
O brasileiro está cansado da polarização. Os eleitores, cada vez mais exigentes, querem mais do que a simples disputa ideológica rasa entre esquerda e direita. As pessoas querem debater o país com equilíbrio. Nesse contexto, Lula e Bolsonaro, principais símbolos da briga radicalizada, acabaram tendo suas imagens desgastadas e enfraquecidas. E a opinião pública já vem sentenciando: para 2026, nem Lula, nem Bolsonaro. O eleitorado pede novos nomes.
Esse cenário já vem sendo desenhado há algum tempo, com a baixa tolerância dos eleitores em relação ao Governo. Pesquisas mostram sucessivas quedas na aprovação no atual mandato de Lula, que não conseguiu repetir os bons resultados do passado, quando os índices de pobreza foram reduzidos, os benefícios sociais foram turbinados e o poder aquisitivo da classe trabalhadora foi ampliado.
Desta vez, a “picanha” ficou na promessa e, às vésperas de um ano eleitoral, o Governo ainda foi obrigado a anunciar o aumento do IOF, medida que, na prática, representa dificuldades de acesso ao crédito. O problema é que o eleitor não perdoa. Levantamento divulgado nos últimos dias revelou um dado novo e importante: 66% dos brasileiros são contra a candidatura do presidente Lula à reeleição em 2026. Apenas 32% apoiam seu nome para a disputa; um percentual baixo que mostra uma mudança importante no comportamento do eleitor.
Isso porque, até pouco tempo, apesar da baixa aprovação do Governo, Lula vinha se mantendo com bons desempenhos nas pesquisas em relação a todos os possíveis candidatos da direita. De algum tempo para cá, no entanto, essa lógica mudou. Agora os dados revelam que o petista está tecnicamente empatado com nomes como os do governador Tarcísio de Freitas, da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e do governador Ratinho Júnior.
Se por um lado Lula não encontra apoio dos eleitores, por outro Jair Bolsonaro também não está em seus melhores dias. No total, 65% dos brasileiros são da opinião de que o ex-presidente deve abrir mão de concorrer e apoiar outro candidato. Parte disso se deve ao fato de ele estar inelegível até 2030, fato que inegavelmente respinga na imagem que construiu no passado e que agora não se sustenta.
Pesquisas são um retrato do momento, isso é inegável. Mas sucessivas pesquisas, quando avaliadas em conjunto, nos revelam tendências. Esquerda e direita precisam agora ter inteligência para fazer a interpretação estratégica daquilo que os dados estão nos revelando: o humor do eleitorado mudou. Um fato que não pode ser ignorado.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG