Líderes, movimentos e sindicatos protestam contra condenação de Cristina Kirchner

Movimentos populares, sindicatos e lideranças políticas protestaram contra a ratificação da condenação imposta pelo Tribunal Oral Federal Nº 2 (TOF2) da Argentina sobre a ex-presidente Cristina Kirchner. Grupos progressistas reafirmaram apoio à líder peronista e afirmaram que a decisão coloca a “democracia em perigo”.

Manifestantes se reuniram em frente à sede do Partido Justicialista depois da divulgação da decisão. Em outras capitais de províncias foram registrados movimentos contra a medida da Justiça argentina. Eles bloquearam avenidas e ocuparam praças para protestar pela liberdade de Cristina.

O primeiro apoio foi da Confederação Geral do Trabalho (CGT). Em nota, a central sindical mais importante do país afirmou que os processos movidos contra Kirchner apresentam “graves irregularidades , divulgação prematura de medidas pela mídia e manipulação de informações”. 

“Qualquer decisão que questione as regras democráticas apenas perturba o funcionamento institucional normal da nação. Dessa forma, os processos de investigação e acusação, que deveriam estar em conformidade com a lei e respeitar as garantias, são distorcidos e desnaturados. Em vez disso, são transformados em mecanismos de perseguição e proscrição política”, afirma o texto.

A organização compara o caso com a prisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para a CGT, a participação de Cristina nas eleições de 2025 são fundamentais para garantir que exista um pleito “livre” e “sem interferência de outros Poderes”. Ela não poderá ser candidata a deputada estadual, como havia anunciado.

“Sem dúvida, a perseguição a candidatos, seja do peronismo ou de qualquer outra organização que defenda interesses nacionais e populares, confirma que a proibição eleitoral é condição necessária para impor um modelo econômico e social de desigualdade, fragmentação e empobrecimento da maioria”, concluiu o texto.

Outro a se manifestar foi Juan Grabois, fundador do Sindicato dos Trabalhadores da Economia Popular. Em publicação nas redes sociais, ele afirmou que foi consumado um “golpe judicial” e comparou o caso com o da ex-primeira dama da Argentina Eva Perón, que não se candidatou a vice nas eleições de 1951 depois de uma pressão de militares e da imprensa hegemônica argentina.

“O golpe judicial foi consumado. A democracia se degrada na ditadura do poder real. O golpe é novamente desencadeado sobre o corpo de uma mulher com o mesmo ódio que infligiram a Evita. O povo foi privado da oportunidade de eleger a melhor presidente desde Perón, e o caminho foi pavimentado para a destruição do nosso país. Agora viajamos em caravana para San José e Humberto I para aprofundar a resistência. O povo sempre retorna”, disse em seu perfil no X.

O governador de Buenos Aires, Axel Kicillof, também se posicionou contra a decisão da Justiça argentina. Ele era um dos aliados políticos de Kirchner, mas começou a disputar a liderança no peronismo com a ex-presidente nos últimos meses. Depois da decisão da Justiça, Kicilof afirmou que a condenação “consagra por completo uma verdadeira infâmia”.

“Hoje condenam Cristina Kirchner, um fim anunciado após anos de perversa perseguição política, midiática e judicial. Este é um novo capítulo na longa história de ataques ao peronismo e àqueles que, como ela, ousaram transformar a Argentina em favor da maioria”, disse governador.

Ele afirmou que o ex-presidente Mauricio Macri montou um “sistema ilegal de espionagem” que acabou fabricando casos e manipulando provas para perseguir Cristina Kirchner, sua família e seus funcionários. Kicillof afirmou também que há um clima de ódio depois da eleição de Javier Milei. 

“A guerra jurídica e a estigmatização do campo popular tornaram-se políticas de Estado. E hoje, com um presidente para quem ‘a justiça social é uma aberração’, o clima de ódio, autoritarismo e assédio se intensificou. Tanto Macri quanto Milei desprezam a democracia com a mesma intensidade com que desprezam a dignidade do povo. E é por isso que celebram hoje. Ao longo de todo o processo judicial, promotores e juízes agiram com espírito vingativo, sem o menor respeito pela verdade e pela justiça”, concluiu.

O Grupo de Puebla também se posicionou contra a decisão da Justiça. Em publicação nas redes sociais, o fórum acadêmico e político latino-americano e europeu afirmou que a justiça não pode ser uma “instrumento de proscrição política” e reforçou o apoio a ex-presidente. 

“A Justiça jamais poderá ser um instrumento de proscrição política. Nosso total e absoluto apoio a Cristina Kirchner. O povo latino-americano sempre se manterá firme e reverente ao lado daqueles que defenderam a lei. Exigimos justiça!”, diz a nota.

A ex-presidenta terá 5 dias para se apresentar ao Tribunal e confirmar a sua detenção.

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