Ex-piloto explica todos os motivos pelos quais há tantos acidentes de avião atualmente após a tragédia da Air India

Ex-piloto explica todos os motivos pelos quais há tantos acidentes de avião atualmente após a tragédia da Air India

A manhã de 12 de junho de 2025 começou com uma tragédia que chocou a Índia e o mundo. O voo AI171 da Air India, partindo de Ahmedabad com destino a Londres Gatwick, decolou normalmente do Aeroporto Internacional Sardar Vallabhbhai Patel. Porém, o que deveria ser uma rotina ascendente rumo ao céu transformou-se em pesadelo em questão de segundos.

Apenas um minuto após deixar a pista, já a cerca de 190 metros de altitude, os pilotos emitiram um chamado de emergência Mayday. O sinal da aeronave foi perdido. O Boeing 787 Dreamliner, transportando 242 pessoas, incluindo 53 cidadãos britânicos, despencou violentamente.

O local do impacto foi o alojamento de estudantes de graduação do BJ Medical College, em Meghani Nagar, Ahmedabad – uma área residencial densamente povoada. Os primeiros relatórios indicaram possivelmente nenhum sobrevivente entre os ocupantes do avião, informação posteriormente revisada para um único sobrevivente.

No solo, as consequências foram graves: estudantes médicos ficaram feridos, alguns em estado crítico, e houve mortes confirmadas, incluindo a esposa de um médico superespecialista, além de parentes de residentes desaparecidos. Cinquenta estudantes médicos foram considerados estáveis, mas o saldo final de vítimas ainda está sendo apurado pelas autoridades.

Este desastre, infelizmente, não é um evento isolado em 2025. Ele se soma a uma sequência perturbadora de incidentes graves na aviação mundial. Em fevereiro, um avião da Delta Air Lines que pousava no Aeroporto Internacional Toronto Pearson realizou um pouso catastrófico, terminando de cabeça para baixo na pista.

O avião caiu sobre o alojamento de médicos.

O avião caiu sobre o alojamento de médicos.

Felizmente, nesse caso, não houve mortes entre os ocupantes, mas as imagens do avião invertido correram o mundo. Pouco tempo depois, um evento ainda mais fatal ocorreu nos céus de Washington D.C.

Um avião comercial da American Airlines, em fase de aproximação para pouso, colidiu no ar com um helicóptero do Exército dos Estados Unidos. O choque resultou na morte de todas as 67 pessoas a bordo das duas aeronaves, um número chocante que abalou profundamente a confiança no transporte aéreo.

Diante desse cenário preocupante, a voz de um especialista com experiência direta ganha relevância. Shawn Pruchnicki, hoje professor assistente na Faculdade de Engenharia da Universidade Estadual de Ohio, possui um currículo único: uma década atuando como piloto na Delta Connection, combinada com sua expertise atual como investigador de acidentes e especialista em causas de sinistros aéreos. Em entrevista recente, Pruchnicki compartilhou uma visão detalhada sobre os fatores que podem estar minando a tradicional segurança da aviação.

Pruchnicki aponta diretamente para uma erosão nos padrões de segurança, um “colchão” que historicamente protegeu o setor. Ele menciona um declínio nos padrões de controle de qualidade nos grandes fabricantes de aeronaves, onde aviões com defeitos conhecidos teriam sido aprovados para operação.

Este problema, segundo ele, não é novo; ele o vincula explicitamente às duas tragédias com o Boeing 737 MAX em outubro de 2018 e março de 2019, que juntas custaram 346 vidas. O alerta sobre essa queda nos padrões, afirma Pruchnicki, vem sendo feito por anos, sem a devida atenção. Além disso, ele observa que práticas de voo inseguras têm se tornado mais evidentes também nas operações das companhias aéreas comerciais.

Um ponto crítico levantado pelo ex-piloto diz respeito às distâncias entre aeronaves, tanto no ar quanto em solo. Pruchnicki expressou pouca surpresa com a colisão entre o avião da American Airlines e o helicóptero militar em Washington D.C., um tipo de acidente que ele temia há tempos.

Ele mesmo relatou ter vivido situações de “quase colisão” durante sua carreira, onde aeronaves chegaram a ficar a meras centenas de metros uma da outra. “Se os aviões chegam a alguns quilômetros de distância um do outro, já começamos a nos preocupar”, ele explicou.

