Paulo Onça, voz do samba amazonense, deixa legado de clássicos e parcerias nacionais; relembre composições


Sambista amazonense teve carreira marcada por mais de 130 composições, parcerias nacionais e sambas-enredo que fizeram história no Carnaval de Manaus e do Rio. Paulo Onça, sambista e compositor, morre aos 63 anos, em Manaus.
Reprodução/Rede Amazônica
No compasso do samba, cada nota carregava uma história, uma memória, uma alma. Foi assim que Paulo Juvêncio de Melo Israel, o Paulo Onça, deu voz e vida ao coração do samba amazonense por mais de quatro décadas. Com versos que ecoaram dos bairros de Manaus até os grandes palcos do Carnaval carioca, ele deixou um legado que pulsa forte na cultura brasileira, celebrando a alegria, a luta e a essência do povo.
Relembre abaixo as principais composições do artista, que morreu nesta segunda-feira (26), na capital amazonense, após ficar internado desde dezembro, vítima de uma agressão durante uma briga de trânsito.
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Figura central na história da música popular do Amazonas, Paulo Onça produziu mais de 130 composições que expressam a alma manauara e levaram o nome de Manaus para todo o Brasil por meio do samba.
O primeiro grande destaque do sambista foi o samba-enredo “Nem Verde e Nem Rosa”, que garantiu o título do Carnaval de Manaus em 1990 à escola de samba Vitória Régia.
Entre os momentos mais emblemáticos da carreira de Paulo Onça está a autoria do samba-enredo “Ivete do Rio ao Rio”, da Acadêmicos da Grande Rio, apresentado em 2017 em homenagem à cantora Ivete Sangalo. A obra se tornou um dos desfiles mais celebrados do Carnaval carioca recente, abrindo portas para novos convites ao compositor.
Além dos sambas-enredo, Paulo Onça é lembrado pelo sucesso da canção “Feitio de Paixão”, interpretada por Jorge Aragão, que lhe rendeu reconhecimento nacional e consolidou ainda mais sua importância no cenário musical brasileiro.
Paulo Onça deixa um legado rico em criatividade e cultura, que atravessou gerações e influenciou tanto o samba do Amazonas quanto do Brasil.
Confira abaixo algumas das composições de maior sucesso de Paulo Onça:
Nem Verde e Nem Rosa – Lucilene Castro
Tributo A Parintins – Leci Brandão
Ivete Do Rio Ao Rio – Ivete Sangalo e Emerson Dias
Feitio de Paixão – Jorge Aragão
Cartilha de Amor – Exaltassamba/Royce do Cavaco
Boi de Deus – Klinger Araújo
Cheiro do Mato (Chegou a Hora) – Chico da Silva
O velório de Paulo Onça é realizado na quadra da escola de samba Vitória Régia, localizada no bairro Praça 14 de Janeiro — conhecido por ser o berço do samba manauara. Familiares, amigos e admiradores poderão se despedir do artista no local onde sua trajetória também foi marcada pela paixão pelo samba.
Homenagens e reconhecimento
Paulo Onça construiu uma carreira marcada por parcerias com grandes nomes da música
Zeca Pagodinho prestou homenagem ao amigo nas redes sociais, solidarizando-se com familiares, fãs e amigos. A Grande Rio destacou o legado artístico de Paulo Onça, autor do samba-enredo de 2017 em homenagem à Ivete Sangalo.
O Governo do Amazonas exaltou a contribuição do artista à cultura popular, ressaltando seus versos marcantes e sua importância no Carnaval carioca.
A Prefeitura de Manaus, por meio do prefeito David Almeida, afirmou que Paulo Onça foi “a alma do samba de Manaus” e que seu legado será eterno, expressando profundo pesar pela perda.
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Em entrevista à Rede Amazônica, Simone Andrade, esposa de Paulo Onça, lamentou a morte do sambista e relembrou a luta dele durante os quase seis meses de internação. Ela contou que o artista sofreu traumatismo craniano grave após a agressão e passou por várias cirurgias e idas à UTI.
“Ele foi um guerreiro, mas infelizmente a agressão levou o Paulo. Ele não merecia esse fim”, disse.
Suspeito segue preso
O comerciante Adeilson Duque Fonseca segue preso após agredir o sambista Paulo Onça, em dezembro do ano passado, na Zona Sul de Manaus. Câmeras de segurança registraram o momento em que o carro de Paulo avançou o sinal vermelho e colidiu com o de Adeilson, que desceu do veículo e iniciou as agressões até a vítima desmaiar.
Com a morte, o advogado da vítima, Ezequiel Leandro, informou que o caso deve deixar de ser tratado como tentativa e passar a ser julgado como homicídio qualificado. O Ministério Público deve apresentar um aditamento à denúncia.
“Se a gente observar o vídeo que foi amplamente divulgado, dá pra ver que ele queria matar. Se ele tivesse conversado com o Paulo, nós não estaríamos aqui. Paulo teria resolvido”, pontuou Ezequiel.
Agressão após briga de trânsito
Ao g1, o filho do compositor, Paulo Sávio, relatou que houve uma colisão entre o veículo dirigido pelo pai com o de outro motorista. Ambos discutiram e o compositor foi agredido na região da cabeça até desacordar. O agressor fugiu do local sem prestar socorro.
Paulo Onça foi conduzido para um hospital, onde passou por cirurgia e permaneceu internado.
Uma câmera de segurança registrou o acidente, ocorrido pouco depois da meia-noite. O vídeo, obtido pela Rede Amazônica, mostra que o carro do compositor passou no sinal fechado e colidiu com o veículo do comerciante, que agrediu o sambista até deixá-lo inconsciente.
A pedido da Polícia Civil, a Justiça decretou na noite de quinta-feira a prisão preventiva de Adeilson Duque, que passou a ser considerado foragido pela tentativa de homicídio contra o sambista.
Adeilson Duque Fonseca se entregou na noite do dia 7 de dezembro, no 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP).
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