Acordo China-Brasil sobre Inteligência Artificial reforça pesquisas conjuntas e desenvolvimento de infraestrutura

Um dos vinte acordos assinados entre China e Brasil na última visita de Estado do presidente Lula ao país asiático foi o memorando de entendimento sobre o reforço da cooperação em Inteligência Artificial.

O acordo definiu pelo menos cinco áreas para o diálogo e cooperação em relação à Inteligência Artificial (IA) entre os dois países: infraestrutura; treinamentos e intercâmbios; troca de experiências em aplicações e plataformas; enfrentamento dos riscos de segurança da IA; e capacitação em conhecimentos e habilidades profissionais.

Do lado brasileiro, um dos objetivos é que a cooperação favoreça a digitalização da indústria no país, como contou ao Brasil de Fato em Pequim, o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Márcio Elias, que assinou o acordo com a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da República Popular da China.

“É preciso levar pro chão de fábrica, para os processos produtivos, os ganhos que a inteligência artificial pode trazer: aumento da produtividade, vai melhorar a nossa competitividade no cenário internacional”, disse o secretário-executivo do MDIC que integrou a comitiva de 11 ministérios do governo Lula à China.

Ele afirma que esse é um dos objetivos da Nova Indústria Brasil: “tornar nossa indústria mais digital, mais competitiva, mais produtiva, mais sustentável e mais exportadora”. “A China tem experiência nisso, tem uma grande produtividade industrial, todo mundo sabe que nós podemos nos aproveitar desse intercâmbio de informações”, disse Márcio Elias em entrevista com o BdF em Pequim.

Já de volta à Brasília, o secretário do MDIC participou do Fórum de Alto Nível do BRICS sobre Inteligência Artificial 2025, na terça-feira (20), organizado com o governo chinês e com a participação do vice-ministro do Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China, Xiong Jijun.

Na coletiva de encerramento da visita de Estado, o presidente Lula disse que o Brasil quer inteligência artificial. “A gente quer tudo que eles [China] podem compartilhar conosco, e a palavra correta é ‘compartilhar’, porque a gente precisa aprender a trabalhar junto para que as coisas possam dar os frutos que nós precisamos”, disse o presidente.

Laboratório e capacitação conjunta

Uma das propostas do acordo é criar um laboratório conjunto de IA “para fortalecer as capacidades de pesquisa e inovação no setor”.

Também prevê esforços conjuntos em “treinamento de grandes modelos de linguagem e multimodais, e incentivar intercâmbios técnicos e cooperação na formação de talentos entre universidades, instituições de pesquisa e empresas de ambos os países”.

A ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, disse ao Brasil de Fato, que há cada vez mais acordo entre os países em relação à formação conjunta.

“É uma prática longeva que nós temos com os chineses de várias universidades brasileiras que já fazem esse tipo de cooperação e nós queremos ampliar.”

A ministra lembrou que um dos três memorandos de entendimento que assinou durante a viagem de Xi Jinping à Brasília em novembro foi também sobre IA. O acordo previa a cooperação no desenvolvimento de recursos humanos, treinamento de pessoal, qualificação da força de trabalho, promoção de intercâmbio de pessoal por meio de cursos de treinamento, seminários, workshops e visitas de acadêmicos, entre outros pontos.

Esse acordo foi feito para “garantir esse intercâmbio de estudantes, professores e até pesquisa em redes, que é também o grande desafio e que é a melhor solução para você fazer P&D, fazer Pesquisa e Desenvolvimento”, disse Santos.

Além de IA, Márcio Elías conta que a capacitação e intercâmbio de profissionais, e transferência de tecnologia, também está previsto para um campo mais amplo por meio de outro acordo assinado por sua carteira, a Carta de Intenções sobre a Promoção do Desenvolvimento de Alta Qualidade da Cooperação em Investimentos na Economia Digital.

“Isso vale para e-commerce, plataformas digitais, streaming, recursos de audiovisuais, ou seja pra área de serviços”, diz Elías.

O secretário-executivo do MDIC, afirma que o acordo com a China vai seguir as orientações do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, lançado no ano passado durante a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, e que até 2028 tem uma previsão de investimento de R$ 23 bilhões.

O acordo tem prazo de 3 anos, e está prevista sua renovação automática.

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