O ex-piloto listou vários motivos que explicam a queda nos “padrões de segurança” na indústria.

O ex-piloto listou vários motivos que explicam a queda nos “padrões de segurança” na indústria.

“Qualquer distância medida em metros conta como estando a um fio de cabelo do desastre!” Ele contou um episódio vivido quando pilotava para a Delta Connection. Após pousar no movimentado Aeroporto Internacional John F. Kennedy (JFK), em Nova York, a torre de controle autorizou sua aeronave a cruzar uma pista ativa.

No entanto, Pruchnicki e sua tripulação tiveram um pressentimento ruim sobre um outro avião que se aproximava para taxiamento, suspeitando que seu piloto, talvez não familiarizado com o complexo aeroporto, não conseguiria cumprir as instruções. Decidiram não cruzar a pista e permanecer onde estavam.

Pouco depois, o outro avião “passou em alta velocidade” exatamente na frente deles. “Se tivéssemos cruzado a pista como ordenado, teria havido uma colisão”, afirmou Pruchnicki. Esse episódio ilustra como a experiência e a capacidade de julgamento situacional dos pilotos são cruciais.

Aqui entra outra grande preocupação apontada pelo especialista: a escassez crítica de controladores de tráfego aéreo. Pruchnicki demonstra empatia por esses profissionais, descrevendo-os como sobrecarregados de trabalho e sob constante estresse, tendo em suas mãos a responsabilidade direta pela segurança de milhares de vidas diariamente. A pressão sobre um sistema já tensionado pela falta de pessoal qualificado aumenta exponencialmente os riscos de erro humano em momentos críticos.

Paralelamente, Pruchnicki alerta para uma tendência que considera alarmante: a promoção de pilotos com experiência mínima, tanto em companhias regionais quanto nas grandes nacionais.

A pressão para preencher as cabines de comando, impulsionada pela alta demanda por viagens aéreas e pela aposentadoria de pilotos mais experientes, estaria levando a um rebaixamento nos requisitos de horas de voo e experiência prática antes de assumir o comando de aeronaves complexas e rotas de alto tráfego. Colocar pilotos com pouca vivência operacional em situações de alto estresse ou emergência pode ter consequências trágicas.

Diante desse quadro complexo, Pruchnicki enfatiza a necessidade urgente de ações concretas. Ele defende medidas positivas para “abordar os problemas” que continuam surgindo no setor. A inércia, alerta, pode levar a mais tragédias. Entre as soluções propostas estão a formação de mais candidatos qualificados para a carreira de controlador de tráfego aéreo, garantindo que haja pessoal suficiente e bem treinado para gerenciar o espaço aéreo cada vez mais congestionado.

Ele também critica a falta de implementação efetiva das recomendações feitas pelo Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB) dos EUA após suas investigações de incidentes. Essas recomendações, fruto de análises detalhadas, precisam ser transformadas em regulamentos e práticas obrigatórias.

Além disso, Pruchnicki ressalta que a Administração Federal de Aviação (FAA) nos Estados Unidos – e, por extensão, agências reguladoras em outros países – requerem financiamento adequado para fiscalizar o setor com rigor, impor padrões e investir em infraestrutura e tecnologia.

Finalmente, ele vê na tecnologia um aliado essencial para o futuro próximo, com o desenvolvimento de sistemas mais avançados de auxílio aos pilotos, detecção de conflitos e monitoramento automático, capazes de reduzir a carga de trabalho e mitigar erros humanos.

A aviação comercial ainda é estatisticamente o modo de transporte mais seguro. No entanto, a sequência de eventos graves em 2025, culminando com a devastadora queda em Ahmedabad, levanta questões sérias que não podem ser ignoradas.

As análises de especialistas como Shawn Pruchnicki, baseadas em vivência operacional e estudo profundo das causas de acidentes, apontam para falhas sistêmicas que demandam atenção imediata e ação coordenada de fabricantes, companhias aéreas, órgãos reguladores e governos para restaurar e fortalecer o “colchão de segurança” que protege todos que cruzam os céus.

Esse Ex-piloto explica todos os motivos pelos quais há tantos acidentes de avião atualmente após a tragédia da Air India foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.