada e menos onerosa para pequenos negócios.
Quais são as principais mudanças na emissão de NF-e para MEI e Simples Nacional?
A versão 1.10 da Nota Técnica nº 2025/002, divulgada pelo Portal da NF-e, introduziu modificações relevantes nos campos obrigatórios das notas fiscais eletrônicas. Entre as novidades, destaca-se a inclusão dos campos para o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), tributos que passam a integrar o sistema tributário nacional a partir de 2026.
Para os contribuintes do Simples Nacional e para os MEIs, o preenchimento desses campos será facultativo durante o ano de 2026. A obrigatoriedade só passará a valer a partir de 4 de janeiro de 2027, conforme estabelecido nas regras de validação da NF-e. Essa medida foi pensada para facilitar a adaptação dos pequenos negócios ao novo ambiente fiscal, reduzindo a complexidade operacional no início da transição.
Como funcionará a obrigatoriedade dos campos IBS e CBS nas notas fiscais?
De acordo com as novas regras, as empresas enquadradas no Simples Nacional (CRT 1) e os microempreendedores individuais (CRT 4) poderão emitir NF-e e NFC-e sem a necessidade de informar os valores de IBS e CBS durante todo o ano de 2026. A partir de 2027, esses campos se tornam obrigatórios, exigindo que os sistemas emissores estejam devidamente atualizados para contemplar as informações exigidas pela legislação.
Essa obrigatoriedade escalonada permite que empresas e escritórios de contabilidade tenham tempo para ajustar processos internos, treinar equipes e atualizar softwares de emissão de notas fiscais. Além disso, a transição gradual busca evitar problemas de conformidade e inconsistências fiscais durante a implementação do novo regime tributário.
Quais outras alterações foram implementadas na emissão de NF-e?
Além das mudanças nos campos de IBS e CBS, a Nota Técnica nº 2025/002 trouxe novidades relacionadas à classificação de débitos e à antecipação de pagamentos. Agora, ao emitir uma nota fiscal com a finalidade de “Nota de débito”, o contribuinte deve informar o tipo de débito, podendo escolher entre novas opções como “Pagamento antecipado” e “Perda em estoque”.
- Pagamento antecipado: utilizado quando o valor é recebido antes da entrega do produto ou serviço.
- Perda em estoque: aplicado em situações de baixa de mercadorias por perdas não recuperáveis.
Outra inovação é a criação de um grupo específico para operações que envolvem antecipação de pagamento. Esse grupo permite referenciar de forma clara as transações em que o pagamento ocorre antes da entrega efetiva do bem ou serviço, facilitando o controle e a rastreabilidade dessas operações.

O que muda para contadores e empresas durante a transição?
O período de transição para o novo sistema tributário, que vai de 2026 até 2032, exige atenção redobrada de contadores e empresários. A adaptação dos sistemas emissores de NF-e, a revisão de contratos e o acompanhamento das atualizações normativas são passos essenciais para garantir a conformidade fiscal.
- Verificar se os sistemas de emissão já contemplam as novas regras.
- Manter acompanhamento constante das publicações oficiais do Portal da NF-e.
- Buscar orientação técnica junto a profissionais de contabilidade.
- Revisar operações de vendas com entrega futura e antecipação de pagamento.
O envolvimento ativo de empresas e profissionais do setor contábil é fundamental para evitar passivos fiscais e garantir que todas as obrigações sejam cumpridas corretamente ao longo da transição.
Como se preparar para as próximas atualizações da NF-e?
As mudanças trazidas pela Reforma Tributária ainda não se encerraram. Novas versões de notas técnicas e regulamentações devem ser publicadas nos próximos anos, à medida que o sistema tributário brasileiro avança para a plena implementação do IBS e da CBS. Por isso, é indispensável que empresas e contadores mantenham-se atualizados junto aos órgãos oficiais, como a Receita Federal e o Portal da Nota Fiscal Eletrônica.
Antecipar-se às mudanças, investir em capacitação e manter sistemas atualizados são práticas recomendadas para garantir uma transição tranquila e segura para o novo modelo fiscal. Dessa forma, contribuintes do Simples Nacional e MEIs poderão cumprir suas obrigações sem surpresas, acompanhando a evolução do cenário tributário brasileiro.
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