Trupi di Trapu leva teatro de bonecos a cidades gaúchas atingidas pela enchente

Para marcar seus 17 anos de trajetória, a companhia Trupi di Trapu Teatro de Bonecos inicia nesta sexta-feira (23) uma circulação regional gratuita com apresentações em dez cidades do Rio Grande do Sul que foram fortemente atingidas pela tragédia climática de 2024.

A ação propõe uma articulação entre arte, memória e reconstrução, levando três espetáculos diferentes a cada município: Bandele; O Lanceirinho Negro; e Carolina e Outras Vozes. Entre maio e novembro, estão previstas 30 apresentações.

A primeira cidade a receber o projeto é Lajeado, entre os dias 23 e 25 deste mês. os espetáculos também vão passar por Guaíba, Cachoeirinha, Gramado, Santa Maria do Herval, Santa Maria, Cachoeira do Sul, Rio Grande e Jaguarão.

Os espetáculos da Trupi di Trapu, premiados em festivais e mostras, dialogam com questões de diversidade, igualdade étnico-racial e a valorização da contribuição negra na formação da cultura gaúcha. A circulação também se propõe a fortalecer a implementação das Leis 10.639/03 e 11.645/08, que determinam a inclusão da história e cultura afro-brasileira e indígena nos currículos da educação básica.

Programação confirmada

Lajeado – 23 a 25 de maio

Santa Maria do Herval e Gramado – 13 a 15 de junho

Jaguarão e Rio Grande – 4 a 6 de julho

Guaíba – 28 e 29 de julho (dois espetáculos) e 17 de outubro (terceiro espetáculo)

Cachoeira do Sul e Santa Maria – 26 a 28 de setembro

Cachoeirinha – 7, 13 e 14 de novembro

Com linguagem acessível e montagens que misturam teatro, bonecos e música, a Trupi di Trapu reafirma sua aposta na arte como ferramenta de cuidado, educação e reconstrução coletiva em territórios fragilizados pela emergência climática.

Os espetáculos

Bandele, do livro homônimo da escritora Eleonora Medeiros e destinado ao público infanto juvenil, traz na sua essência elementos que estimulam e despertam o interesse pelo conto tradicional, o conto
enigma africano e a tradição griô. O menino Bandele, nascido longe de casa, bate seu tambor contando a trajetória de sua aldeia. Ele pede ajuda para os espíritos que moram no grande Baobá e protegem todas as histórias do mundo. O espetáculo é dirigido por Leandro Silva.

O Lanceirinho Negro, destinado ao público infantil, é a adaptação teatral do livro de mesmo nome da autora gaúcha Angela Maria Xavier Freitas. Dirigido e encenado por Mayura Matos, a peça conta a história do Lanceirinho, um menino que cresceu ouvindo de seu avô as histórias sobre os Lanceiros Negros. Seu orgulho à memória dos bravos Lanceiros o estimula a lembrar se constantemente da importância da liberdade e do poder da ancestralidade. O espetáculo nasce com o intuito de ampliar o debate acerca da importância dos lanceiros negros na história do Rio Grande do Sul, surgindo como uma possibilidade de conectar o público infantojuvenil aos aspectos culturais, sociais e históricos da cultura afro brasileira.

Carolina e Outras Vozes, destinado aos adultos, mescla o trabalho de atores, bonecos, formas animadas, projeções e musicalidades para contar um dia na vida de Carolina Maria de Jesus. Escritora, negra, favelada, catadora de papel, cuidou de seus filhos vivendo à margem da sociedade. Seus relatos, nos cadernos surrados que lhe serviam de diários, se transformou na grande obra literária “Quarto de Despejo Diário de Uma Favelada”, que inspira este espetáculo. A direção do espetáculo é de Alessandra Souza.

A companhia

A Trupi di Trapu Teatro de Bonecos foi criada em 2008, em Porto Alegre (RS), com foco na formação de público e na capacitação de educadores para o uso do teatro de bonecos em sala de aula. O nome do grupo reflete sua estética artesanal, marcada pelo reaproveitamento de tecidos em suas montagens.

O espetáculo de estreia foi uma adaptação de O Negrinho do Pastoreio, que permaneceu em cartaz por três anos. Desde então, a companhia já realizou cerca de sete montagens, além de oficinas e workshops em mais de 30 cidades no Brasil e no exterior. Em 2015, passou a explorar o teatro de caixa lambe-lambe, dando origem ao coletivo Caixa de Pandora. Hoje, a Trupi reúne mais de 20 profissionais, com compromisso com a diversidade e a inclusão.

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