
Seja usando a própria criatividade ou com ajuda profissional, duas microempreendedoras maranhenses tem se reinventado e ajudado a alavancar suas vendas nas redes sociais. No Maranhão, o percentual de mulheres que lideram negócios já chega a mais de 43%. Larissa Batista e Vanessa Carvalho são microempreendedoras maranhenses que transformaram seus negócios por meio do digital
Arquivo pessoal
No novo modelo de interação interpessoal, em que estamos cada vez mais conectados pela internet, as plataformas digitais têm desempenhado um papel fundamental. Elas deixaram de ser meros espaços para troca de mensagens ou entretenimento e se transformaram em vitrines poderosas para empreendedores, especialmente para pequenos e médios negócios.
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Com amplo acesso a ferramentas nas redes sociais, somados ao toque feminino e à criatividade, microempreendedoras maranhenses estão alavancando seus negócios online. Mais do que engajamento, elas criam ecossistemas de consumo em torno de seus produtos, gerando lucro, renda e formando comunidades fortes e fiéis aos seus empreendimentos.
No Maranhão, as microempreendedoras individuais (MEIs) lideram cerca de 43,5% dos negócios nesse segmento, segundo o Sebrae. O número representa 52.866 mulheres que enxergaram no empreendedorismo uma oportunidade de alcançar autonomia financeira e conciliar múltiplos papéis, tais como mães, profissionais e chefes do próprio negócio.
Criatividade que gera conexão
Com muita criatividade, Larissa começou a mostrar um pouco mais da sua rotina por meio das redes sociais
Arquivo pessoal
Em um mercado onde empreendedores de um mesmo setor disputam a atenção dos consumidores, o impulso para o sucesso pode vir de algo simples, como um elogio de um cliente. Foi exatamente assim que a maranhense Larissa Batista, de 30 anos, microempreendedora do ramo de confeitaria em São Luís, decidiu alavancar sua trajetória profissional por meio das redes sociais.
A vocação para transformar açúcar, leite e farinha em obras de arte coloridas surgiu ainda na infância, quando morava em Zé Doca, a 302 km da capital maranhense, e vendia doces na escola. Já adulta, Larissa formou-se em gastronomia, especializou-se em confeitaria e abriu seu próprio negócio em São Luís.
Ao g1, Larissa conta que o início foi repleto de dificuldades, realidade comum entre mulheres que optam por empreender, mas que o apoio da família foi essencial para que ela seguisse encantando pessoas por meio da gastronomia.
Aos poucos, ela foi ganhando mais confiança ao receber elogios de clientes, que passaram a indicá-la para outras pessoas, criando uma rede espontânea de consumidores. Esse incentivo foi o empurrão necessário para investir, de forma orgânica, na divulgação dos seus produtos em um perfil nas redes sociais.
Com vídeos curtos, ela começou a mostrar os detalhes do seu trabalho e a variedade de produtos oferecidos, desde bolos até ovos de chocolate. Em alguns conteúdos, aposta também no humor para retratar, com leveza, a rotina de quem trabalha na cozinha, o que gera empatia e conexão com o público.
“Quando meus clientes começaram a elogiar meu trabalho e dizer que iam me indicar para outras pessoas, percebi que meu produto estava sendo bem aceito. Foi nesse momento que entendi: era hora de expandir e me tornar mais conhecida. Comecei a fazer mais postagens, interagir e divulgar meu trabalho nas redes sociais. Percebi que, assim, poderia alcançar pessoas além do meu bairro e dar visibilidade ao que eu fazia com tanto carinho”, conta Larissa.
Com vídeos de humor, maranhense ajuda a divulgar seu trabalho nas redes sociais
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A experiência deu certo. Em um único post em seu perfil no Instagram, Larissa alcançou mais de 3 milhões de visualizações e ganhou mais de 2 mil seguidores de uma só vez. A visibilidade atraiu clientes de diferentes regiões da cidade, ampliando sua renda e sua rede de consumidores.
“Nunca esperei que fosse dar tão certo. Hoje, tenho clientes que me conheceram pelas redes sociais e chegam a percorrer mais de 15 km só para comprar comigo. Isso me mostra que vale a pena investir na divulgação e acreditar no que a gente faz”, afirma a confeiteira.
Com essa virada, Larissa Batista passou a integrar o grupo de micro e pequenas empresas (MPEs) que investem na divulgação de seus serviços nas redes sociais. De acordo com a 9ª edição da Pesquisa Pulso dos Pequenos Negócios, conduzida pelo Sebrae e divulgada em abril deste ano, 70% dos empreendedores utilizam ferramentas digitais para vender seus produtos.
Larissa Batista é confeiteira e usa suas redes sociais para alavancar o seu negócio.
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Agora, a empreendedora, que também é mãe de três filhos e dona de casa, busca encontrar tempo em sua rotina para estudar novas formas de ampliar seu alcance nas redes sociais e conectar seu serviço a mais consumidores.
“Sou mãe de três filhos, esposa e ainda empreendedora, o que não é fácil, mas sei que não posso parar. Preciso continuar mostrando meu trabalho. Por isso, estou buscando entender melhor como funcionam as redes sociais, investir nisso e tentar abrir novos horizontes para o meu negócio”, explica.
Conexão que gera crescimento
Com 10 anos de carreira como decoradora de eventos e cenógrafa no Maranhão, Vanessa Carvalho também transformou sua forma de se conectar com o público nas redes sociais. O resultado? Um aumento de 50% na procura por seus serviços graças à visibilidade digital.
Seu perfeccionismo e atenção aos detalhes sempre foram marcas registradas. O que começou como um hobby, decorar festas para amigos e familiares, virou negócio após uma transição de carreira. Hoje, Vanessa é especialista na decoração de casamentos e atende clientes em várias partes do eixo Maranhão-Piauí.
