Aniversário de SP: jovens da periferia criam instituto para debater mudanças climáticas com foco em raça e território


Principal objetivo do projeto é colocar a juventude periférica no centro do debate, contribuindo para o ODS 13 da ONU, que fala sobre o combate à mudança climática e seus impactos. Projeto Perifa Sustentável
Divulgação
Em um sábado quente, uma das vielas no Jardim Paraná, bairro periférico da Brasilândia, na Zona Norte de São Paulo, sofreu uma grande transformação. Ao som de músicas de artistas como Racionais e Emicida, jovens e crianças limparam juntos um ponto de lixo. Enquanto isso, outros fizeram um grande grafite colorido na parede. Quem passou por lá se alegrou com o que viu.
A ação aconteceu por meio de um projeto Perifa Sustentável, instituto formado por jovens de origem periférica que mobiliza as periferias para a pauta das mudanças climáticas.
A transformação na viela começou a ser pensada dentro da EMEF Senador Teotônio Vilela, uma escola pública da região. Durante dois meses, os participantes do coletivo visitaram os alunos do Ensino Fundamental II para explicar temas como racismo ambiental ou climático, termo usado para explicar o processo de degradação das condições socioambientais que afeta, principalmente, populações marginalizadas como pretos, pardos, indígenas e pobres.
Ao final da formação, os alunos escolheram um lugar que pudessem transformar efetivamente.
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Para a diretora da escola, Ioneide Senati, o fato de as palestras serem ministradas por jovens da periferia facilitou a conexão.
“Eles trazem essa linguagem para os nossos estudantes, que se sentem motivados. É a representatividade dentro da escola.”
Instituto debate mudanças climáticas com foco em raça e território na periferia de São Paulo
Reprodução/TV Globo
O Perifa Sustentável nasceu oficialmente em 2022, mas veio sendo germinado desde 2019 pela fundadora, Amanda Costa, de 27 anos. A jovem ativista é também embaixadora da ONU e utiliza as redes sociais para discutir mudanças climáticas. Ela explica que o instituto tem a missão principal de democratizar este tema, tornando-o mais próximo de periferias, comunidades e favelas.
“Muitas vezes, a gente escuta sobre mudança do clima olhando aquele livro de ciência, o urso polar ficando magrinho. Mas a gente nunca faz a associação com nosso território. Então o Instituto Perifa Sustentável foi criado para mobilizar as juventudes brasileiras para desenvolver uma nova agenda de desenvolvimento pautando dois pilares principais: raça e clima,”
Atualmente, nove jovens atuam no instituto, todos de forma voluntária. Além dessa ação na escola, possuem outros projetos, como hortas comunitárias. São principalmente três focos: ações territoriais, incidência política e educomunicação, a última com bastante em redes sociais. Para algumas ações, como a mobilização na escola da Brasilândia, contam com doações e também editais.
“Falar de clima é falar da vida. Falar que a gente precisa encontrar formas sustentáveis de viver, um novo modelo econômico em que não precisa ter exploração para que um grupo consiga se sobressair”, finaliza Amanda.
Por dentro dos ODS
Para as celebrações dos 470 anos da capital paulista, o Bom Dia São Paulo, o SP1, SP2 e o g1 exibem nesta semana uma série de reportagens sobre paulistanos que estão fazendo a diferença em cada uma das áreas dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, ajudando a tornar a cidade um lugar melhor e mais justo para todos.
Nesta reportagem, tratamos do ODS 13: ação contra a mudança global do clima, que fala sobre a adoção de medidas urgentes para combater as alterações climáticas e os seus impactos.
Confira em detalhes o que ele estabelece:
13.1 Reforçar a resiliência e a capacidade de adaptação a riscos relacionados ao clima e às catástrofes naturais em todos os países
13.2 Integrar medidas da mudança do clima nas políticas, estratégias e planejamentos nacionais
13.3 Melhorar a educação, aumentar a conscientização e a capacidade humana e institucional sobre mitigação, adaptação, redução de impacto e alerta precoce da mudança do clima
13.a Implementar o compromisso assumido pelos países desenvolvidos partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima [UNFCCC] para a meta de mobilizar conjuntamente US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020, de todas as fontes, para atender às necessidades dos países em desenvolvimento, no contexto das ações de mitigação significativas e transparência na implementação; e operacionalizar plenamente o Fundo Verde para o Clima por meio de sua capitalização o mais cedo possível
13.b Promover mecanismos para a criação de capacidades para o planejamento relacionado à mudança do clima e à gestão eficaz, nos países menos desenvolvidos, inclusive com foco em mulheres, jovens, comunidades locais e marginalizadas
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