
O recente fechamento da curva de juros trouxe impulso para os ativos brasileiros, mas ainda não é suficiente para firmar uma tendência mais sólida na bolsa. A avaliação é de Gustavo Bertotti, estrategista da Fami Capital, em entrevista à BM&C News. Para ele, o movimento técnico melhora o ambiente de curto prazo, mas o mercado continua sensível à ausência de clareza sobre a política fiscal e depende excessivamente de indicadores pontuais.
“Mesmo com uma performance muito boa no ano, a bolsa ainda está extremamente descontada. O que temos visto é um mercado que reage com força a dados como o IPCA ou o CAGED, mas sem sustentação. Ainda faltam catalisadores reais para manter a trajetória de alta”, afirma Bertotti.
O estrategista destaca que o comportamento da curva de juros reflete em parte uma aposta na desinflação estrutural, mas também um alívio técnico. “O fluxo estrangeiro tem entrado, o que ajuda, mas enquanto o Banco Central e o governo não trouxerem uma sinalização mais clara, vamos continuar nesse vai e vem de reações a dados isolados”, ressalta.
Segundo ele, o cenário externo também limita o apetite por risco no Brasil. A dependência da economia chinesa e a falta de estímulos por parte do governo local pressionam empresas exportadoras brasileiras listadas em bolsa. “O investidor precisa lembrar que estamos num contexto internacional adverso, com preocupações sobre o crescimento da China e barreiras comerciais que impactam nossas empresas.”
Além do ambiente externo, Bertotti aponta que a indefinição fiscal continua sendo o principal obstáculo para uma valorização sustentada dos ativos. “Enquanto não houver um plano que o mercado entenda como plausível, que dê previsibilidade de médio e longo prazo, a bolsa seguirá volátil”, observa.
O estrategista também alerta para a fragilidade de alguns setores da economia real, conforme mostrado na abertura do PIB. “A indústria, por exemplo, ainda inspira muita preocupação. Isso precisa ser considerado na hora de montar o portfólio de investimentos.”
Na avaliação de Bertotti, o segundo semestre de 2025 tende a continuar marcado por volatilidade. “A bolsa ainda tem espaço para andar, mas depende de resoluções fiscais e de uma melhora mais clara nos fundamentos. Até lá, o investidor precisa estar atento à qualidade dos dados e preparado para oscilações”, conclui.
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O post “Fechamento da curva traz fôlego, mas falta plano fiscal para sustentar alta”, diz estrategista da Fami apareceu primeiro em BM&C NEWS.