
No período de pandemia, muitos imóveis residenciais precisaram ser adaptados para uso como espaço de trabalho, mas nem sempre os gastos estavam previstos no orçamento. Uma pesquisa realizada pela Creditas em parceria com a Opinion Box, em agosto de 2024, revelou que 18% dos brasileiros já se endividaram por realizar reparos ou manutenções em casa.
Desde a modernização de ambientes até a ampliação de espaços ou a atualização de sistemas elétricos e hidráulicos, fazer mudanças estruturais exige planejamento e inteligência financeira. Uma alternativa para não se endividar é o crédito com garantia de imóvel (CGI) ou home equity.
Nessa modalidade, o proprietário utiliza o imóvel como garantia para obter crédito em condições melhores do que empréstimos pessoais ou rotativos. Segundo regra do Banco Central, o valor do empréstimo não pode ultrapassar 60% do valor de avaliação do imóvel, que é feita pela instituição financeira que concederá o crédito. “É uma solução que proporciona liquidez sem a necessidade de abrir mão do patrimônio, com prazos longos e juros mais baixos”, explica Guilherme Casagrande, educador financeiro da Creditas.

Juros e prazos
A Creditas é uma plataforma de serviços financeiros online, que já levantou mais de R$ 4 bilhões em equity home. Na empresa, as taxas partem de 1,09% ao mês, as concessões podem variar de R$ 50 mil até R$ 3 milhões, com até 90 dias para começar a pagar. “É uma solução estratégica que apoia o planejamento financeiro familiar e viabiliza a realização de projetos relevantes sem comprometer a saúde financeira, oferecendo segurança, flexibilidade e previsibilidade”, analisa Casagrande.
Garantia real
O home equity oferece juros menores porque o banco tem uma garantia real (um imóvel em nome do cliente), o que reduz significativamente o risco da operação. E quanto menor o risco, menor a taxa. “É o mesmo princípio do financiamento imobiliário: como há um bem de valor atrelado à operação, a instituição pode oferecer juros menores e prazos mais longos, que podem chegar a 20 anos”, analisa Ricardo Gava, diretor da Secovi/ES.

Liberdade para usar o dinheiro
Em geral, o home equity é utilizado para reformas, mas Gava lembra que o empréstimo pode servir para qualquer finalidade, como quitar dívidas, quer investir em um novo negócio, reformar um imóvel, comprar outro bem ou financiar projetos pessoais como viagens, educação ou reestruturação financeira.
“Essa modalidade pode ser contratada por pessoas com imóveis quitados ou ainda financiados. Também é possível usar imóveis de terceiros como garantia, desde que os proprietários estejam de acordo e assinem o contrato como anuentes”, explica. A contratação é sujeita à análise de crédito e capacidade de pagamento por parte do solicitante.
Riscos
O principal risco é não conseguir pagar as parcelas e acabar colocando o imóvel em risco de leilão. “Por isso, é essencial ter um bom planejamento financeiro, saber exatamente para que o recurso será utilizado e ter segurança de que conseguirá arcar com o compromisso. Também é importante lembrar que há análise de crédito, e o cliente precisa ter uma renda compatível com o valor das parcelas. É uma linha excelente, mas deve ser usada com responsabilidade”, orienta Ricardo Gava.
Burocracia simplificada

José Carlos Buffon, coordenador do comitê de conteúdo do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças no Espírito Santo (IBEF/ES), orienta que, além de reformar a casa, o home equity pode ser uma boa alternativa para pessoa ou empresa que precisa de uma crédito de longo prazo para quitar uma dívida alta, como cartão de crédito ou outro tipos de empréstimos com juros elevados. “A desvantagem é que o imóvel dado em garantia fica alienado a instituição financeira até a quitação do crédito”, alerta.
Quanto à burocracia, ele afirma que atualmente o processo de registro da garantia nos cartórios é bem rápido. “Podem existir alguns custos adicionais, como registro do contrato em cartório, mas isso pode ser negociado para que o agente financiador arque com o custo. O home equity é muito utilizado em outros países, principalmente nos EUA, e com o amadurecimento do mercado financeiro nacional vem crescendo no Brasil”, diz Buffon.