Censo: Brasil tem 2,4 milhões de pessoas com Transtorno do Espectro Autista

Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o Brasil tem 2,4 milhões de pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O número corresponde a 1,2% da população total do país.

As informações inéditas foram levantadas durante a realização do último Censo, que incluiu uma pergunta sobre o tema pela primeira vez na história da pesquisa. Considerada um marco fundamental, a inclusão traz o conhecimento sobre características demográficas e geográficas dessa população, o que auxilia na criação de políticas públicas.

Do total de 2,4 milhões de pessoas autistas no Brasil, 1,4 milhão são homens e 1,0 milhão são mulheres. Em termos percentuais, a prevalência é de 1,5% para homens e 0,9% para mulheres.

Essa diferença de prevalência masculina é observada em todos os grupos etários até os 44 anos. O grupo com a maior prevalência de diagnóstico foi o de meninos de 5 a 9 anos, atingindo 3,8% da população masculina nessa faixa etária, enquanto entre as meninas da mesma idade foi de 1,3%.

Outro aspecto avaliado foi a educação. Os dados do Censo apontam que a taxa de escolarização entre as pessoas diagnosticadas com autismo é de 36,9%. O resultado é superior ao da população em geral, que é de 24,3%.

Essa diferença se mostra ainda mais acentuada entre os homens, com 44,2% dos homens autistas estudando frente a 24,7% do total masculino geral. Para as mulheres, as taxas foram de 26,9% para as autistas e 24,0% na população total.

Segundo as análises da equipe técnica do Censo, um dos fatores que explicam essa maior taxa de escolarização é a concentração da população com autismo em faixas etárias mais jovens, particularmente entre 6 e 14 anos, que historicamente apresentam altas taxas de matrícula escolar.

Ao analisar grupos etários específicos, as pessoas autistas também superaram a população geral nas taxas de escolarização. Entre 18 e 24 anos, o índice é de 30,4% contra 27,7% no total populacional. Acima de 25 anos o índice é de 8,3% para autistas e 6,1% na população em geral.

Mais 66% das pessoas autistas do Brasil estão matriculadas no Ensino Fundamental regular, totalizando 508 mil pessoas. O Ensino Médio regular concentrava uma parcela menor, 12,3%, com 93,6 mil estudantes. Esses dados indicam que a jornada escolar das pessoas com autismo tende a se concentrar nas fases iniciais da educação básica.

A proporção de estudantes com autismo em relação ao total de matriculados em cada curso mostrou que a Educação de Jovens e Adultos (EJA) teve o maior percentual, com 4,7% dos frequentadores. Esse percentual foi ainda mais elevado nas faixas de 15 a 17 anos (9,1%) e 18 a 24 anos (10,6%) na EJA. Em creches, 3,8% das crianças tinham diagnóstico de TEA.

Por outro lado, no Ensino Superior, o percentual cai para 0,8%. O dado pode refletir os desafios enfrentados para avanço nos níveis educacionais mais elevados, frente a barreiras de acesso, adaptação curricular e falta de suporte institucional adequado.

Apesar das taxas mais expressivas na escolarização geral, a distribuição por nível de instrução entre pessoas autistas de 25 anos ou mais revela um cenário desafiador. Mais de 46% estavam no grupo sem instrução ou com ensino fundamental incompleto, enquanto na população geral esse percentual é de 35,2%.

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