
A reversão do governo em relação ao aumento do IOF, após forte reação negativa do mercado, repercute entre analistas e investidores. Para Felipe Miranda, fundador da Empiricus, o episódio representou um momento de desorganização política e perda de credibilidade, que reforça a percepção de risco sobre a condução da política econômica — mas também abre oportunidades para quem busca ativos com visão de longo prazo.
“Foi um dia particularmente ruim. O governo anunciou a medida e recuou em meia hora. Isso compromete a percepção de profissionalismo e coordenação. Fica difícil confiar na profundidade técnica das decisões”, afirmou Miranda em entrevista à BM&C News.
IOF, ruído institucional e desalinhamento com a OCDE
Na avaliação de Felipe Miranda, o uso do IOF como ferramenta arrecadatória é inadequado e fora dos padrões internacionais.
“O IOF é um imposto regulatório. Usá-lo para cobrir rombo fiscal nos desalinha das diretrizes da OCDE. Aumentar o IOF para instrumentos como VGBL é algo que me incomoda bastante”, criticou.
Para ele, a forma atabalhoada como o governo conduziu o anúncio e a revogação gerou desconfiança. “Há uma sensação de improviso. Isso impacta a credibilidade num momento em que o país tenta reforçar o compromisso com o controle fiscal.”
Corrida com barreiras: IOF expõe os obstáculos à frente
Apesar das críticas, Felipe Miranda não vê o episódio envolvendo o IOF como suficiente para interromper o ciclo de otimismo com o Brasil. Segundo ele, o país segue se beneficiando da reversão de um longo ciclo de fortalecimento do dólar e da maior atratividade de mercados emergentes.
“É como se fosse uma corrida de 100 metros rasos que virou uma corrida de 100 metros com barreiras. Tivemos um tropeço, mas o Brasil continua na disputa. Vamos continuar falando sobre queda de juros e mudanças no ciclo da economia política.”
Volatilidade e o papel do IOF como oportunidade de entrada
Mesmo com o Ibovespa girando em torno dos 140 mil pontos, Miranda lembra que diversos papéis já subiram entre 40% e 50% no ano — e que movimentos como o gerado pelo anúncio do IOF são comuns.
“Seria uma ilusão achar que essa trajetória seria linear. Essa volatilidade é o que permite encontrar boas empresas, que haviam subido bastante, com preços mais atrativos.”
Ele também reforça que é justamente a falta de previsibilidade que sustenta o potencial de valorização.
“Se tudo fosse certo e previsível, os preços seriam outros. A incerteza é o que permite o subpreço. É por isso que o Ibovespa não está em 200 mil pontos ainda.”
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