
Com quantos quilos posso doar sangue? Quem tem tatuagem pode doar? Precisa estar em jejum? É comum que dúvidas como estas apareçam na hora de falar sobre doação de sangue, podendo até afastar alguns doadores.
O Junho Vermelho é o mês dedicado à conscientização sobre a doação de sangue, um ato que pode ajudar a salvar diversas vidas, mas que tem enfrentado a falta de pessoas voluntárias.
No Espírito Santo, por exemplo, O Centro Estadual de Hemoterapia e Hematologia (Hemoes) tem compartilhado frequentemente os níveis críticos dos bancos de sangue.
Mesmo com campanhas frequentes, a doação ainda não faz parte da rotina de boa parte da população e desconhecer o processo pode ser um dos motivos.
Quem pode doar sangue?
Para doar, é preciso estar atento a alguns critérios estabelecidos pelo Ministério de Saúde. Segundo o hematologista Douglas Covre Stocco, é preciso:
- Pesar mais de 50 quilos;
- Ter entre 16 e 69 anos (menores de idade precisam de autorização);
- Apresentar documento com foto;
- Apresentar um bom quadro geral de saúde.
Além disso, o especialista ressalta que alguns cuidados devem ser tomados pelo voluntário antes da doação. “É preciso ter, pelo menos, 6 horas de sono na noite anterior à doação. O doador também deve fazer uma ingestão adequada de água”, orienta.
É preciso fazer jejum antes da doação?
Fazer ou não jejum também é uma dúvida recorrente. Apesar de ser um senso comum, Stocco alerta: o doador não deve fazer jejum.
No dia da doação, orientamos que a alimentação seja leve e com pouca gordura. Também é obrigatório evitar o consumo de álcool, no mínimo, 12 horas antes da doação.
Quem tem tatuagem pode doar?
Além dos requisitos mínimos para doação, é preciso observar algumas outras regras, como tempo necessário para garantir uma doação segura após a realização de tatuagens, instalação de piercings ou realização de micropigmentação.
“Nesses casos, o tempo de espera mínimo para a realização da doação é de 6 meses a 1 ano após o procedimento”, ressalta.
Pessoas LGBTQIA+ podem doar?
Desde 2020, caiu uma restrição que impedia que o grupo formado por homens que fazem sexo com outros homens doassem sangue. Isso aconteceu por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou a medida discriminatória e inconstitucional.
“Até então, homens que praticavam sexo com outros homens, mesmo que tivessem parceiro fixo, eram impedidos de doar. A decisão do STF partiu do entendimento de que a orientação sexual por si só não é um fator de risco para a transmissão de doenças infecciosas pelo sangue”, explica o especialista.
Situações que podem adiar a doação de sangue
Também é importante conhecer algumas das situações que podem adiar o momento de doar sangue. Segundo o hematologista, são elas:
- Procedimentos dentários (de 1 a 30 dias, a depender do procedimento);
- Aplicação de botox (72 horas);
- Sintomas gripais, como espirros, tosse, dor de garganta e febre (30 dias após a cura);
- Diarreia (uma semana após o último episódio);
- Vacina contra gripe (Influenza), hepatite B e anti-tetânica (48 horas);
- Vacina antirrábica profilática e tríplice viral (28 dias);
- Vacina contra covid-19: vacina Coronavac Butantan (48 horas após administração) e após as vacinas Covishield Astrazeneca, Janssen e Pfizer (07 dias);
- Antibiótico (15 dias após o uso e com cura da infecção).
Doar sangue pode salvar até quatro vidas
Mais do que doar uma vez, o desafio das campanhas é tornar a doação um hábito. Stocco lembra que a doação é segura, simples, rápida e não traz riscos para o doador.
“A campanha é importante para elevar o número de doadores regulares, visto que o sangue é um componente que não tem substituto, não pode ser produzido em laboratório e uma única doação pode salvar até 4 vidas”.