Vanessa Carvalho é decoradora há 10 anos e tem se reinventado no mercado digital
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Ao g1, ela conta que os próprios clientes começaram a sentir falta de ver, nas redes sociais, o que ela realizava nos eventos. Diante da rotina agitada entre maternidade e trabalho, Vanessa decidiu investir na gestão de um dos seus perfis e o retorno foi surpreendente.
“Meus clientes sempre elogiavam meu trabalho, mas diziam que não viam nada nas redes sociais. Foi aí que, pela falta de tempo, resolvi contratar uma empresa para me ajudar a me posicionar melhor e mostrar mais do meu trabalho. E foi a melhor coisa que fiz. Notei uma mudança significativa na procura pelos meus serviços, em cerca de 50%”, conta.
A decoradora é especialista em casamentos
Arquivo pessoal
O que era apenas uma rede social virou uma vitrine e um canal direto com novos clientes. Com essa mudança de perspectiva, Vanessa viu o número de seguidores crescer e a demanda dobrar.
Ela aposta em conteúdos que mostram os bastidores da produção das festas, desde a escolha dos itens até o resultado final. Mesmo com o apoio profissional, faz questão de participar da criação dos conteúdos para manter a autenticidade da marca.
Assim como Vanessa, 39% dos microempreendedores individuais (MEIs) destinam parte dos seus recursos à promoção de vendas no ambiente digital, segundo a mesma pesquisa do Sebrae. Uma de suas estratégias é investir em postagens mais espontâneas. Para ela, mais do que expandir o negócio, estar nas redes é uma forma de comunicar propósito.
“Tudo precisa ter uma intencionalidade. Mesmo com apoio profissional, uso meu Instagram normalmente, posto sem filtros e mostro meu dia a dia. É isso que meus clientes querem ver: a Vanessa real. E essa é a parte mais especial de tudo, conseguir criar essa conexão e ver os resultados positivos”, finaliza.
Mais presença digital, mais resultados
Aplicaticos de redes sociais em celular: Facebook, Instagram
Brett Jordan/Pexels
Diante dessa nova configuração de mercado, marcada pela demanda crescente por serviços encontrados nas redes sociais, os empreendedores precisam se adaptar. Para Reijane Almeida, analista de negócios do Sebrae Maranhão, a presença digital tornou-se uma necessidade, especialmente no cenário pós-pandêmico.
Entre as principais estratégias adotadas pelos microempreendedores estão os marketplaces, plataformas que funcionam como shoppings virtuais, e formas criativas de divulgação, como vídeos curtos e atendimento mais humanizado.
“Cada vez mais, os pequenos empreendedores compreendem que a presença digital deixou de ser um diferencial e passou a ser essencial. Essa transformação se intensificou durante a pandemia e permaneceu no período pós-pandêmico, com o aumento das compras online e da busca por marcas nas redes sociais. Mesmo com recursos limitados, esses empreendedores têm encontrado formas acessíveis e criativas de divulgar seus produtos”, explica Reijane.
Aplicativos e redes sociais é solução para muita gente durante a pandemia
Apesar do alto número de empreendedores ativos no digital, ainda existe resistência de parte da categoria, principalmente por dúvidas sobre produção de conteúdo e receios em relação aos algoritmos. Para a analista, esse cenário mostra a importância da capacitação.
“As principais barreiras ainda estão ligadas ao desconhecimento, à insegurança e à falta de tempo. Muitos empreendedores não sabem como produzir conteúdo, lidar com os algoritmos ou o que funciona melhor para seu público. Além disso, há o mito de que estar nas redes exige altos investimentos ou que não traz retorno rápido. Em alguns casos, há até medo de se expor ou receber críticas públicas. Por isso, ações de capacitação e acompanhamento são essenciais para mudar esse quadro”, conclui.
Apoio que impulsiona
E em espaços onde falta incentivo aos empreendedores, o Sebrae se destaca há mais de 50 anos como um dos pilares fundamentais no apoio e fortalecimento desta categoria no Brasil, oferecendo soluções inovadoras para pequenos negócios e contribuindo para o desenvolvimento econômico de diversos estados, dentre eles, o Maranhão.
O digital ainda pode ser um quebra-cabeça para muitos empreendedores, entretanto, o Sebrae conta com uma ampla atuação no apoio à transformação digital dos pequenos negócios, ajudando as microempresas a superarem seus desafios e alcançarem destaque na sua área.
Alguns desses auxílios são os cursos gratuitos, consultorias individuais e trilhas formativas específicas para diferentes perfis nas redes sociais e setores do comércio.
Sede do Sebrae em São Luís
Divulgação/Sebrae
Reijane Almeida, analista de negócios do Sebrae Maranhão, reforça ainda que o apoio dado as microempreendedoras com o programa “Sebrae Delas”, com capacitação, mentorias e apoio que ajudam a dar visibilidade e autonomia para seus negócios.
“O Sebrae Maranhão tem uma ampla atuação no apoio à transformação digital dos pequenos negócios, com cursos gratuitos, consultorias individuais e trilhas formativas específicas para diferentes perfis e setores. Um bom exemplo sobre apoio ao empreendedorismo feminino é o programa Sebrae Delas, que oferece capacitação, mentorias e apoio para que mulheres empreendedoras possam ganhar visibilidade e autonomia, além de desenvolver habilidades de gestão, vendas online e marketing de conteúdo”, explica.
Neste cenário, a transformação digital é mais que uma realidade que bate à porta, ela é uma das chaves para o crescimento e sucesso dos negócios nos próximos anos no Maranhão. E esses negócios, quando liderados por microempreendedoras, somadas à sua capacidade de transformação, criatividade e resiliência, o horizonte e o futuro são ainda mais promissores.