‘Tortura é absolutamente inaceitável’, diz coordenador do Gaeco após vídeos de PMs repercutirem na internet


Vídeos mostram que três policiais estão envolvidos em agressões e asfixia de suspeitos em batalhão de Matelândia. Um dos PMs foi afastado domingo (21) e outros dois não estão mais na corporação. Coordenador do Gaeco repudia torturas cometidas policiais em batalhão de Matelândia
PM agride jovem dentro de batalhão da polícia em Matelândia
O coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Leonir Batisti, repudiou atos de tortura após vídeos de policiais militares do Paraná repercutirem na internet.
✅ Siga o canal do g1 PR no WhatsApp
✅ Siga o canal do g1 PR no Telegram
Em duas gravações, feitas em abril de 2017, mas que se tornaram públicas há poucos dias, pelo menos três militares estão envolvidos em cenas de agressão e asfixia de suspeitos dentro do batalhão de Matelândia, no oeste do estado.
“É preciso sempre nós vermos que estamos no século 21 e a tortura é absolutamente inaceitável. Deve ser punido, deve se buscar apurar e, na medida do justo, aplicar a punição.”
Entenda o que as gravações mostram
Sobre a ação dos policiais, o Ministério Público disse que dos dois casos filmados, um deles não era de conhecimento do órgão.
Nessa situação específica, um dos PMs, que ri da tortura e ajuda na ação, continua na corporação. O nome dele não foi divulgado pela Polícia Militar (PM-PR), mas a RPC apurou que ele é soldado.
Segundo a corporação, ele foi afastado. Leia mais abaixo.
Soldado que aparece na tortura de suspeitos foi afastado
Reprodução
“É acima do absurdo duas pessoas que estavam ali, a essa altura, sem nenhuma reação, e nitidamente, terem sido castigadas fisicamente”, falou Batisti sobre um dos vídeos.
O caso:
PM é afastado após vídeo de tortura repercutir na internet
MP diz que vídeo não tinha chegado ao órgão até repercutir
Jovens torturados relataram choque na garganta, asfixia e socos
O que diz a PM
O subcorregedor da Polícia Militar do Paraná (PM-PR), tenente-coronel Idevaldo de Paula Cunha Junior, afirmou que a corporação repudia as torturas praticadas.
“A Polícia Militar repudia esses atos de violência, repudia qualquer ilegalidade cometida pelos nossos policiais. A gente vai apurar e responsabilizar com rigor esses policiais”, disse o subcorregedor.
Ainda segundo o tenente-coronel, no caso do PM que continua na corporação, o policial afastado deve responder a um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) e a um Inquérito Policial Militar (IPM).
Leia também:
Investigação: Jovens torturados por PMs relataram choque na garganta, asfixia e socos
Novidade: Paraná já emitiu mais de 130 mil Carteiras de Identidade Nacional; veja como fazer
Marilândia do Sul: Geólogo descobre vulcão que existiu no Paraná há 134 milhões de anos
O tenete-coronel afirmou também que o policial pode responder criminalmente.
“Na esfera criminal, vai depender de todo processo criminal realmente do crime de tortura, que tem a previsão de até oito anos de reclusão, mas tem os agravantes, de ser agente público, mas ainda tem muitos fatos a serem apurados”, destacou o tenente.
Em nota, quando o caso veio à tona, a PM afirmou que “a ação ilegal e isolada de um militar estadual não reflete os valores e o profissionalismo da corporação, que se dedica diuturnamente à proteção e ao bem-estar da população paranaense”.
As gravações e os envolvidos
PM é afastado após vídeo de tortura dentro de batalhão repercutir na internet
Os dois vídeos se tornaram públicos no último fim de semana, a partir de publicações nas redes sociais.
Em um deles, o soldado, agora afastado, aparece na imagem, ri para a câmera, e em seguida ajuda a segurar um suspeito no batalhão. Enquanto isso, outro policial bate nos pés do rapaz com um bastão. O jovem chora.
No domingo (21), com a repercussão, a PM afirmou que afastou um policial que aparece rindo nas imagens.
PM é afastado após vídeo de tortura dentro de batalhão em Matelândia repercutir na internet
Reprodução
O outro então policial, que aparece na imagem cometendo a agressão, não está mais na corporação. Ele se chama Marlon Luiz do Santos.
Marlon aparece também em um segundo vídeo, onde dois jovens algemados, com as mãos para traz, são agredidos. Um deles está com uma luva cirúrgica na cabeça, sendo asfixiado.
Segundo denúncia do Ministério Público, Marlon submeteu o rapaz “a intenso sofrimento físico e psicológico”.
Vídeo de tortura dentro de batalhão em Matelândia repercutiu na internet
Reprodução
Neste vídeo, também está o ex-policial Rafael Stefano Lauersdorf de Souza.
Conforme a denúncia do MP, Rafael Stefano estava gravando a sessão de tortura. Em dado momento, ele questiona ao jovem se ele “gostou do saco”.
Em nota, a Polícia Militar afirmou que, na época, foram instaurados processos administrativo e criminal, que resultaram na exclusão de Marlon e Rafael da corporação e na condenação dos envolvidos.
Saída da PM e condenações
Conforme a PM, Marlon pediu baixa em 2019, respondeu a um inquérito e foi condenado a três anos e oito meses de cadeia por tortura.
Rafael Stefano, também de acordo com a PM, foi expulso e condenado a um ano e seis meses pelo mesmo crime.
Elyézer Rodrigues, responsável pela defesa de Stefano, afirmou que o ex-soldado está cumprindo a pena imposta e que, na época, prestou todos os esclarecimentos necessários.
O advogado Jefferson da Silveira Menezes, que representa Marlon, disse que o então soldado “participou ativamente do processo”, colaborando e prestando informações.
Corregedoria afasta mais um policial militar suspeito de tortura
Vídeos mais assistidos do g1 PR:
Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.