
O Benefício de Prestação Continuada (BPC) tornou-se um dos principais temas do debate sobre o equilíbrio fiscal no Brasil em 2025. Com crescimento acelerado nos últimos anos, o programa assistencial pressiona as contas públicas e desperta atenção tanto do governo quanto do Congresso Nacional. O BPC garante um salário mínimo mensal para idosos de baixa renda com mais de 65 anos e pessoas com deficiência que não conseguem se inserir no mercado de trabalho em igualdade de condições.
Para ser contemplado pelo BPC, o cidadão deve comprovar renda familiar per capita inferior a 25% do salário mínimo vigente, atualmente em R$ 1.518. Esse critério, aliado à ampliação do reconhecimento de deficiências e flexibilização das regras de acesso, contribuiu para o aumento expressivo do número de beneficiários. Entre janeiro de 2023 e fevereiro de 2025, o total de pessoas atendidas saltou de pouco mais de 5 milhões para mais de 6,2 milhões, segundo dados oficiais.
Por que o BPC está crescendo tão rapidamente?
O avanço do BPC decorre de uma combinação de fatores sociais, econômicos e jurídicos. O envelhecimento da população brasileira aumenta a demanda por benefícios para idosos, enquanto a maior visibilidade de pessoas com deficiência, impulsionada por mudanças legislativas e pelo Censo, amplia o universo de elegíveis. Além disso, a judicialização das concessões tem papel relevante: cerca de um quarto dos novos benefícios foram concedidos por determinação da Justiça, muitas vezes sem a apresentação de documentos exigidos administrativamente.
Outro elemento que contribui para o crescimento do BPC é a informalidade no mercado de trabalho. Com menos pessoas contribuindo para a Previdência Social, cresce o número de brasileiros que recorrem ao benefício assistencial ao atingir a idade mínima ou comprovar deficiência. A Reforma da Previdência de 2019 também influenciou esse cenário, ao tornar mais rigorosas as regras para aposentadoria, levando parte da população a buscar alternativas como o BPC.
Quais são os impactos do BPC no orçamento público?
O aumento dos gastos com o Benefício de Prestação Continuada tem efeitos diretos sobre o orçamento federal. Em 2025, o valor destinado ao programa ultrapassa R$ 119 bilhões, aproximando-se do montante reservado ao Bolsa Família, que atende um número muito maior de famílias. O custo por beneficiário do BPC é mais elevado, já que cada pessoa recebe um salário mínimo integral, enquanto o Bolsa Família distribui valores médios inferiores.
Essa expansão das despesas obrigatórias reduz o espaço para investimentos e outras políticas públicas, colocando em xeque a sustentabilidade do arcabouço fiscal. Projeções indicam que, mantido o ritmo atual, o BPC pode superar o Bolsa Família em volume de recursos já nos próximos anos, mesmo atendendo um público menor. O desafio para o governo é encontrar formas de garantir a proteção social sem comprometer o equilíbrio das contas públicas.

Como o governo e o Congresso estão lidando com o crescimento do BPC?
Diante do cenário de aumento contínuo dos gastos, o Executivo federal adotou medidas para aprimorar a gestão do benefício. Entre as ações implementadas estão a revisão periódica dos cadastros, exigência de atualização no Cadastro Único e cruzamento de informações para evitar fraudes e duplicidades. O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social também firmou parcerias com órgãos de controle e institutos de pesquisa para monitorar a efetividade do programa.
No Congresso, propostas para endurecer os critérios de concessão do BPC enfrentam resistência, inclusive entre parlamentares da base aliada. Projetos que previam o uso de biometria, inclusão de rendimentos de familiares não residentes e critérios mais rígidos para definição de deficiência foram suavizados durante a tramitação. Ainda assim, o debate sobre a necessidade de ajustes permanece, com parte dos legisladores defendendo maior rigor para garantir que o benefício chegue a quem realmente necessita.
O BPC pode ser considerado sustentável a longo prazo?
A sustentabilidade do Benefício de Prestação Continuada é tema central nas discussões sobre o futuro das políticas sociais brasileiras. Especialistas apontam que, apesar das distorções e desafios de governança, o BPC cumpre papel fundamental na redução da pobreza entre idosos e pessoas com deficiência. No entanto, alertam para a necessidade de aperfeiçoar os mecanismos de controle e revisar periodicamente os critérios de elegibilidade, a fim de evitar fraudes e garantir a destinação correta dos recursos.
O equilíbrio entre proteção social e responsabilidade fiscal exige esforços contínuos de aprimoramento. O acompanhamento das tendências demográficas, o fortalecimento dos sistemas de fiscalização e a integração de dados entre diferentes órgãos públicos são apontados como caminhos para manter o BPC como instrumento eficaz de inclusão, sem comprometer a sustentabilidade das finanças públicas.
- Benefício de Prestação Continuada: garantia de renda mínima para idosos e pessoas com deficiência.
- Crescimento acelerado: aumento expressivo de beneficiários nos últimos anos.
- Pressão orçamentária: impacto significativo nas contas públicas.
- Desafios de governança: necessidade de aprimorar controles e revisões.
- Debate no Congresso: propostas para ajustes e maior rigor nos critérios de concessão.
O cenário do BPC em 2025 reflete a complexidade de conciliar inclusão social com equilíbrio fiscal. O tema segue em pauta, exigindo atenção permanente de gestores públicos, legisladores e sociedade civil.
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