Em meio a uma série de anúncios do governo Lula voltados ao aumento de gastos públicos, como o vale-gás e a Medida Provisória que amplia o subsídio na conta de luz, o mercado financeiro parece estar mais atento aos ventos externos do que aos riscos fiscais internos.
A avaliação é de Celson Plácido, CEO da AMW, que destaca a entrada consistente de capital estrangeiro como principal fator de sustentação da Bolsa brasileira neste momento. “O investidor estrangeiro está mais otimista do que o local. Estamos vivendo essa realidade aqui, então sentimos mais os impactos dessas medidas. Mas o fluxo externo tem sido determinante”, afirma.
Mercado já precificou os pacotes?
Questionado sobre a reação do mercado aos “pacotes de bondades” do governo, Plácido avalia que, embora haja impacto fiscal, o movimento de preços está mais relacionado ao cenário internacional. “Todo dia temos uma promessa de expansão fiscal, mas o principal fator de impulso tem sido a atratividade da Bolsa em dólar e os juros em queda lá fora”, aponta.
Segundo o CEO da AMW, mesmo com o problema fiscal sendo um entrave, o mercado brasileiro tem espaço para valorização. “Se resolvêssemos o fiscal ou ao menos encaminhássemos isso, estaríamos vendo um dólar a R$ 5 e o Ibovespa muito mais próximo dos 180 mil pontos”, projeta.
Plácido lembra que o investidor local ainda mantém baixa exposição à renda variável, o que limita o potencial de valorização interna. “A participação dos investidores em Bolsa está entre os menores níveis. Ainda assim, em um mês de alta, você pode capturar o equivalente ao rendimento da Selic no ano todo. O problema é que seguimos não fazendo o dever de casa”, alerta.
Fiscal continua como “calcanhar de Aquiles” do mercado
Mesmo com o otimismo do investidor estrangeiro, a falta de comprometimento com a responsabilidade fiscal ainda pesa. “O fiscal segue sendo o nosso calcanhar de Aquiles. O cenário externo está melhor e isso tem trazido capital, mas os problemas domésticos limitam a performance que poderíamos alcançar”, conclui Plácido.
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