
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi à Câmara, nesta quarta-feira (11), falar sobre os desafios do orçamento do governo Lula.
Virou alvo de Nikolas Ferreira (PL-MG) e Carlos Jordy (PL-RJ), dois dos deputados mais violentos da base bolsonarista.
A dupla fez o que costuma fazer quando está em busca de cortes para alimentar as redes sociais.
Lacraram, gravaram a cena, e não ficaram sequer para ouvir a resposta.
A turma não gosta de debate.
Gosta de causar.
Haddad estava vacinado.
Mesmo na ausência dos provocadores, o ministro explicou que não fazia sentido o discurso deles segundo o qual Jair Bolsonaro (PL) entregou um governo com um superávit primário que o sucessor petista, Luiz Inácio Lula da Silva, queimou no primeiro ano de gestão.
Haddad explicou que em 2022 as contas até fecharam no azul. “Mas a que custo?”, ele questionou.
“Bolsonaro deu um calote dos governadores, tomou o ICMS com a promessa de pagar. Quem pagou foi o governo Lula em março de 2023, R$ 30 bilhões. Para indenizar os governadores da barbeiragem do Bolsonaro para baixar artificialmente o preço da gasolina. Superávit primário de 2022 também se deveu ao calote de precatórios, foram pagos R$ 92 bilhões a mais em 2024”, continuou o ministro.
Ele lembrou também a privatização da Eletrobras, vendida na bacia das almas para fechar a conta.
“Dando calote, torrando patrimônio público e tomando dinheiro de governador. Assim qualquer um faz superávit.”
A dupla não estava em seus assentos durante a fala. O que levou Haddad a chamar a atitude de “molecagem”.
Foi o suficiente para que ambos voltassem, gritassem mais um pouco e tumultuassem de vez a audiência, que precisou ser encerrada.
Todos tinham bons cortes para as redes, até os aliados de Lula e Haddad.
Só não tinham consenso em torno das contas públicas, que está tirando o sono da equipe econômica.
Haddad foi à Câmara com duas missões: apresentar alternativas do governo à alta do IOF, o Imposto sobre Operações Financeiras, e convencer os deputados a abraçar a causa.
Não conseguiu nem uma coisa nem outra.
No mesmo dia, os líderes do PP e do União Brasil, partidos que possuem quatro ministérios no governo, anunciaram que vão rejeitar de cara o pacote fiscal de Haddad se não houver corte de gastos.
Juntas, as legendas possuem 109 deputados. O suficiente para trancar o jogo.
Quando questionado, Haddad mostrou que sabe como lidar com os “moleques” do PL.
Falta dobrar agora os espertinhos do centrão. E estes são profissionais.
*Este texto não reflete necessariamente a opinião do Portal iG