
Exposição Trabalhadores, exibida em no Sesi Lab, em Brasília – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O renomado fotógrafo e ativista Sebastião Salgado morreu, nesta sexta-feira (23), aos 81 anos. Além da qualidade estética, seus trabalhos ganharam o ao refletir diversas manifestações da injustiça social por meio de suas fotografias.
Nesse sentido, a exposição lançada em 2022 intitulada “Amazônia” expõe o ativista Sebastião Salgado. Segundo o fotógrafo, a Amazônia passou a ter um peso maior para o brasileiro a partir de 2019, com a chegada da pandemia de Covid-19.
“É verdade que tem um teor político importante. Não por causa do meu trabalho, é porque se transformou em um momento político muito forte. Até 2019, pouquíssimos brasileiros se interessavam pela Amazônia”, afirmou Salgado em entrevista ao Uol.
Assim, o ativista Sebastião Salgado afirma que as pessoas começaram “a descobrir que chegou um governo incendiário que começou a destruir a Amazônia e junto com ela destruir as populações indígenas.” A proteção aos povos originário entrou no noticiário e Sebastião reconheceu que o STF (Supremo Tribunal Federal) foi o principal responsável por garantir a sobrevivência de comunidades durante o período.
Além do STF, Salgado afirmou que o Exército sempre teve uma “imensa preocupação” com a floresta amazônica. As suas fotografias aéreas da região foram tomadas em um avião de uso militar. Apesar de reconhecer sua contribuição para a causa ambiental, o ativista Sebastião Salgado ressaltou que seu trabalho sempre refletiu a realidade em que estava inserido.
“O meu trabalho não ganhou caráter político agora. A minha fotografia, ela sempre esteve ligada ao momento histórico que eu vivi”, comentou. “Até o momento que meu trabalho entrou na causa ambiental. Ele entrou na causa ambiental, não porque eu quis, porque todos nós entramos na causa ambiental”, afirmou o fotógrafo ao Uol em 2022.

Trabalho do ativista Sebastião Salgado sempre foi político – Foto: _sebastião salgado Marcelo CamargoAgência Brasil
A política no trabalho do ativista Sebastião Salgado
O senso político do ativista Sebastião Salgado está relacionado, em parte, com a sua formação em Economia. Graduado pela Universidade Federal do Espírito Santo e com mestrado pela Universidade de São Paulo e doutorado na Universidade de Paris, Salgado nunca escondeu suas ideias ligadas ao campo progressista.
Antes de iniciar a fotografar profissionalmente, Sebastião Salgado saiu do país aos 29 anos devido ao recrudescimento do regime militar, em 1969. Casado com Lélia Wanick Salgado, eles se exilaram na França.
As primeiras fotografias de Salgado são da Revolução dos Cravos, em Portugal. Mas foi somente em 1973, segundo o próprio Salgado, que os registros fotográficos que ele fez na África quando trabalhava como secretário da Organização Internacional do Café (OIC) mudaram a sua carreira.

Mostra 50 anos da Revolução dos Cravos em Portugal, as primeiras fotografias de Sebastião Salgado, com curadoria de Lélia Wanick Salgado, no Museu da Imagem e do Som – Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Desde então, Salgado retratou a política por todo o seu trabalho. Em 1993, lançou Trabalhadores e em 2000 divulgou Migrações com fotografias que ampliaram o seu reconhecimento como fotojornalista. O meio-ambiente não entrou em suas exposições apenas em 2022, quando fez Amazônia.
Gênesis, por exemplo, reúne mais de 200 fotografias de vida selvagem, paisagens, paisagens marinhas e povos indígenas. A pesquisa e o registro das imagens duraram cerca de 8 anos para possibilitar uma amostra que sensibilizasse o público quanto a necessidade de preservação do meio-ambiente.

Abertura da Exposição Gênesis, do fotógrafo Sebastião Salgado, no Centro Cultural Banco do Brasil – Foto: José Cruz/Agência Brasil