
O presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, se pronunciou nesta quinta-feira (12) após uma semana marcada por protestos massivos em Madrid e acusações de corrupção envolvendo membros do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE). Em tom sério, o líder socialista pediu desculpas públicas, anunciou auditoria externa nas contas do partido e descartou a realização de eleições antecipadas.
Protestos em Madrid pedem novas eleições
No domingo (8), dezenas de milhares de pessoas foram às ruas da capital espanhola, lideradas pela oposição de direita. Com faixas dizendo “Máfia ou democracia”, os manifestantes exigiam a saída de Sánchez e denunciavam um suposto “aparelhamento político” do Judiciário.
A mobilização foi impulsionada por denúncias contra Santos Cerdán, então secretário de Organização do PSOE, acusado de envolvimento em um esquema de uso irregular de recursos, revelado pela Unidade Central Operativa (UCO) da Guarda Civil. Cerdán renunciou ao cargo dois dias depois.
Sánchez pede desculpas e anuncia medidas
Diante da pressão, Pedro Sánchez convocou uma entrevista coletiva na sede do partido, onde fez um pronunciamento direto à população: “Peço desculpas por ter confiado em pessoas que não estiveram à altura. O PSOE vai assumir sua responsabilidade.”
O chefe de governo anunciou uma série de medidas para lidar com a crise:
- Auditoria externa independente das finanças do PSOE;
- Reestruturação da executiva federal do partido;
- Reforço dos critérios éticos para nomeações partidárias;
- Compromisso com transparência e prestação de contas.
Apesar da forte pressão popular e da oposição, Sánchez foi claro ao rejeitar a convocação de eleições antecipadas. Segundo ele, o atual governo está focado em garantir estabilidade e aplicar o programa para o qual foi eleito. “O governo cumprirá sua legislatura até 2027. O momento exige responsabilidade e firmeza.”
O primeiro-ministro também reafirmou o apoio ao fiscal-geral do Estado, Álvaro García Ortiz, alvo de críticas da oposição por suposta atuação parcial. Sánchez acusou o Partido Popular (PP) de querer “controlar o Judiciário” e “desestabilizar as instituições democráticas”.
O que segue?
A crise política abriu uma nova fase de instabilidade no governo de Sánchez. Analistas veem as medidas anunciadas como uma tentativa de recuperar a confiança do eleitorado, especialmente diante da crescente tensão entre o Executivo e a oposição liderada por Alberto Núñez Feijóo (PP).
Nos bastidores, aliados pressionam por mais mudanças internas no PSOE para conter o desgaste. A auditoria externa deve apresentar seus primeiros resultados nas próximas semanas.