Congresso tensiona relação com o governo e agrava impasse fiscal, aponta analista

PEC

As recentes declarações do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) acenderam o alerta sobre a escalada de tensão entre o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto. Motta, que inicialmente cogitou um possível “shutdown” como instrumento para forçar cortes de gastos, voltou atrás e disse que “não está na Câmara para servir a um projeto eleitoral”.

Para o analista político e econômico Miguel Daoud, a movimentação de parlamentares como Motta expõe um jogo político mais amplo, no qual o Congresso busca ampliar sua influência sobre o Orçamento e se distanciar de eventuais desgastes. “É uma disputa por narrativa. O Congresso quer deixar claro que, se houver um colapso fiscal, a responsabilidade será do Executivo”, afirma.

Para Miguel Daoud, Executivo e Congresso pensam apenas em seus projetos eleitorais

Na avaliação de Daoud, tanto o governo quanto o Congresso atuam de olho em interesses eleitorais, deixando de lado o debate sobre um projeto estruturante para o país. “O governo Lula vem adotando medidas com foco eleitoreiro, sem apresentar um plano claro de controle de gastos. Por outro lado, o Congresso quer manter emendas, ampliar despesas e preservar seu domínio sobre o Orçamento”, destacou.

Segundo ele, falta bom senso e coragem política para enfrentar temas sensíveis como a revisão de benefícios, o crescimento da dívida pública e os gargalos estruturais do Estado. “Não há vontade de discutir previdência, vinculações obrigatórias, salário mínimo. São pontos essenciais se quisermos, de fato, resolver a crise fiscal”, disse.

População sente efeitos do impasse entre Congresso e governo

Daoud chama atenção para o impacto direto dessa disputa sobre a vida do cidadão comum. Com a inflação pressionando itens básicos, aumento nas tarifas de energia, deterioração dos serviços públicos e insegurança fiscal, o brasileiro já dá sinais de esgotamento. “O povo não aguenta mais. Vai ao mercado e vê preços subindo. Enfrenta falhas em saúde, educação, segurança. E, enquanto isso, Congresso e Executivo disputam quem será o culpado pela tragédia que se anuncia”, afirmou.

O analista observa que o clima de instabilidade política, somado à falta de medidas efetivas para conter o avanço das despesas, pode gerar reflexos sérios na economia, como queda na confiança do investidor, desvalorização cambial e elevação de juros futuros.

Congresso reforça desgaste institucional e amplia incertezas para 2026

O confronto entre os poderes também levanta preocupações sobre o cenário político de 2026. Para Daoud, o comportamento do Congresso neste momento crítico indica que a disputa eleitoral já começou. “Os dois lados estão mais preocupados com 2026 do que com o Brasil de 2025. O Congresso pressiona por benesses e o Executivo tenta sustentar um discurso populista. O resultado é um país paralisado”, concluiu.

O alerta de Daoud reforça a necessidade de uma agenda de responsabilidade fiscal que una governo e Congresso em torno de reformas estruturais, sob o risco de aprofundar a desconfiança da sociedade e dos agentes econômicos.

Assista na íntegra:

Leia mais notícias e análises clicando aqui

O post Congresso tensiona relação com o governo e agrava impasse fiscal, aponta analista apareceu primeiro em BM&C NEWS.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.