Tecnologia e educação: como formar profissionais para o mercado de blockchain

A rápida evolução tecnológica pode representar uma ameaça real para a segurança de sistemas blockchain, incluindo o próprio Bitcoin. Em entrevista ao BM&C Cryptocast, o professor Victor Hayashi, da faculdade de tecnologia Inteli, discutiu os desafios e oportunidades envolvendo blockchain, computação quântica e inteligência artificial no cenário educacional e de segurança digital. Segundo o professor, a computação quântica já é considerada uma ameaça potencial à criptografia assimétrica — base da assinatura digital usada em transações de blockchain. “Quando esses computadores se tornarem comercialmente viáveis, algoritmos quânticos poderão quebrar sistemas de segurança hoje considerados robustos, o que afeta diretamente redes como o Bitcoin”, alertou.

Hayashi destacou ainda que a transição para criptografias pós-quânticas é inevitável. No entanto, essa atualização traz desafios complexos, como a adaptação de carteiras digitais e o consenso entre os participantes da rede. “Atualizar o protocolo de uma blockchain como o Bitcoin exige que todos os nós da rede aceitem as mudanças. Não é algo simples”, explicou.

O papel da educação frente às novas ameaças na tecnologia

Professor na Inteli, Hayashi defende que a formação dos novos profissionais de tecnologia deve ir além do domínio de ferramentas. Na instituição, os alunos já trabalham desde o segundo ano com projetos reais de empresas, incluindo o desenvolvimento de soluções em blockchain e contratos inteligentes.

A gente ensina não apenas programação, mas também fundamentos de segurança da informação, finanças e arquitetura de sistemas. O aluno precisa entender o impacto do que está criando”, afirmou.

Tecnologia da Inteligência Artificial: aliada ou ameaça?

Durante o bate-papo, o professor também fez um alerta sobre o uso indiscriminado de inteligência artificial na criação de códigos, especialmente em ambientes sensíveis como os de smart contracts.

Se o desenvolvedor apenas copia e cola o que a IA gera, sem entender, ele pode estar inserindo vulnerabilidades sérias. Pior ainda se essa IA tiver sido contaminada com dados maliciosos”, afirmou Hayashi, mencionando o risco de ataques com códigos gerados por modelos de IA comprometidos.

Criptomoedas resilientes e o futuro do setor

Com o avanço da computação quântica, muitas criptomoedas atuais podem se tornar obsoletas caso não se adaptem. Hayashi acredita que novos projetos já nascem com preocupações de segurança quântica, o que pode gerar uma seleção natural no mercado de criptoativos.

É possível que vejamos uma consolidação em torno de poucas moedas, como Bitcoin e Ethereum, mas também a entrada de novas criptos desenvolvidas já com padrões quânticos em mente”, disse.

Apesar das incertezas, o professor ressalta que a educação crítica e multidisciplinar é o melhor caminho para mitigar riscos e preparar desenvolvedores para os desafios futuros. “O maior erro é acreditar que tecnologia, sozinha, resolve tudo. Sem discernimento, as ferramentas perdem o sentido”, concluiu.

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